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Mostrando postagens com o rótulo Pioneiros

Syne Kastberg - missionária de múltiplos talentos

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Eva Eufrosyne (Syne) Hane nasceu no dia 17 de janeiro de 1900, em Västerås, uma das mais antigas cidades da Suécia. Seu pai, Elias Hane, era pastor na congregação batista local. Tempos depois do nascimento da filha, os Hane mudaram-se para Nyköping, importante polo têxtil e comercial, com fácil acesso ao Mar Báltico e à exportação de seus produtos. Foi lá, na pequena e movimentada Nyköping, que Syne passou sua infância e juventude. O missionário Samuel Nyström, pioneiro das ADs no Brasil, informou ao Evangelii Härold que conheceu a futura missionária quando ela tinha apenas quatro anos de idade. A família Nyström, assim como os Hane, também era batista, uma minoria religiosa marginalizada pela Igreja Estatal Luterana da Suécia. Na memória do então adolescente Samuel, ficou o indelével talento poético do pastor Elias Hane, que ele percebeu anos depois no trabalho da filha na obra missionária em terras sul-americanas. Os Kastberg na década de 1930: Syne era  “habilidosa em todos os t...

Sem sintonia - o uso do rádio nas ADs

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Já se tratou neste blog sobre as complicadas relações entre as AD e as mídias eletrônicas. Ao verificar a quantidade de igrejas usuárias das redes sociais, alguns crentes do século XXI sequer imaginam como foi penoso o caminho percorrido até esses novos tempos de liberdade midiática.  As primeiras discussões na CGADB sobre o uso da rádio aconteceram em 1937. Dez anos depois, o missionário norte-americano Lawrence Olson iniciou os programas evangelísticos na Rádio Cultura de Lavras, MG. Em 1955, na Convenção Geral em Belém, foi levantado e orado sobre a possibilidade de as ADs conquistarem sua própria emissora de rádio. Através da revista A Seara , o uso da radiodifusão era incentivado. No periódico, as colunistas Cyléa Corrêa e Ivanilde Antunes tratavam do assunto com a divulgação de programas já existentes entre as igrejas e textos defendendo os benefícios de as ADs possuírem uma emissora de alcance nacional (ler aqui) . Inclusive, o missionário norte-americano Lawrence Olson tamb...

CGADB de 1955 - Comissão Conciliadora e Rádio

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Entre os dias 17 a 22 de outubro de 1955, realizou-se em Belém do Pará, a 14ª Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB). Era a segunda vez que a Igreja Mãe recebia os convencionais de todo o país (a primeira foi em 1936). O evento também ocorreu no clima de comemorações do Jubileu de Prata da Convenção Nacional fundada em 1930. Para a Mesa Diretora da histórica convenção foram eleitos os pastores: Francisco Pereira do Nascimento (presidente), Paulo Leivas Macalão (vice-presidente), Alcebíades Pereira Vasconcelos (1º secretário) e Eugênio Martins Pires (2º secretário). Da Mesa Diretora só Macalão da AD em Madureira, RJ, não da região Norte/Nordeste, os demais representavam os estados do Pará (Nascimento), Maranhão (Vasconcelos) e Rio Grande do Norte (Pires). Interessante que, dias antes, no dia 03 de outubro, os brasileiros foram às urnas para escolher o novo presidente da república, o mineiro Juscelino Kubitschek (JK). Porém, o clima de instabilidade política se estabel...

Maria de Lourdes do Agreste

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O ministério feminino dentro das Assembleias de Deus (ADs) sempre foi motivo de intensos debates. Seja para defender o legado das pioneiras, e assim legitimar a ordenação de mulheres ao ministério, ou para combatê-lo como se isso fosse a maior das heresias assembleianas, o papel das mulheres na igreja e o seu reconhecimento divide os assembleianos. Oficialmente, a discussão ficou restrita nas CGADBs de 1930, 1983 e 2001. Em todas essas Convenções Nacionais, a possibilidade de ordenação ou reconhecimento formal do ministério das mulheres foi rejeitada. Porém, no mundo real, a realidade sempre se impôs sobre os “dogmas” eclesiásticos. Como exemplo disso, deixo na íntegra aos leitores do blog, a matéria da revista A SEARA (edição maio/junho de 1961) onde publicou-se a história da irmã Lurdes (Maria de Lourdes) Alencar, que no ano de 1957, iniciou o trabalho da AD em Ipubi, na época distrito do município de Ouricuri, no sertão pernambucano. Segundo o colaborador do periódico, o irmão João ...

