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Mostrando postagens com o rótulo Liderança

Assembleias de Deus - feudalismo e nobreza

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Em 1994, o sociólogo Paul Freston escreveu que as Assembleias de Deus possuía um sistema de governo "oligárquico e caudilhesco". Observou a concentração de poder na "complexa teia de redes compostas de igrejas-mães e igrejas e congregações dependentes". Seria, segundo ele, um "sistema de feudos", cujo propósito era conservar o poder e a expansão do ministérios. Há evidentemente, outras tentativas e formas de explicar as ADs. Mas a comparação com o sistema de feudos, talvez seja uma das mais adequadas. As ADs atualmente, em suas práticas litúrgicas e honras ministeriais, em nada fica a dever à antiga forma de governo medieval. Somente para relembrar: o feudalismo surgiu em parte da Europa (séculos V ao X), onde o poder se baseava na posse da terra também chamada de feudo. A sociedade era estamental, ou seja, cada classe social era fixa em suas atribuições e deveres. No entendimento da época, a nobreza, e tão somente ela, podia governar. O clero det...

Aniversário de pastor - críticas de João de Oliveira

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Há eventos dentro das Assembleias de Deus, que de tanto tempo instituídos até parecem ser uma "obra da natureza", ou seja, uma tradição inquestionável. O sociólogo  Gedeon Alencar, em seu livro " Matriz Pentecostal Brasileira", destacou que no período de 1946 a 1988, consolidou-se dentro das ADs as tradições. Práticas essas (citando o historiador Éric Hobsbawn) "inventadas" para, em geral, consolidar algum interesse. Porém, naquelas décadas de crescente institucionalização assembleiana, ainda havia espaço para contestações nos periódicos da CPAD. Alguns pioneiros sempre se manifestavam sobre determinados temas através do Mensageiro da Paz ou da revista A Seara . Bons debates foram travados na imprensa denominacional, onde os diversos pontos de vista eram explicitados.  Um dos questionamentos que veio a público, foi algo muito popular hoje em dia nas igrejas: as comemorações de aniversário dos pastores. E ironicamente, a objeção veio nas página...

José Menezes - Está Errado

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O Pastor José Menezes (1896 - 1972) foi um dos pioneiros das ADs no Norte e Nordeste do Brasil. Liderou várias igrejas, convivendo com os missionários suecos e os pastores mais antigos da denominação. Também produziu muito na área literária: entre 1960 a 1973 comentou as Lições Bíblicas da Escola Dominical (CPAD) e escreveu muitos artigos doutrinários para o Mensageiro da Paz. Em um desses artigos, publicado na coluna intitulada Está Errado no MP (1ª quinzena de abril de 1969), Menezes fez fortes criticas aos chamados "pastores regionais". Os "pastores regionais", segundo o jornalista Geremias Couto, era uma titulação muito comum no Nordeste para designar os líderes que supervisionavam as igrejas de um estado ou região. No passado, os mais conhecidos a desempenhar essa função foram os pastores José Teixeira Rêgo do (CE) e Estevam Ângelo de Souza (MA). Atualmente em Pernambuco, o Pastor Aílton José Alves lidera dessa forma. Pastor Menezes: críticas ao pastor region...

Manoel Francisco da Silva - um pioneiro em Madureira

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* Por André Silva Manoel Francisco da Silva, nasceu no 14 de abril de 1895, na pequena cidade de Paty do Alferes (RJ), e desde cedo se dedicou inteiramente a Obra do Senhor, pois nascera em lar cristão. Seus pais, Jacinto Neres da Silva e Jovelina Maria da Conceição eram membros da Igreja Irmãos Unidos. Porém, como todo rapaz do interior sonha com a cidade grande, Manoel veio para o Rio de Janeiro tentar uma vida melhor. Tendo chegado ao ano de 1930, com até então sua pequena família, passou a freqüentar a Igreja Irmãos Unidos, e depois a Igreja Congregacional em Bangu. Até que, ouvindo a poderosa mensagem pentecostal no dia 3 de janeiro de 1932, uniu-se a Assembleia de Deus em Bangu. No dia 20 de fevereiro de 1932, foi Batizado com o Espírito Santo, e no dia 28 de fevereiro do mesmo ano, passou pelo batismo nas águas. Tornou-se um grande evangelizador, sempre acompanhado de seu trombone de inteira dedicação à Obra de Deus. Paulo Macalão viu em Manoel Francisco um dinâmico ...

