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Mostrando postagens com o rótulo Assembleia de Deus - RJ

Escola Bíblica da Guanabara - 1960

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Durante um mês (03 de maio a 03 de junho) realizou-se nas dependências da Assembleia de Deus (AD) em São Cristóvão, na cidade do Rio de Janeiro, a tradicional Escola Bíblica de obreiros com a presença de diversos pastores, evangelistas, presbíteros, diáconos e membros da igreja de diversas partes do país. Segundo o jornalista Emílio Conde, a Escola Bíblica reuniu representantes de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás, Ceará e do estado do Rio de Janeiro. Como sinal das mudanças políticas da época, Conde também registrou a participação de obreiros do recém-fundado Estado da Guanabara, onde estava o templo da AD em São Cristóvão. Era necessário agora nomear as coisas conforme a nova geopolítica nacional. Para recordar: o Estado da Guanabara nasceu em 1960, em consequência da transferência da Capital Federal do Rio para Brasília. Assim, o Rio de Janeiro, agora ex-capital da República, virou uma cidade-estado. Somente em março de 1975, houve a fusão entre ...

Jurisdição Eclesiástica - subsídios históricos (2ª parte)

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Na postagem anterior (ver aqui) , viu-se que o conceito de jurisdição eclesiástica ou campo, afetou o relacionamento dos Ministérios das ADs. Vários debates nas Convenções Gerais foram marcados por esse tema, também conhecido pejorativamente como “invasão de campo”. Em geral, o Ministério de Madureira, segundo a história oficial, estava no centro das discussões. A implantação de congregações ligadas ao pastor Paulo Leivas Macalão incomodavam outras ramificações assembleianas. Tanto, que na CGADB realizada em Santos, SP, em 1953, em meio às discussões sobre os trabalhos abertos no litoral paulista por Madureira, o pastor Alfredo Reikdal propôs a retirada do Ministério carioca de São Paulo, para ele “a base de toda a discórdia”. No caso específico do litoral paulista, Macalão negociou a entrega das igrejas para a AD em Santos. Mas a expansão das ADs, principalmente Madureira, se dava por várias regiões, nem sempre de forma organizada, pois nos primórdios cada crente era um evangelista e ...

Macalão e os missionários suecos - cooperação ou cisão?

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Com as celebrações do Centenário das Assembleias de Deus (ADs) no Rio de Janeiro, uma antiga polêmica foi suscitada: o pastor Paulo Leivas Macalão (1903-1982) rompeu ou não com os missionários suecos para fundar seu próprio ministério? O surgimento do Ministério de Madureira foi um ato de rebeldia do jovem obreiro? Nas redes sociais, espaço amplo de debates, o tema gerou profundas divergências. Mas a celeuma não é nova, e sempre é levantada no contexto dos interesses eclesiásticos da maior denominação pentecostal no Brasil, que por sua vez é subdividida em vários ministérios concorrentes. Paulo Macalão, filho de um militar gaúcho, começou a frequentar a “Igreja do Orfanato” lá pelos idos de 1923. Em 1924, participou com outros pioneiros da implantação da AD em São Cristóvão, no Rio de Janeiro. Batizado nas águas por Gunnar Vingren, Macalão foi o segundo na lista do rol de membros da nova igreja. Também implantou a banda de música na congregação. EB da AD no RJ em 1929 - casal Vingren s...

Centenário da AD no RJ - homenagem à Frida Vingren

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No final da década de 1990, o sociólogo Gedeon Alencar em sua pesquisa de mestrado começou a ler e tabular os artigos do jornal Boa Semente e Mensageiro da Paz . Notou que o nome da esposa de Gunnar Vingren, o fundador das ADs no Brasil aparecia com destaque.  Frida Vingren escrevia, dirigia o jornal, pregava, ensinava, realizava cultos nas praças públicas e nos presídios e, na ausência do esposo, liderava a AD em São Cristóvão na cidade do Rio de Janeiro, antiga Capital da República no Brasil. Com tantas informações, Alencar se perguntou? Quem era essa mulher que veio sozinha da Suécia para casar com Gunnar Vingren e exercia tantas funções dentro da igreja, num tempo em que era vedado às mulheres o direito ao voto, mesmo nos países de legislação mais avançada. A mulher no Brasil, além de não votar, também não podia trabalhar fora sem autorização do marido e nem dirigir veículos automotores, pois o machismo contra a presença feminina na direção era muito grande. Segundo o Código C...