A Escola São Paulo na Subúrbios em Revista

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A preocupação com a criação de instituições escolares dentro das Assembleias de Deus (ADs) é antiga. Em 1956, a revista A SEARA (novembro/dezembro), em seu editorial "As Assembleias de Deus e o problema educacional"  (leia aqui)  reconhecia os avanços da denominação com a criação de asilos e orfanatos, mas indicava poucos progressos nas questões de caráter pedagógicos. Segundo o periódico, poucas igrejas tinham educandários, enquanto outros Ministérios de elevado número de membros, infelizmente, não possuíam nem mesmo escolas primárias ou ginásios (nome dado ao antigamente ao atual ensino fundamental). Dentro desse contexto, o Ministério de Madureira estava na vanguarda das ações para implantar educandários evangélicos. No ano de 1951, o Mensageiro da Paz informava sobre a inauguração das novas instalações da "Escola São Paulo" na AD em Madureira, no Rio de Janeiro. Segundo o informativo, o pastor Paulo Macalão "há muitos anos desejava fundar uma escola, para b...

Jurisdição Eclesiástica - subsídios históricos (2ª parte)

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Na postagem anterior (ver aqui) , viu-se que o conceito de jurisdição eclesiástica ou campo, afetou o relacionamento dos Ministérios das ADs. Vários debates nas Convenções Gerais foram marcados por esse tema, também conhecido pejorativamente como “invasão de campo”. Em geral, o Ministério de Madureira, segundo a história oficial, estava no centro das discussões. A implantação de congregações ligadas ao pastor Paulo Leivas Macalão incomodavam outras ramificações assembleianas. Tanto, que na CGADB realizada em Santos, SP, em 1953, em meio às discussões sobre os trabalhos abertos no litoral paulista por Madureira, o pastor Alfredo Reikdal propôs a retirada do Ministério carioca de São Paulo, para ele “a base de toda a discórdia”. No caso específico do litoral paulista, Macalão negociou a entrega das igrejas para a AD em Santos. Mas a expansão das ADs, principalmente Madureira, se dava por várias regiões, nem sempre de forma organizada, pois nos primórdios cada crente era um evangelista e ...

O Natal assembleiano - controvérsias históricas

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São muitas as controvérsias sobre as origens das celebrações natalinas. Ao pesquisar na internet , o leitor terá diante de si as mais variadas informações que, justificam ou condenam, os símbolos do Natal (Papai Noel, árvore de Natal, troca de presentes etc.). Na história assembleiana, as polêmicas sobre esse tema são antigas. No longínquo ano de 1938, na convenção de pastores na Paraíba, que contou com a presença do pastor Cícero Canuto de Lima, foi lançada a pergunta que até hoje não quer calar: “Podem as Assembleias de Deus fazer árvores de Natal?”. A convenção foi realizada em janeiro de 1938, e a pergunta, provavelmente, refletiu certos questionamentos do Natal anterior. “Após costumeiras trocas de opiniões, foi estabelecido que não é pecado fazer-se árvores de Natal, por isso que a palavra de Deus não o proíbe” 一 concluíram os convencionais, que ainda citaram um versículo bíblico. Na contramão desta resolução, consolidou-se em muitas igrejas a ideia de que a árvore de Natal era i...

O Centenário da AD no RS - o "velho preto" José Corrêa Rosa

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A historiografia de Porto Alegre por muito tempo privilegiou os açorianos e estancieiros como os sujeitos principais da construção da cidade. Ao destacar esses grupos, outras etnias ficaram esquecidas das crônicas da capital gaúcha. Porém, ao revisitar a história da AD em Porto Alegre, o leitor se deparará com os locais e habitantes inusitados da “capital dos Pampas”. Exemplo disso foi a abertura da primeira congregação na Bacia do Mont’Serrat, um povoado de população negra que encontrava-se na região da Colônia Africana.  [leia aqui] O primeiro convertido da igreja, segundo os relatos do missionário Gustavo, foi “um pobre velho preto” chamado José Corrêa da Rosa. Legítimo representante da população de afrodescendentes jogada à própria sorte após a abolição da escravatura no Brasil, Rosa era um ex-escravizado que encontrou na igreja uma nova fé e transformação de vida. Visão geral da  Bacia do Mont’Serrat Nordlund relatou que José “era analfabeto, mas era admirável como ele en...

O Centenário da AD no RS - a Bacia do Mont’Serrat.

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Ao revisitar a história dos primórdios da AD no Rio Grande do Sul, especificamente em Porto Alegre, pode-se compreender a importância do pentecostalismo diante das condições sociais dos primeiros locais de evangelismo da família Nordlund. Como se viu na postagem anterior [ler aqui] , os Nordlund chegaram a Porto Alegre em 1924, onde instalaram-se numa casa “com o reboco caído aos montões por todos os lados” e com as tábuas do chão da cozinha podres. Com as malas e uma toalha, os missionários improvisaram um sofá. Depois de dois meses de muitas orações e lutas (poucos recursos e difamações), os suecos alugaram um pequeno salão com capacidade para 25 pessoas, na rua Maryland, no bairro Mont’Serrat, região próxima ao Centro Histórico da capital gaúcha. Nordlund humildemente descreveu o local como o “mais simples” para o mundo. Depois de tudo pronto, a família saiu às ruas para convidar as pessoas para o primeiro culto. Foi uma peregrinação pelas ruas do Mont’Serrat, que naquela época, est...

