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Mostrando postagens com o rótulo CPAD

Adriano Nobre - o cancelamento histórico

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Quando A Seara foi lançada na década de 1950, adiantava-se na contracapa das futuras edições, os principais assuntos da próxima revista. Criava-se assim, uma boa dose de expectativas sobre os temas pautados pelos seus jovens editores da CPAD. Só para lembrar: a revista A Seara foi lançada em setembro de 1956, e tinha propostas que, se colocadas em prática, trariam maior abertura à denominação. No periódico eram debatidos assuntos polêmicos como institutos bíblicos e congressos de jovens; assuntos controversos para a época. Idealizada por Augusto Rocha, João Pereira de Andrade e Silva e Joanyr de Oliveira, A Seara teve uma excelente recepção no mercado evangélico. Nos registros oficiais, o novo produto da CPAD foi recebido com alegria. O pastor João Pereira, anos depois do lançamento do produto, relatou que a “felicidade de (quase) todos era imensa”. A falta de unanimidade sobre uma revista com boa tiragem e abrangência nacional, devia-se ao fato de alguns líderes assembleianos fica...

Ministérios Hereditários - o caso da AD em Bento Ribeiro, RJ

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Quando o assunto sucessões familiares vêm à baila, muito se comenta sobre os Ministérios e Convenções mais conhecidas no Brasil (Belenzinho, Santos, Madureira, Belém do Pará). Como já se observou em outras postagens, alguns Ministérios são controlados por determinadas famílias há décadas. Porém, há um Ministério que desde a sua fundação no ano de 1945, é liderado por um só clã familiar: a AD em Bento Ribeiro, bairro da Zona Norte no Rio de Janeiro. Tudo começou quando um membro da Igreja Congregacional, Horácio da Silva, vivenciou a experiência pentecostal. A casa dos Silva era utilizada para os cultos da Congregacional desde 1930, mas depois de receber o batismo no Espírito Santo, Horácio resolveu começar em sua residência, na Rua Conde de Resende 306, uma congregação da AD. Utilizando a máquina de costura da esposa como púlpito, Horácio viu no primeiro culto em sua moradia uma pessoa aceitar a Jesus. Na segunda reunião, duas pessoas se renderam a Cristo, e na terceira mais sete; no q...

O centenário nostálgico da AD carioca

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Em 2024, as Assembleias de Deus (ADs) na cidade do Rio de Janeiro comemorarão o seu centenário. Há quase um século, na agitada década de 1920, o casal de missionários Gunnar e Frida Vingren, junto com um grupo de irmãos, implantaram a AD carioca. Algumas movimentações neste sentido estão sendo feitas para que as celebrações sejam uma verdadeira apoteose. Todavia, a efeméride, infelizmente, terá um sabor maior de nostalgia, que eventos dessa natureza costumam ter, pois a AD no Rio, que tanta relevância tinha no cenário nacional, hoje pouca expressividade tem dentro do contexto assembleiano no Brasil.  Logo que foi criada, a igreja na antiga Capital da República tornou-se a principal referência do movimento pentecostal no país. Da AD carioca, reunida em São Cristóvão, na época um bairro industrial, saíram homens e mulheres, que, orientados pelos missionários suecos, fundaram congregações em várias regiões do Brasil.  Reflexo da importância das ADs na "Cidade Maravilhosa" foi a ...

Controvérsia - a primazia do batismo Espírito Santo no Brasil

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Na lição n° 09, da Escola Bíblica Dominical (EBD) do 1º trimestre de 2023, publicada pela CPAD, o comentarista Elinaldo Renovato aborda o tema "O Avivamento Pentecostal no Brasil". O objetivo da lição é claro conforme o plano de aula da revista dos professores: "Veremos como que o que ocorreu ao longo do livro de Atos dos Apóstolos, repetiu-se em terras brasileiras...". Com este intuito, o pastor Renovato repete de maneira sucinta os primórdios das ADs com a chegada de Daniel Berg e Gunnar Vingren a Belém do Pará em 1910, as resistências por parte das igrejas tradicionais a doutrina pentecostal e ao fato que causa controvérsias sendo motivo de disputa histórica: a primazia do batismo no Espírito Santo em terras brasileiras. Segundo o escritor, a irmã Celina Albuquerque creu na mensagem pentecostal e no ano de 1911 "recebeu o dom de Deus e, por isso, é considerada a primeira brasileira batizada no Espírito Santo em nosso país.". Para os estudiosos da histór...