AD em São Cristóvão, RJ - surpresas no centenário

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Há cem anos, Gunnar e Frida Vingren organizaram a Assembleia de Deus (AD), em São Cristóvão, na Zona Central da cidade do Rio de Janeiro. A congregação implantada no antigo Distrito Federal, em pouco tempo expandiu-se pelas regiões próximas. Dessa expansão surgiu o Ministério de Madureira, liderado pelo jovem Paulo Leivas Macalão. Os principais missionários suecos no Brasil lideraram a AD carioca. Pastores pioneiros como Francisco Pereira do Nascimento, Alcebiades Pereira Vasconcelos, José Pimentel de Carvalho e Túlio Barros Ferreira em muito contribuíram para o crescimento do ministério. O Mensageiro da Paz, a CPAD, o CAPED e tantas outras belas iniciativas de evangelismo e missões tiveram na AD do Bairro Imperial suas origens. A igreja carioca foi essencial para modelar e expandir o pentecostalismo no país.  Porém a política eclesiástica destruiu a AD São Cristóvão. Com idade avançada, o então pastor da igreja Túlio Barros entregou a liderança em 2004, para o seu filho caçula Jes...

Impressões sobre a AD carioca - por Lewi Pethrus

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No ano de 1930, o pastor Lewi Pethrus, líder da Igreja Filadélfia em Estocolmo, Suécia, veio ao país para participar da primeira Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB) realizada em Natal, RN. Sua presença na CGADB foi motivada por problemas internos da denominação. Em sua biografia editada pela CPAD, o líder sueco comentou esse momento de crise do movimento pentecostal nativo. Porém, outras opiniões sobre a obra no Brasil foram escritas por Pethrus. Na edição do mês de novembro de 1930, o Sanningens Vittne (Testemunha da Verdade) publicou uma carta do pastor escandinavo com interessantes impressões sobre a Assembleia de Deus carioca, no bairro de São Cristóvão, RJ. Na correspondência enviada ao periódico, Lewi contou que acompanhado de Gunnar Vingren, chegou ao Rio, numa terça-feira, 12 de agosto, “após uma viagem marítima de 22 dias”. Devido a fiscalização na alfândega, os dois pastores chegaram atrasados no culto à noite. Havia um clima de comoção na Cidade Maravi...

Sucessões pastorais - Ministérios Hereditários (parte 1)

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Como foi visto anteriormente, as sucessões pastorais nas ADs seguem um padrão: o líder ministerial de um campo eclesiástico é na prática o patrão da igreja/empresa. Com muitos obreiros (pastores, evangelistas, presbíteros e diáconos) assalariados sob seu comando, o pastor-presidente consegue impor o seu sucessor e indicar o candidato "oficial" para as eleições. Somado a isso, conta a importância de determinados pastores na convenção regional ou nacional da denominação, o que facilita as sucessões e a manutenção do status quo através da política do corporativismo. É um "toma lá dá cá" do qual todos se beneficiam. Exemplo disso são as vitaliciedades reconhecidas para alguns pastores e a garantia do continuísmo familiar com o consentimento da cúpula.  Vamos aos exemplos de sucessões familiares no Brasil: Família Corrêa - AD em Santos, a pioneira A AD em Santos, SP, foi implantada no ano de 1924, pelo missionário sueco Daniel Berg. Em fevereiro de 1962, o pastor João Al...

O centenário nostálgico da AD carioca

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Em 2024, as Assembleias de Deus (ADs) na cidade do Rio de Janeiro comemorarão o seu centenário. Há quase um século, na agitada década de 1920, o casal de missionários Gunnar e Frida Vingren, junto com um grupo de irmãos, implantaram a AD carioca. Algumas movimentações neste sentido estão sendo feitas para que as celebrações sejam uma verdadeira apoteose. Todavia, a efeméride, infelizmente, terá um sabor maior de nostalgia, que eventos dessa natureza costumam ter, pois a AD no Rio, que tanta relevância tinha no cenário nacional, hoje pouca expressividade tem dentro do contexto assembleiano no Brasil.  Logo que foi criada, a igreja na antiga Capital da República tornou-se a principal referência do movimento pentecostal no país. Da AD carioca, reunida em São Cristóvão, na época um bairro industrial, saíram homens e mulheres, que, orientados pelos missionários suecos, fundaram congregações em várias regiões do Brasil.  Reflexo da importância das ADs na "Cidade Maravilhosa" foi a ...