O Centenário da AD no RS - origens afrodescendentes

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Para revisitar a história da AD no Rio Grande do Sul em seu centenário, o blog selecionou informações básicas sobre a igreja gaúcha em seu contexto histórico e geográfico. Nesta postagem, com inspiração nos livros do pastor João de Souza Filho e do historiador Tiago Cordova, veremos a inusitada gênese da Assembleia de Deus gaúcha. Edvig, Herbert e Gustav: pioneiros da AD no RS Gustav e Edvig Nordlund, mais seu filho Herbert, foram enviados ao Brasil pela Missão Sueca, em 1923. Inicialmente estabeleceram-se em Belém do Pará para aprender o idioma da terra. Foi um ano de convivência e adaptação antes de serem enviados ao Sul do país.  Para o jornal Sanningens Vittne (Testemunha da Verdade) de setembro de 1923, portanto, meses depois da chegada dos missionários ao país, Nordlund escreveu sobre suas expectativas na missão: "Ao sairmos daqui [Pará], esperamos estar preparados e ir para o lugar para onde o Senhor nos chamou no sul e isso pesa muito em nossos corações, mas acreditamos q...

AD em Curitiba - gestão Delfino Brunelli (1957-1959)

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Entre os dias 11 e 16 de março de 1958, a AD em Curitiba, Paraná, recebeu pastores e evangelistas paranaenses para uma convenção histórica. Além dos obreiros das igrejas do estado, compareceram às reuniões líderes de expressão nacional, como Cícero Canuto de Lima, Daniel Berg (fundador das ADs no Brasil), Nels Nelson, Bruno Skolimowski, Simon Lundgren, José Gomes Moreno. Do estado vizinho, Santa Catarina, compareceram os pastores João Ungur, Satyro Loureiro, Antonieto Grangeiro Sobrinho, Telfrid Herbst, José Pio da Paz entre outros. O escritor e jornalista Emílio Conde também se fez presente para contar através das páginas do Mensageiro da Paz , o que aconteceu naqueles dias memoráveis. Histórica reunião de obreiros em Curitiba - 1958 Segundo Conde, os estudos bíblicos “aclararam muitos problemas e desfizeram dúvidas de alguns obreiros”. Na quinta-feira, após o culto, toda a igreja reunida transportou-se para o auditório de uma rádio local “a fim de assistir e prestigiar a transmissão...

Firmino, o sétimo - temperamental eu sou

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Na simbologia bíblica, sete é o número da perfeição e da plenitude. O pastor Firmino da Anunciação Gouveia foi o sétimo pastor (1968-1997) da AD em Belém e, até o momento, o mais longevo no pastorado. Mas pelo andar da carruagem, seu sucessor, o pastor Samuel Câmara, deverá ultrapassá-lo em breve. Quando assumiu a AD em Belém, em 1968, a cidade contava com aproximadamente 600 mil habitantes e a igreja possuía 12 filiais. Nesse momento, a metrópole da Amazônia já vivia o impacto da construção da Rodovia Belém-Brasília, que resultou na explosão demográfica vista nas décadas seguintes. Em 1997, quando Firmino deixou a liderança da igreja, o número de congregações refletia o crescimento expressivo da cidade, que estava na casa dos 1.200 mil habitantes. Em sua biografia constam mais de 154 congregações construídas sob sua gestão. Uma média de cinco templos edificados por ano. Em praticamente três décadas de pastoreio, Gouveia implantou um instituto bíblico chamado de “Escola de Profetas” en...

Macalão e os missionários suecos - cooperação ou cisão?

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Com as celebrações do Centenário das Assembleias de Deus (ADs) no Rio de Janeiro, uma antiga polêmica foi suscitada: o pastor Paulo Leivas Macalão (1903-1982) rompeu ou não com os missionários suecos para fundar seu próprio ministério? O surgimento do Ministério de Madureira foi um ato de rebeldia do jovem obreiro? Nas redes sociais, espaço amplo de debates, o tema gerou profundas divergências. Mas a celeuma não é nova, e sempre é levantada no contexto dos interesses eclesiásticos da maior denominação pentecostal no Brasil, que por sua vez é subdividida em vários ministérios concorrentes. Paulo Macalão, filho de um militar gaúcho, começou a frequentar a “Igreja do Orfanato” lá pelos idos de 1923. Em 1924, participou com outros pioneiros da implantação da AD em São Cristóvão, no Rio de Janeiro. Batizado nas águas por Gunnar Vingren, Macalão foi o segundo na lista do rol de membros da nova igreja. Também implantou a banda de música na congregação. EB da AD no RJ em 1929 - casal Vingren s...