Revisitando as Convenções Gerais - de 1987 a 1997

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Está confirmado: na 45ª Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB) prevista para abril de 2021, em Cuiabá, Mato Grosso, o pastor José Wellington da Costa Júnior será reconduzido à presidência da instituição, por aclamação. A chapa do atual presidente da CGADB foi a única inscrita no prazo legal. Como não surgiram concorrentes, a aclamação será inevitável. Desde que o pai do pastor Wellington Júnior chegou ao poder na CGADB, em maio de 1988, já se realizaram 14 Convenções Gerais, sempre com vitória do grupo comandado pelo líder da AD do Ministério de Belém em São Paulo. Portanto, se confirmada a aclamação e posse do pastor Duéliton, serão mais de três décadas de continuidade na CGADB e controle da Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD), empresa que reforça a linha doutrinária e política do status quo dominante.  Para melhor compreender a permanência do  establishment , é importante, ainda que de forma sucinta, revisitar as convenções anteriores e perceb...

Silas Malafaia - a contradição gospel (2ª parte)

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Silas Lima Malafaia desperta sentimentos contraditórios e as redes sociais estão ai para provar isso. Herdou, do pai e dos tios, o temperamento forte e do sogro recebeu a AD na Penha, bairro de classe média da cidade do Rio de Janeiro. No começo da década de 1980, o jovem pregador começou o seu programa na televisão, quando o aparelho ainda era um tabu na denominação. Quando fundou a Central Gospel em 1999, o contexto da economia internacional favorecia os países emergentes como o Brasil. A alta das commodities (mercadorias produzidas em larga escala e que podem ser estocados sem perda de qualidade, como petróleo, suco de laranja congelado, boi gordo, café, soja e ouro) gerava caixa para o governo federal investir em obras públicas e programas sociais. Houve uma enorme expansão do consumo através do acesso ao microcrédito a pessoas físicas. Nesse ambiente favorável aos negócios, a empresa de Malafaia prosperou. Seu programa ganhou mais audiência e ajudava na divulgação dos prod...

Silas Malafaia - a contradição gospel (1ª parte)

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Criada em 1999, a Central Gospel, empresa controlada pelo pastor Silas Malafaia "comemora" de forma amarga esse ano seu 20º aniversário de fundação ao pedir recuperação judicial. Um duro revés para uma família que tem uma longa trajetória de influência na área editorial. O pai de Silas, o pastor Gilberto Malafaia por muitos anos exerceu cargos da CGADB e na CPAD. A mãe, por sua vez, a professora Albertina Malafaia, colaborou na estruturação pedagógica das revistas da escola dominical, principal produto da editora. Atribui-se a Malafaia pai, o desligamento em 1989, do então diretor de publicações da CPAD, Nemuel Kessler devido a séria divergências envolvendo Albertina. O poderio dos Malafaia na CPAD, demonstrava-se não só na blindagem dos seus membros na empresa, o que causou a demissão de Kessler, mas no fato de alguns interesses familiares serem contemplados. Exemplo disso, eram as compras que a Casa fazia dos livros da JUERP, na época patrocinadora do programa tele...

