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Mostrando postagens com o rótulo CGADB

Sem sintonia - o uso do rádio nas ADs

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Já se tratou neste blog sobre as complicadas relações entre as AD e as mídias eletrônicas. Ao verificar a quantidade de igrejas usuárias das redes sociais, alguns crentes do século XXI sequer imaginam como foi penoso o caminho percorrido até esses novos tempos de liberdade midiática.  As primeiras discussões na CGADB sobre o uso da rádio aconteceram em 1937. Dez anos depois, o missionário norte-americano Lawrence Olson iniciou os programas evangelísticos na Rádio Cultura de Lavras, MG. Em 1955, na Convenção Geral em Belém, foi levantado e orado sobre a possibilidade de as ADs conquistarem sua própria emissora de rádio. Através da revista A Seara , o uso da radiodifusão era incentivado. No periódico, as colunistas Cyléa Corrêa e Ivanilde Antunes tratavam do assunto com a divulgação de programas já existentes entre as igrejas e textos defendendo os benefícios de as ADs possuírem uma emissora de alcance nacional (ler aqui) . Inclusive, o missionário norte-americano Lawrence Olson tamb...

CGADB de 1955 - Comissão Conciliadora e Rádio

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Entre os dias 17 a 22 de outubro de 1955, realizou-se em Belém do Pará, a 14ª Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB). Era a segunda vez que a Igreja Mãe recebia os convencionais de todo o país (a primeira foi em 1936). O evento também ocorreu no clima de comemorações do Jubileu de Prata da Convenção Nacional fundada em 1930. Para a Mesa Diretora da histórica convenção foram eleitos os pastores: Francisco Pereira do Nascimento (presidente), Paulo Leivas Macalão (vice-presidente), Alcebíades Pereira Vasconcelos (1º secretário) e Eugênio Martins Pires (2º secretário). Da Mesa Diretora só Macalão da AD em Madureira, RJ, não da região Norte/Nordeste, os demais representavam os estados do Pará (Nascimento), Maranhão (Vasconcelos) e Rio Grande do Norte (Pires). Interessante que, dias antes, no dia 03 de outubro, os brasileiros foram às urnas para escolher o novo presidente da república, o mineiro Juscelino Kubitschek (JK). Porém, o clima de instabilidade política se estabel...

A sucessão em Belém, PA - "casamento" e "divórcio" (2ª parte)

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No dia 27 de janeiro de 1997, iniciou-se um novo tempo para a Assembleia de Deus (AD) em Belém do Pará. Nesta data, Firmino da Anunciação Gouveia (até então o sétimo pastor da igreja) entregou a liderança da igreja pioneira ao pastor Samuel Câmara. Como visto na postagem anterior (leia aqui) , a sucessão revelava que o “casamento” entre Gouveia e Câmara havia dado certo, mas por outro lado, acelerou o processo de “divórcio” entre a Igreja Mãe e a COMIEADEPA. Porém, desde que o pastor Gouveia anunciou (ou até antes disso) sua jubilação e oficializou o nome do sucessor, houve uma intensa movimentação de bastidores para tentar demovê-lo da decisão. Líderes assembleianos não queriam ver uma igreja de importância histórica ser entregue ao pastor Samuel Câmara. Aos 40 anos de idade, o acreano Samuel Câmara despontava como uma liderança jovem e de projetos arrojados na evangelização. Num tempo em que os pastores assembleianos ainda debatiam as velhas questões sobre o aparelho de TV, Câmara es...

A sucessão em Belém, PA - "casamento" e "divórcio" (1ª parte)

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O mês de março de 2025, será marcado por várias celebrações no contexto das Assembleias de Deus (AD) no Pará, ao centenário do pastor Firmino da Anunciação Gouveia. Nascido em Portugal em 25 de março de 1925, Firmino chegou ao Brasil com três anos de idade. Jovem converteu-se ao evangelho e na sua carreira ministerial foi alçado ao posto de pastor-presidente da AD em Belém, capital paraense.  Entre 1968 e 1997, Firmino, o sétimo, expandiu o campo eclesiástico abrindo novas congregações na capital, enfrentou crises, formou novas lideranças, presidiu a COMIEADEPA, construiu o atual templo-central da igreja, fundou um instituto bíblico e investiu pesado em mídias eletrônicas. Todavia, ao terminar a “Era Firmino” também findou a própria unidade das ADs no Pará. Não que as coisas estivessem às mil maravilhas. Ao não ser mais reconduzido à presidência da COMIEADEPA, e centralizar ainda mais seus poderes administrativos na Igreja-Mãe, o pastor Gouveia gradualmente distanciou-se dos seus p...