Perfil - Antônio Negreiros

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Quem viu aquele simples garoto aos 10 anos de idade, moreno e franzino, aceitar a Jesus juntamente com a sua mãe na congregação da Assembleia de Deus de Monte Castelo, em Teresina - Piauí, no ano de 1973, sequer imaginaria os caminhos que percorreria no ministério e seria um conhecido pastor da igreja. A Assembleia de Deus entrou na história da família Negreiros quando em 1952, a bisavó de Antônio, dona Maria Luíza Negreiros com o esposo e filhos aceitaram a Cristo em um culto realizado em sua casa. Tempos depois, dona Maria resolveu presentear o neto Francisco (pai de Antônio) com um exemplar da Bíblia quando ele ainda era um adolescente. Anos depois, aquela semente germinaria, pois já adulto e casado, o neto de dona Maria iria levar sua própria família ao evangelho. Assim, aos 10 anos de idade, o bisneto da anciã começava a dar seus primeiros passos no movimento pentecostal. Iniciou seus trabalhos na igreja como professor da Escola Bíblica Dominical. Depois foi tesoureiro, sec...

CGADB de 1987 - a eleição

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Descrita como "monumental" e "a maior de todas" por um dos seus participantes, a CGADB de 1987 entrou para a história das Assembleias de Deus, infelizmente, como a manifestação de um monumental conflito entre os Ministérios da Missão e Madureira. No dia 20 de janeiro no Centro de Eventos em Salvador (BA) ocorreu a eleição da nova Mesa Diretora da CGADB. Antes mesmo da votação, alguns líderes já manifestavam que as tentativas de novamente se chegar a um acordo não seriam possíveis. Havia um exacerbado clima de rivalidade, e o discurso de união já estava sendo abandonado para frases cuidadosamente construídas, as quais, lidas dentro do contexto histórico apontava para as incontornáveis dissenções assembleianas.  Pouco antes da votação, o pastor Luiz Bezerra da Costa, falou em "não ter favoritismo, mas esperava que a unidade permanecesse intacta". O irmão de José Wellington, como bom político, adotava o discurso da neutralidade. Mas era evidente em s...

CGADB de 1987 - a busca pela (des) união

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Na postagem anterior, se observou que a CGADB de 1987 foi desastrosa para a unidade das ADs. Esse encontro convencional, com certeza foi um dos últimos capítulos da conturbada convivência entre os ministérios ligados a Missão e Madureira. Mas quais teriam sido as cenas finais dessa tumultuada relação? Primeiro é bom lembrar que, a aclamação da famosa "chapa do consenso" na CGADB de 1985, a qual foi resultado de um acordo das lideranças para contornar uma possível divisão, era tão somente um sinal da precária harmonia das ADs. Após a ratificação da "chapa do consenso", uma das matérias de destaque do Mensageiro da Paz (janeiro de 1985) sobre a Convenção Nacional intitulada "Preservada a unidade nas Assembleias de Deus" denunciava o clima de desunião entre os convencionais. Chapa do consenso: manobra para contornar divisão nas ADs Um ano depois, outra reunião de pastores preconizaria um forte confronto de lideranças. Alcebiades Pereira Vasconcelo...

