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Mostrando postagens com o rótulo Ministério de Madureira

A Escola São Paulo na Subúrbios em Revista

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A preocupação com a criação de instituições escolares dentro das Assembleias de Deus (ADs) é antiga. Em 1956, a revista A SEARA (novembro/dezembro), em seu editorial "As Assembleias de Deus e o problema educacional"  (leia aqui)  reconhecia os avanços da denominação com a criação de asilos e orfanatos, mas indicava poucos progressos nas questões de caráter pedagógicos. Segundo o periódico, poucas igrejas tinham educandários, enquanto outros Ministérios de elevado número de membros, infelizmente, não possuíam nem mesmo escolas primárias ou ginásios (nome dado ao antigamente ao atual ensino fundamental). Dentro desse contexto, o Ministério de Madureira estava na vanguarda das ações para implantar educandários evangélicos. No ano de 1951, o Mensageiro da Paz informava sobre a inauguração das novas instalações da "Escola São Paulo" na AD em Madureira, no Rio de Janeiro. Segundo o informativo, o pastor Paulo Macalão "há muitos anos desejava fundar uma escola, para b...

Jurisdição Eclesiástica - subsídios históricos (2ª parte)

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Na postagem anterior (ver aqui) , viu-se que o conceito de jurisdição eclesiástica ou campo, afetou o relacionamento dos Ministérios das ADs. Vários debates nas Convenções Gerais foram marcados por esse tema, também conhecido pejorativamente como “invasão de campo”. Em geral, o Ministério de Madureira, segundo a história oficial, estava no centro das discussões. A implantação de congregações ligadas ao pastor Paulo Leivas Macalão incomodavam outras ramificações assembleianas. Tanto, que na CGADB realizada em Santos, SP, em 1953, em meio às discussões sobre os trabalhos abertos no litoral paulista por Madureira, o pastor Alfredo Reikdal propôs a retirada do Ministério carioca de São Paulo, para ele “a base de toda a discórdia”. No caso específico do litoral paulista, Macalão negociou a entrega das igrejas para a AD em Santos. Mas a expansão das ADs, principalmente Madureira, se dava por várias regiões, nem sempre de forma organizada, pois nos primórdios cada crente era um evangelista e ...

Jurisdição Eclesiástica - subsídios históricos (1ª parte)

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Durante os debates nas Convenções Gerais das Assembleias de Deus (CGADB), um termo ficou consagrado: jurisdição eclesiástica ou “campo”. Segundo o historiador Isael de Araújo, campo “é a área de atuação de um Ministério” ou uma rede de congregações vinculadas a uma “igreja-mãe”. No desenvolvimento das Assembleias de Deus (ADs), os campos eclesiásticos formaram-se conforme expansão de determinada “igreja-mãe” ou “matriz”. Mas o rápido crescimento das igrejas gerou um dilema para os pioneiros: a “invasão de campo”, ou seja, alguns Ministérios extrapolavam os limites (em geral fronteiras geográficas) do “seu campo” para atuar em áreas onde já existia uma outra AD. A conhecida rivalidade Missão x Madureira deu-se nesse contexto. Um exemplo típico das polêmicas que atravessaram décadas de debates internos nas ADs foi o caso da cidade de São Paulo. A AD na capital paulista foi implantada em 1927, pelo pioneiro Daniel Berg, mas em 1938, o pastor Paulo Macalão abriu uma congregação ligada ao M...

Firmino, o sétimo - temperamental eu sou

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Na simbologia bíblica, sete é o número da perfeição e da plenitude. O pastor Firmino da Anunciação Gouveia foi o sétimo pastor (1968-1997) da AD em Belém e, até o momento, o mais longevo no pastorado. Mas pelo andar da carruagem, seu sucessor, o pastor Samuel Câmara, deverá ultrapassá-lo em breve. Quando assumiu a AD em Belém, em 1968, a cidade contava com aproximadamente 600 mil habitantes e a igreja possuía 12 filiais. Nesse momento, a metrópole da Amazônia já vivia o impacto da construção da Rodovia Belém-Brasília, que resultou na explosão demográfica vista nas décadas seguintes. Em 1997, quando Firmino deixou a liderança da igreja, o número de congregações refletia o crescimento expressivo da cidade, que estava na casa dos 1.200 mil habitantes. Em sua biografia constam mais de 154 congregações construídas sob sua gestão. Uma média de cinco templos edificados por ano. Em praticamente três décadas de pastoreio, Gouveia implantou um instituto bíblico chamado de “Escola de Profetas” en...