Jurisdição Eclesiástica - subsídios históricos (2ª parte)

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Na postagem anterior (ver aqui) , viu-se que o conceito de jurisdição eclesiástica ou campo, afetou o relacionamento dos Ministérios das ADs. Vários debates nas Convenções Gerais foram marcados por esse tema, também conhecido pejorativamente como “invasão de campo”. Em geral, o Ministério de Madureira, segundo a história oficial, estava no centro das discussões. A implantação de congregações ligadas ao pastor Paulo Leivas Macalão incomodavam outras ramificações assembleianas. Tanto, que na CGADB realizada em Santos, SP, em 1953, em meio às discussões sobre os trabalhos abertos no litoral paulista por Madureira, o pastor Alfredo Reikdal propôs a retirada do Ministério carioca de São Paulo, para ele “a base de toda a discórdia”. No caso específico do litoral paulista, Macalão negociou a entrega das igrejas para a AD em Santos. Mas a expansão das ADs, principalmente Madureira, se dava por várias regiões, nem sempre de forma organizada, pois nos primórdios cada crente era um evangelista e ...

Jurisdição Eclesiástica - subsídios históricos (1ª parte)

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Durante os debates nas Convenções Gerais das Assembleias de Deus (CGADB), um termo ficou consagrado: jurisdição eclesiástica ou “campo”. Segundo o historiador Isael de Araújo, campo “é a área de atuação de um Ministério” ou uma rede de congregações vinculadas a uma “igreja-mãe”. No desenvolvimento das Assembleias de Deus (ADs), os campos eclesiásticos formaram-se conforme expansão de determinada “igreja-mãe” ou “matriz”. Mas o rápido crescimento das igrejas gerou um dilema para os pioneiros: a “invasão de campo”, ou seja, alguns Ministérios extrapolavam os limites (em geral fronteiras geográficas) do “seu campo” para atuar em áreas onde já existia uma outra AD. A conhecida rivalidade Missão x Madureira deu-se nesse contexto. Um exemplo típico das polêmicas que atravessaram décadas de debates internos nas ADs foi o caso da cidade de São Paulo. A AD na capital paulista foi implantada em 1927, pelo pioneiro Daniel Berg, mas em 1938, o pastor Paulo Macalão abriu uma congregação ligada ao M...

Centenário da AD em Santos - "Era João Alves Corrêa"

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O nome que mais se destaca na história centenária da AD em Santos, SP, é o do saudoso pastor João Alves Corrêa (1914-2007). Entre 1962 a 1993, o antigo vice-presidente do memorável pastor Cícero Canuto de Lima do Belenzinho, liderou a igreja em sua fase de maior crescimento e expansão. Isso num período em que a cidade vivia as glórias do seu time de futebol e sentia a face mais dura da repressão do Regime Militar (1964-1985). Sua personalidade forte e a convicção de estar realizando a vontade de Deus, ajudaram-no a debelar a crise sucessória em Santos e enfrentar os preconceitos. Corrêa era um homem negro, numa igreja com um grupo elitizado e de vários sindicalistas entre os seus membros. Não era fácil ser pastor na AD pioneira no estado paulista. Pastor João Alves Corrêa: líder da AD em Santos (1962-1993) Esse contexto se confirmou quando ele enfrentou resistências do ministério local na decisão de comprar o terreno vizinho. Talvez pela oposição à compra do lote contíguo ao templo-sed...

Firmino, o sétimo - temperamental eu sou

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Na simbologia bíblica, sete é o número da perfeição e da plenitude. O pastor Firmino da Anunciação Gouveia foi o sétimo pastor (1968-1997) da AD em Belém e, até o momento, o mais longevo no pastorado. Mas pelo andar da carruagem, seu sucessor, o pastor Samuel Câmara, deverá ultrapassá-lo em breve. Quando assumiu a AD em Belém, em 1968, a cidade contava com aproximadamente 600 mil habitantes e a igreja possuía 12 filiais. Nesse momento, a metrópole da Amazônia já vivia o impacto da construção da Rodovia Belém-Brasília, que resultou na explosão demográfica vista nas décadas seguintes. Em 1997, quando Firmino deixou a liderança da igreja, o número de congregações refletia o crescimento expressivo da cidade, que estava na casa dos 1.200 mil habitantes. Em sua biografia constam mais de 154 congregações construídas sob sua gestão. Uma média de cinco templos edificados por ano. Em praticamente três décadas de pastoreio, Gouveia implantou um instituto bíblico chamado de “Escola de Profetas” en...