CGADB, CONAMAD, CADB - memórias e símbolos em disputa

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A Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB), a Convenção Nacional das Assembleias de Deus Madureira (CONAMAD) e a Convenção da Assembleia de Deus no Brasil (CADB) são instituições congêneres que competem entre si na grande comunidade assembleiana. A rivalidade entre as convenções não se dá somente na área dos poderes terrenos e eclesiásticos. Há também uma intensa disputa pela memória assembleiana e os símbolos que a representam. Nos últimos anos, essa rivalidade ficou mais explícita, principalmente entre as lideranças da CGADB e da recém-criada CADB. A saída da CONAMAD da CGADB em 1989 também gerou turbulências. Mas, no campo da memória, o Ministério de Madureira é muito mais direcionado para o mito do pastor Paulo Leivas Macalão, seu fundador e líder por mais de cinco décadas. Painel colocado no aeroporto de Belém: disputa pela memória  Todavia, na década de 1990, Madureira quase sofreu um abalo, quando o pastor da AD em Bangu, Ades dos Santos, ...

Os 25 anos de Ronaldo Rodrigues de Souza na CPAD

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Comemorou-se nesse mês de março de 2018, nas dependências da Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD), no Rio de Janeiro, os 78 anos de criação da Editora, e os 25 anos de liderança do seu Diretor Executivo, Ronaldo Rodrigues de Souza. Ronaldo, dentro da história da CPAD, é o seu 11º Diretor Executivo e com 25 anos de Casa, o publisher é também o mais longevo no cargo. Uma função, que por lidar diretamente relacionada com à liderança nacional das ADs, sempre foi mais do que complexa. Não é de hoje, que o jogo de interesses e à política convencional, mais que interferem na administração da CPAD. O saudoso pastor Armando Chaves Cohen, 6º administrador da Editora comentou em suas memórias: "nada fiz, não só por de minha própria deficiência, como pelas circunstâncias". Cohen, ainda ao referir-se às "circunstâncias" que a CPAD atravessava, declarou: "a eternidade revelará melhor". Por isso, a CPAD, verdadeira "caixa preta" ...

Retrospectiva 2017 - CPAD: lucro e interesses

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A perpetuação establishment da CGADB em 2017, diretamente também consolidou a permanência do comando administrativo da Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD). Desde 1993 no cargo (uma longevidade nunca antes vista na função), o atual diretor-executivo da CPAD, Ronaldo Rodrigues de Souza dirige a editora com mão de ferro. Mas a aposta em Rodrigues deu resultados: a cambaleante CPAD, hoje é uma empresa sólida e lucrativa. Porém, mais do que nunca, a histórica editora foi instrumentalizada para garantir interesses e eliminar pluralidade de ideias ou questionamentos políticos. Um bom exemplo disso foi a 84ª Assembleia Geral Ordinária (AGO) da Convenção de Ministros das Assembleias de Deus no Estado de São Paulo e Outros (COMADESP). Seu presidente, o pastor Carlos Roberto da Silva concorreu na chapa opositora nas eleições da CGADB nesse ano. Resultado: a CPAD ignorou o evento presidido pelo pastor Carlos. Quem marcou presença e investiu na convenção foi a Editora Vida. Um inte...

Retrospectiva 2017 - tudo como dantes no quartel da CGADB

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O ano entrou na expectativa de mais uma eleição para à Mesa Diretora da CGADB. Depois de quase três décadas no comando da instituição, o pastor José Wellington Bezerra da Costa não concorreria à presidência da Convenção Geral. Porém, seu filho e vice-presidente no Ministério do Belenzinho (SP), e presidente do Conselho de Administração da CPAD, o pastor José Wellington Bezerra da Costa Júnior concorreu ao cargo. Na disputa, em oposição ao status quo dominante, o pastor Samuel Câmara. Para constrangimento geral dos assembleianos, foi a eleição mais judicializada da história da CGADB. Em tempos de internet e redes sociais, cada capítulo do pleito foi acompanhado e comentado por milhares de internautas. Depois de muito suspense, de idas e vindas na justiça, Wellington Júnior assumiu o cargo. Wellington pai foi eleito para a presidência do Conselho da CPAD. No fim das contas, ficou "tudo como dantes no quartel d’Abrantes”.