Macalão e os missionários suecos - cooperação ou cisão?

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Com as celebrações do Centenário das Assembleias de Deus (ADs) no Rio de Janeiro, uma antiga polêmica foi suscitada: o pastor Paulo Leivas Macalão (1903-1982) rompeu ou não com os missionários suecos para fundar seu próprio ministério? O surgimento do Ministério de Madureira foi um ato de rebeldia do jovem obreiro? Nas redes sociais, espaço amplo de debates, o tema gerou profundas divergências. Mas a celeuma não é nova, e sempre é levantada no contexto dos interesses eclesiásticos da maior denominação pentecostal no Brasil, que por sua vez é subdividida em vários ministérios concorrentes. Paulo Macalão, filho de um militar gaúcho, começou a frequentar a “Igreja do Orfanato” lá pelos idos de 1923. Em 1924, participou com outros pioneiros da implantação da AD em São Cristóvão, no Rio de Janeiro. Batizado nas águas por Gunnar Vingren, Macalão foi o segundo na lista do rol de membros da nova igreja. Também implantou a banda de música na congregação. EB da AD no RJ em 1929 - casal Vingren s...

Centenário da AD no RJ - homenagem à Frida Vingren

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No final da década de 1990, o sociólogo Gedeon Alencar em sua pesquisa de mestrado começou a ler e tabular os artigos do jornal Boa Semente e Mensageiro da Paz . Notou que o nome da esposa de Gunnar Vingren, o fundador das ADs no Brasil aparecia com destaque.  Frida Vingren escrevia, dirigia o jornal, pregava, ensinava, realizava cultos nas praças públicas e nos presídios e, na ausência do esposo, liderava a AD em São Cristóvão na cidade do Rio de Janeiro, antiga Capital da República no Brasil. Com tantas informações, Alencar se perguntou? Quem era essa mulher que veio sozinha da Suécia para casar com Gunnar Vingren e exercia tantas funções dentro da igreja, num tempo em que era vedado às mulheres o direito ao voto, mesmo nos países de legislação mais avançada. A mulher no Brasil, além de não votar, também não podia trabalhar fora sem autorização do marido e nem dirigir veículos automotores, pois o machismo contra a presença feminina na direção era muito grande. Segundo o Código C...

O caso Luís Fontes

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"A função do historiador é lembrar a sociedade daquilo que ela quer esquecer".   Peter Burke Durante a 50ª AGE da Convenção Nacional das Assembleias de Deus Ministério de Madureira (CONAMAD) realizada entre os dias 01 a 04 de maio de 2024, foi lançado o livro comemorativo dos 70 anos da Catedral Histórica da Assembleia de Deus em Madureira, no Rio de Janeiro. Como toda obra de história institucional, o nome dos pioneiros recebem destaque, juntamente com a liderança da igreja fundada pelo saudoso pastor Paulo Leivas Macalão. Personagens do passado e do presente são enaltecidos, mas há esquecimentos e omissões (deliberadas ou não). É o caso do pastor Luís Francisco Fontes (1930-2003). Convertido ao evangelho ainda na infância, Luis Fontes construiu, além de uma brilhante carreira profissional, um ministério frutífero na área do ensino. Em 1966, foi enviado para ser missionário em Arequipa, cidade próxima a Cordilheira dos Andes no Peru, onde permaneceu até 1972. Tempos depois r...

O Centenário da AD em Santos - início, expansão e crises

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A histórica cidade de Santos, no litoral de São Paulo, contava com 135 mil habitantes, quando em 1924, pentecostais vindos do Recife (PE) iniciaram o trabalho de evangelização no bairro da Ponta da Praia. No mesmo ano, o missionário sueco Daniel Berg desembarcou na região para fundar oficialmente a Assembleia de Deus (AD). Nestes cem anos de existência da igreja, a lém de Daniel Berg, lideraram a AD santista os pastores Jahn Sörheim, Clímaco Bueno Aza, Simon Lundgren, Olímpio Rodrigues, Clímaco Bueno Aza, Francisco Gonzaga da Silva, Francisco Paiva Figueiredo, Bruno Skolimowski, Geraldo Machado, Henrique Lelis Conceição, Eurico Bergstén, João Alves Corrêa e; por último, seu atual presidente, Paulo Alves Corrêa. Durante esse período, a congregação pentecostal passou do galpão da avenida Rei Alberto, Ponta da Praia, para a rua João Guerra, 266, local que ficava entre a área portuária e a zona da orla, no Macuco, um dos bairros mais tradicionais e, na época, mais populoso de Santos. Com a...