Pentecostais na cidade do Rio de Janeiro - década de 1940

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Com a proximidade do centenário da Assembleia de Deus no Rio de Janeiro, a história da denominação no antigo Distrito Federal será cada vez mais revisitada. Novas informações poderão surgir para a alegria dos membros e pesquisadores da denominação. O blog Memórias das Assembleias de Deus também dará, nesta postagem, sua contribuição. No tempo em que o Jornal do Brasil (JB) trazia somente anúncios em sua primeira página, o engenheiro, geólogo, geógrafo, escritor, político e pedagogo Everardo Backheuser, conhecido como o pai dos estudos de Geopolítica no Brasil, escrevia para uma seção do periódico intitulada "Geografia Carioca". Nela, Backheuser discorria sobre as mais variadas questões sobre o clima, relevo e demografia da "Cidade Maravilhosa". Foi na edição de domingo, no dia  29 de setembro de 1946, que Backheuser trouxe aos leitores do JB dados exclusivos sobre o protestantismo carioca, que na época despontava como o segundo maior grupo religioso do Rio, com 46 ...

Uma Assembleia de Deus na "sucursal do inferno"

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No Rio de Janeiro entre as décadas de 1950/60 uma pequena "Veneza" foi revelada pela imprensa: a comunidade da Praia das Morenas ou Moreninha. Espremida numa faixa de cinco quilômetros, que margeava a Avenida Rio Branco, as palafitas ficavam entre o Quartel do Marinheiros e a Fábrica Kelson’s, no bairro da Penha, na Zona Norte da cidade. A favela surgiu em 1948, com a chegada de oito famílias de pescadores e poucos anos depois, o local já contava com 500 famílias e mais 300 crianças vivendo em completo abandono. A miséria contrastava com a beleza da Baía da Guanabara, e o luxo dos carros em trânsito para os locais de veraneio. Retrato perfeito de uma cidade, onde riqueza e pobreza sempre andaram próximas.  Assim, sem esgoto, água tratada, sem atenção das autoridades competentes e muito menos assistência médica a "Veneza Carioca" resistia sem "condições de vida compatíveis com a dignidade humana" — afirmou o extinto jornal Diário da Noite . A escritora Rac...

A AD em Jacarepaguá - síntese histórica

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A Igreja Assembleia de Deus em Jacarepaguá - IADJ nasceu na década de 1970, no auge da Ditadura Militar e cresceu velozmente em plena reabertura política no Brasil. Sua consolidação veio nos tempos áureos de implantação do Plano Real e da estabilidade econômica. Entre tantos ministérios assembleianos, a IADJ era uma igreja referência na educação cristã. Seu início se deu em 1973, quando o Pastor Gilberto Malafaia foi procurado por alguns crentes metodistas insatisfeitos com a igreja onde congregavam. A proposta original do grupo era começar, de imediato, um novo trabalho em Jacarepaguá, bairro da Zona Oeste do Rio de Janeiro.  Na época, Malafaia frequentava com a sua família a AD na Penha, Zona Norte da cidade. Experiente, orientou os metodistas descontentes a pedirem cartas de transferências e se integrarem na igreja do tradicional bairro carioca. A proposta de abertura de uma congregação somente seria acertada depois da aceitação dos metodistas na Penha.  Vencida a primeira ...

Gunnar, Frida e Nyström - tempos conturbados

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O missionário Gunnar Vingren, juntamente com seu companheiro Daniel Berg chegaram ao Brasil, especificamente em Belém do Pará, no dia 19 de novembro de 1910. Sete meses depois, no dia 18 de junho de 1911, os suecos iniciaram o trabalho da Missão da Fé Apostólica, depois modificado para Assembleia de Deus (AD). A história é conhecida: a igreja formada apenas por alguns membros excluídos da Igreja Batista em Belém, sob a liderança de Vingren e Berg cresce e se expande por todo o país. Paralelamente, o apoio da Igreja Filadélfia, em Estocolmo foi fundamental. Lewi Pethrus, amigo de infância de Daniel Berg e grande líder do movimento pentecostal na Suécia, enviou missionários ao Brasil para consolidar a grande obra de evangelização. Entre eles, o casal Samuel e Lina Nyström. Família Vingren: o amargo regresso em 1932 Os Nyström chegaram ao Brasil em agosto de 1916. Samuel era um obreiro de extrema competência e foi pioneiro na abertura de vários trabalhos na região norte. No ano...