O Centenário da AD em Santos - início, expansão e crises

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A histórica cidade de Santos, no litoral de São Paulo, contava com 135 mil habitantes, quando em 1924, pentecostais vindos do Recife (PE) iniciaram o trabalho de evangelização no bairro da Ponta da Praia. No mesmo ano, o missionário sueco Daniel Berg desembarcou na região para fundar oficialmente a Assembleia de Deus (AD). Nestes cem anos de existência da igreja, a lém de Daniel Berg, lideraram a AD santista os pastores Jahn Sörheim, Clímaco Bueno Aza, Simon Lundgren, Olímpio Rodrigues, Clímaco Bueno Aza, Francisco Gonzaga da Silva, Francisco Paiva Figueiredo, Bruno Skolimowski, Geraldo Machado, Henrique Lelis Conceição, Eurico Bergstén, João Alves Corrêa e; por último, seu atual presidente, Paulo Alves Corrêa. Durante esse período, a congregação pentecostal passou do galpão da avenida Rei Alberto, Ponta da Praia, para a rua João Guerra, 266, local que ficava entre a área portuária e a zona da orla, no Macuco, um dos bairros mais tradicionais e, na época, mais populoso de Santos. Com a...

Pastor Gilberto Marques - de empresário a “peão de Jesus”

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A morte do pastor Gilberto Marques de Souza, presidente da Convenção Interestadual de Ministros e Igrejas Evangélicas das Assembleias de Deus do Pará (COMIEADEPA), aos 81 anos de idade, causou profunda comoção entre os líderes e membros das ADs em todo o Brasil.  Por mais de 30 anos o veterano obreiro presidia a COMIEADEPA e era aliado estratégico do pastor José Wellington Costa Júnior, presidente da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB), ocupando o cargo de 1º vice-presidente da instituição. Apesar de ter feito carreira ministerial no Norte do país, o saudoso pastor era mineiro da cidade de Frutal. Nascido numa família de 10 irmãos, Marques se converteu aos 12 anos de idade, em 1954, na cidade de Olímpia (SP). Logo sua casa tornou-se uma congregação da AD, sendo ele e seus familiares os primeiros membros da igreja local. Dois anos depois, recebeu o batismo no Espírito Santo.  Em janeiro de 1969, casou-se com Maria Alice Morais de Souza, com quem teve três ...

Censo IBGE 2022 e as Assembleias de Deus

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Foi amplamente divulgado neste início do mês de fevereiro, os dados do IBGE - Censo 2022, que o Brasil tem mais templos religiosos do que escolas e hospitais. São 580 mil espaços (próprios ou alugados) de diferentes tipos de religião contra 264,4 mil instituições de ensino e 247,5 mil unidades de saúde. Logicamente que nessa conta entram todos os locais de culto das mais variadas religiões e seitas implantadas pelo país. É fato também que, pelo seu gigantismo e capilaridade, as ADs contribuíram para essa marca interessante da sociedade brasileira.  Na história das ADs encontramos um bom exemplo que confirma essa afirmação, quando na Convenção Geral de 1940, na Bahia, os convencionais propuseram uma maior dedicação das igrejas “à evangelização das cidades do interior, já que ultimamente as igrejas estavam mais voltadas para o crescimento nas grandes cidades.” Na resolução da CGADB, os obreiros deveriam obedecer o chamado de Deus sem visar “o conforto” dos grandes centros, mas levar ...

Ministérios Hereditários - o caso da AD em Bento Ribeiro, RJ

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Quando o assunto sucessões familiares vêm à baila, muito se comenta sobre os Ministérios e Convenções mais conhecidas no Brasil (Belenzinho, Santos, Madureira, Belém do Pará). Como já se observou em outras postagens, alguns Ministérios são controlados por determinadas famílias há décadas. Porém, há um Ministério que desde a sua fundação no ano de 1945, é liderado por um só clã familiar: a AD em Bento Ribeiro, bairro da Zona Norte no Rio de Janeiro. Tudo começou quando um membro da Igreja Congregacional, Horácio da Silva, vivenciou a experiência pentecostal. A casa dos Silva era utilizada para os cultos da Congregacional desde 1930, mas depois de receber o batismo no Espírito Santo, Horácio resolveu começar em sua residência, na Rua Conde de Resende 306, uma congregação da AD. Utilizando a máquina de costura da esposa como púlpito, Horácio viu no primeiro culto em sua moradia uma pessoa aceitar a Jesus. Na segunda reunião, duas pessoas se renderam a Cristo, e na terceira mais sete; no q...