AD em São Cristóvão, RJ - surpresas no centenário

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Há cem anos, Gunnar e Frida Vingren organizaram a Assembleia de Deus (AD), em São Cristóvão, na Zona Central da cidade do Rio de Janeiro. A congregação implantada no antigo Distrito Federal, em pouco tempo expandiu-se pelas regiões próximas. Dessa expansão surgiu o Ministério de Madureira, liderado pelo jovem Paulo Leivas Macalão. Os principais missionários suecos no Brasil lideraram a AD carioca. Pastores pioneiros como Francisco Pereira do Nascimento, Alcebiades Pereira Vasconcelos, José Pimentel de Carvalho e Túlio Barros Ferreira em muito contribuíram para o crescimento do ministério. O Mensageiro da Paz, a CPAD, o CAPED e tantas outras belas iniciativas de evangelismo e missões tiveram na AD do Bairro Imperial suas origens. A igreja carioca foi essencial para modelar e expandir o pentecostalismo no país.  Porém a política eclesiástica destruiu a AD São Cristóvão. Com idade avançada, o então pastor da igreja Túlio Barros entregou a liderança em 2004, para o seu filho caçula Jes...

Sucessões pastorais - Ministérios Hereditários (parte 2)

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Família Malafaia - AD em Campo Grande, Rio de Janeiro Na década de 1930, a região de Campo Grande, na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, foi alvo dos esforços evangelísticos do pastor Paulo Leivas Macalão. No início eram apenas pontos de pregação pelo bairro até a abertura de um templo provisório para os fiéis congregarem.  Naquela época, a congregação era filial da AD em Bangu. Após a Segunda Guerra Mundial, em 1946, a abertura da Avenida Brasil facilitou o contato da região com o restante da cidade. Assim, na década de 1950, a igreja em Campo Grande passou a ser controlada diretamente pela AD em Madureira sob a supervisão do pastor Macalão.  Passaram pela direção da igreja os pastores Narbal Soares, Manoel Mendonça, Ludovico de Andrade, Florêncio Luiz Pereira, Ezequiel da Silva, Miguel Pastor e Otávio José de Souza. No ano de 1959, o pastor Paulo enviou um dos seus mais dinâmicos obreiros para assumir a liderança da AD em Campo Grande: o pastor Carlos Malafaia.  Ma...

O centenário nostálgico da AD carioca

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Em 2024, as Assembleias de Deus (ADs) na cidade do Rio de Janeiro comemorarão o seu centenário. Há quase um século, na agitada década de 1920, o casal de missionários Gunnar e Frida Vingren, junto com um grupo de irmãos, implantaram a AD carioca. Algumas movimentações neste sentido estão sendo feitas para que as celebrações sejam uma verdadeira apoteose. Todavia, a efeméride, infelizmente, terá um sabor maior de nostalgia, que eventos dessa natureza costumam ter, pois a AD no Rio, que tanta relevância tinha no cenário nacional, hoje pouca expressividade tem dentro do contexto assembleiano no Brasil.  Logo que foi criada, a igreja na antiga Capital da República tornou-se a principal referência do movimento pentecostal no país. Da AD carioca, reunida em São Cristóvão, na época um bairro industrial, saíram homens e mulheres, que, orientados pelos missionários suecos, fundaram congregações em várias regiões do Brasil.  Reflexo da importância das ADs na "Cidade Maravilhosa" foi a ...

Pentecostais na cidade do Rio de Janeiro - década de 1940

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Com a proximidade do centenário da Assembleia de Deus no Rio de Janeiro, a história da denominação no antigo Distrito Federal será cada vez mais revisitada. Novas informações poderão surgir para a alegria dos membros e pesquisadores da denominação. O blog Memórias das Assembleias de Deus também dará, nesta postagem, sua contribuição. No tempo em que o Jornal do Brasil (JB) trazia somente anúncios em sua primeira página, o engenheiro, geólogo, geógrafo, escritor, político e pedagogo Everardo Backheuser, conhecido como o pai dos estudos de Geopolítica no Brasil, escrevia para uma seção do periódico intitulada "Geografia Carioca". Nela, Backheuser discorria sobre as mais variadas questões sobre o clima, relevo e demografia da "Cidade Maravilhosa". Foi na edição de domingo, no dia  29 de setembro de 1946, que Backheuser trouxe aos leitores do JB dados exclusivos sobre o protestantismo carioca, que na época despontava como o segundo maior grupo religioso do Rio, com 46 ...