Censo IBGE 2022 e as Assembleias de Deus

Foi amplamente divulgado neste início do mês de fevereiro, os dados do IBGE - Censo 2022, que o Brasil tem mais templos religiosos do que escolas e hospitais. São 580 mil espaços (próprios ou alugados) de diferentes tipos de religião contra 264,4 mil instituições de ensino e 247,5 mil unidades de saúde.

Logicamente que nessa conta entram todos os locais de culto das mais variadas religiões e seitas implantadas pelo país. É fato também que, pelo seu gigantismo e capilaridade, as ADs contribuíram para essa marca interessante da sociedade brasileira. 

Na história das ADs encontramos um bom exemplo que confirma essa afirmação, quando na Convenção Geral de 1940, na Bahia, os convencionais propuseram uma maior dedicação das igrejas “à evangelização das cidades do interior, já que ultimamente as igrejas estavam mais voltadas para o crescimento nas grandes cidades.”

Na resolução da CGADB, os obreiros deveriam obedecer o chamado de Deus sem visar “o conforto” dos grandes centros, mas levar o evangelho onde Deus enviasse. Segundo Silas Daniel em seu livro História da Convenção Geral dos Ministros das Igrejas Evangélicas Assembleias de Deus no Brasil a atitude da dos convencionais foi um grande diferencial se comparado com as novas denominações, que procuram os grandes centros, “relegando os pontos mais carentes da pregação do Evangelho de Cristo”. 

“Hoje, em quase todas as cidades e vilas do Brasil, há um trabalho das Assembleias de Deus. Pode não haver Correios, Caixa Econômica ou Banco do Brasil em muitos cantões brasileiros, mas geralmente há um templo das Assembleias de Deus ou um ponto de pregação assembleiano” — destacou Daniel. 

Na década de 1960, o pesquisador Willian Read já tinha observado, que onde se encontrasse as máquinas de costura Singer e o guaraná, as ADs estariam presentes. Não só na questão geográfica, mas também na literatura nacional a denominação começou a ser citada (ver aqui)

Deve-se lembrar, que a dinâmica ministerial das ADs ajudou em muito nessa expansão com a formação dos Ministérios concorrentes entre si. Buscando novos campos ou “invadindo” searas alheias, Belenzinho, Madureira, Ipiranga, Perus, Abreu e Lima e outros, transformaram as ADs numa instituição onipresente no país.

Fontes:

ALENCAR, Matriz Pentecostal Brasileira: Assembleias de Deus 1911-2011 (2ª edição ampliada). São Paulo: Recriar; Vitória: Editora Unida, 2019.

ARAÚJO, Isael de. Dicionário do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.

CORREA, Marina. Assembleia de Deus: Ministérios, Carisma e Exercício de Poder. 2 ed. São Paulo: Recriar, 2019.

DANIEL, Silas. História da Convenção Geral dos Ministros das Igrejas Evangélicas Assembleias de Deus no Brasil (2ª edição revista e ampliada) Rio de Janeiro: CPAD, 2022.

FAJARDO, Maxwell. Onde a luta se travar: uma história das Assembleias de Deus no Brasil. 2 ed. São Paulo: Recriar, 2019.

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