CGADB de 1987 - um desastre para a unidade da igreja

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Centro de Convenções, Salvador, Bahia. Foi nesse local que, entre os dias 19 e 23 de janeiro de 1987, a CGADB realizou uma das mais disputadas convenções de sua história. Nesse conclave, o Ministério de Madureira e os representantes da Missão travariam um embate acirrado. Apesar de historicamente ser um fato recente, o evento ainda é cercado de polêmicas e versões desencontradas. Mas, em um ponto há algo nessa CGADB, que é inegável: o conflito de interesses, os quais colocaram as lideranças da Missão e Madureira em forte antagonismo, mesmo que em anos anteriores as tentativas de conciliar as divergências tenham sido constantes. MP de 1987: CGADB desastrosa para a unidade das ADs É fato que, depois do falecimento de Paulo Leivas Macalão em 1982, as cobranças sobre Madureira se intensificaram. Tido como expansionista Macalão e seu ministério eram vistos com reservas por muitos pastores da AD. Freston fala que a morte de Macalão "foi o sinal para que os outros líderes a...

Manoel Ferreira e José Wellington - caminhos cruzados

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Na 4ª Escola Bíblica Nacional (EBN) da CGADB, em  setembro de 2014, na  Assembleia de Deus em Uberlândia (MG), ocorreu um encontro memorável. O Bispo Primaz Manoel Ferreira (presidente da CONAMAD) foi homenageado. No mesmo evento, Ferreira congratulou-se com o Pastor José Wellington Bezerra da Costa (presidente da CGADB). Divulgadas amplamente nas redes sociais, a homenagem serve para refletir sobre a  vida e trajetória dos dois aclamados líderes assembleianos, que apesar das gentilezas e sorrisos trocados, há 25 anos chegaram a um ponto de discordância insuperável. Turbulências no passado, amizade no presente Líderes de ramos assembleianos divergentes, Manoel Ferreira e José Wellington possuem muitos pontos em comum. Nascidos na década de 1930, os dois são de origem nordestina, mas com vida profissional e familiar construídas em São Paulo. Ambos foram ordenados ao pastorado nos anos 60 e chegaram ao topo em seus ministérios na década de 1980. Os filhos dos dois ...

Assembleia de Deus no Ceará: cisão e turbulência

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Em 2014 a Assembleia de Deus no Estado do Ceará comemorará seu centenário. O movimento pentecostal em terras cearenses começou com o trabalho de evangelização de uma mulher. Maria de Jesus Nazareth, no ano de 1914 pregou aos seus familiares e conhecidos na Serra de Uruburetama.  Posteriormente o trabalho, entre altos e baixos se expandiu, chegando à capital Fortaleza em 1923. Entre os primeiros líderes da igreja estão nomes de renome da AD: Antônio do Rego Barros, Bruno Skolimowski e Julião Pereira da Silva. Mas o grande nome de destaque desse período foi o do pastor José Teixeira Rego. Quando assumiu a igreja definitivamente no dia 1º de maio de 1932, o trabalho contava apenas com 42 membros em comunhão e 11 congregados. Na sua administração, a obra se desenvolveu adquirindo um espaço próprio para realização dos cultos e, 10 anos depois de sua posse, a igreja contava com 1.450 membros na capital e mais 4.000 espalhados pelo interior cearense. Luiz Bezerra da Costa: um perf...

CGADB de 1985: um pouco além da história oficial

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A história trás respeitabilidade e legitimidade a uma instituição, seja ela política, financeira, empresarial ou religiosa. Sendo assim, todo grupo institucional procura não só contar sua história, mas também controlá-la. E nesse processo, selecionam-se as informações, omitem-se outras, e na construção da narrativa histórica procura-se dar um tom edificante e moralista para os fatos que serão escritos e perpetuados no imaginário coletivo.  Com as Assembleias de Deus no Brasil não é diferente. Com as proximidades do centenário, e de outras datas significativas, sua liderança através da CPAD, procurou contar (ou recontar em alguns casos) a história da igreja e de seus líderes. Porém, como também é de praxe em toda instituição, passa ao largo de vários pontos polêmicos, e deixa vácuos enormes no entendimento da história. Somente nas entrelinhas que se percebe que algo não foi bem. Livro da CPAD: história na ótica oficial da liderança atual Um claro exemplo disso acontece...