Ruptura na CGADB (2ª parte)

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A primeira grande ruptura institucional na CGADB, aconteceu no fim dos anos 80, com a suspensão do Ministério de Madureira. O Brasil vivia a chamada "década perdida" do ponto de vista econômico, mas muitos avanços democráticos com o fim do Regime Militar (1964-1985). No mesmo período as ADs mergulharam na política partidária com candidatos próprios à Assembleia Nacional Constituinte. Só para lembrar: o Ministério de Madureira, desde os anos 20, sob à liderança de Paulo Leivas Macalão avançava nas regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. Na década de 1950, Madureira já se firmava como um ministério inter-regional e de grande visibilidade política. Nessa época surgem as polêmicas sobre as "invasões de campo" ou do eufemismo "jurisdição eclesiástica". O crescimento e consolidação dos Ministérios assembleianos, e os projetos de expansão eclesiástica muitas vezes chocavam-se entre si. Madureira quase sempre estava no centro das controvérsias. Com ...

Ruptura na CGADB e suas histórias (1ª parte)

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As Assembleias de Deus no Brasil estão em polvorosa. O anúncio do desligamento dos pastores Jônatas Câmara (AD Manaus), e Samuel Câmara (AD Belém/PA) foi o assunto mais comentado nos sites e redes sociais. Junto com os irmãos Câmara, os líderes das ADs em Macapá (AP) também divulgaram a mesma decisão. A decisão dos líderes assembleianos anunciada recentemente, torna-se assim, a maior ruptura denominacional desde a suspensão do Ministério de Madureira em 1989, e é mais um capítulo da história de uma instituição (CGADB), que já nasceu em 1930 sob o estigma da divisão. Divergências sobre o ministério feminino, transferência dos templos e da liderança da Missão Sueca para os brasileiros foram os pontos mais polêmicos da primeira Convenção Geral. Nem mesmo a história oficial assembleiana disfarça, que ao longo de todos esse anos, a CGADB foi palco dos mais diversos confrontos. Conforme cresciam as ADs, os embates também surgiam com mais força. Jurisdição eclesiástica, rejeição ao u...

AD em Santos - arrebatamentos e desentendimentos

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As posições e práticas do pastor da AD em Santos, Paulo Alves Corrêa foram muito mal recebidas pelos líderes assembleianos em 1997. A entrevista publicada pela revista A Seara , além de causar muitos debates, provou desgaste ao líder santista. Tempos depois, o s comentários negativos sobre as manifestações da "nova unção" forçaram a diretoria da Convenção dos Ministros das Assembleias de Deus no Estado de São Paulo e Outros (COMADESP), a agendar uma reunião no templo sede da AD santista no dia 20 de fevereiro de 2004. O então vice-presidente da Convenção, José Ezequiel da Silva, ao abrir o encontro, expressou seu respeito ao líder da igreja, mas reconhecia que as controvérsias em torno dos estranhos acontecimentos estavam fora do controle. Prejuízos ao ministério e a COMADESP eram inevitáveis. Pastor Corrêa: reunião tensa com a COMADESP Pastor Ezequiel ressaltou, que mesmo sendo um assunto interno e de exclusiva competência da AD local, o tema estava sendo tratad...

CGADB - todos contra todos

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Superado os problemas da primeira CGADB, a liderança assembleiana foi tentando acomodar suas divergências. Os pastores brasileiros, gradativamente, foram conquistando seu espaço nas principais igrejas. Os suecos ainda mantiveram sua influência teológica, mas a tão almejada harmonia seria um sonho dentro das ADs. Primeiro, porque transposto os problemas iniciais, outras questões surgiram ou se avolumaram. A cooperação dos missionários norte-americanos e seus projetos de utilização de novas mídias e a criação de institutos bíblicos, tornaram-se mais um ingrediente nas polêmicas convencionais. Mas é muito evidente, até na história oficial, que a expansão dos ministérios, principalmente o de Madureira, foi um dos principais fatores de constantes intrigas entre os obreiros. Silas Daniel no livro História da CGADB , nomeia esse tempo crítico de "período de intensos debates". CGADB em Santo André (SP) - 1975 Porém, justiça se faça: não foi só por causa de Madureira...