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Macalão e os missionários suecos - cooperação ou cisão?

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Com as celebrações do Centenário das Assembleias de Deus (ADs) no Rio de Janeiro, uma antiga polêmica foi suscitada: o pastor Paulo Leivas Macalão (1903-1982) rompeu ou não com os missionários suecos para fundar seu próprio ministério? O surgimento do Ministério de Madureira foi um ato de rebeldia do jovem obreiro? Nas redes sociais, espaço amplo de debates, o tema gerou profundas divergências. Mas a celeuma não é nova, e sempre é levantada no contexto dos interesses eclesiásticos da maior denominação pentecostal no Brasil, que por sua vez é subdividida em vários ministérios concorrentes. Paulo Macalão, filho de um militar gaúcho, começou a frequentar a “Igreja do Orfanato” lá pelos idos de 1923. Em 1924, participou com outros pioneiros da implantação da AD em São Cristóvão, no Rio de Janeiro. Batizado nas águas por Gunnar Vingren, Macalão foi o segundo na lista do rol de membros da nova igreja. Também implantou a banda de música na congregação. EB da AD no RJ em 1929 - casal Vingren s

Firmino Gouveia - sucessão e crise em Belém

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Em dezembro de 1968, o pastor Firmino da Anunciação Gouveia assumiu a liderança da AD em Belém do Pará e iniciou o novo ano (1969) enfrentando ameaças de divisão com agitações, panfletos de protesto e obreiros de congregações em oposição ao novo líder. Foram dias de muita tensão na Igreja-Mãe. Para entender: Gouveia havia sido designado pelo pastor Alcebiades Vasconcelos para ser o seu sucessor e obteve da convenção estadual e do ministério local a aprovação do seu nome como a “vontade divina” para a igreja. Considerou-se que ele já estava familiarizado com a administração eclesiástica em Belém, pois desde 1965, atuava na cidade. A Assembleia Geral Extraordinária da igreja também ponderou “que qualquer obreiro vindo de fora procuraria imprimir no trabalho da Igreja um ritmo diferente” do habitual. O receio de um pastor exógeno seria o de “mudanças bruscas e métodos de trabalhar e cooperar diferentes que traria dificuldades à Igreja, ao Ministério Local e ao Ministério Geral do Estado”.

Firmino Gouveia - "o ano que não terminou"

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Revisitar a história do pastor Firmino da Anunciação Gouveia, antigo líder da AD em Belém do Pará, é a melhor forma de compreender a existência de dois ramos da AD concorrentes no Pará: a Convenção Interestadual de Ministros e Igrejas Evangélicas das Assembleias de Deus do Pará (COMIEADEPA) e a Convenção da igreja-Mãe das Assembleias de Deus no Brasil (CIMADB). Firmino nasceu em Portugal, em 1925. Três anos depois, os Gouveia resolveram fugir das instabilidades políticas e econômicas do país natal e seguiram o destino de muitos dos seus compatriotas, o Brasil. S eguiam o catolicismo tradicional, e como muitos dos seus patrícios em Belém, investiram em seu próprio negócio.  Por imposição do pai, Firmino na adolescência iniciou o aprendizado de atendente no comércio local visando uma futura mercearia familiar.  O temperamento impulsivo do futuro pastor revelou-se já no começo da juventude, quando “resolveu não mais ficar sob a tutela do rígido pai”. Saiu de casa e no período de nove mese

Centenário da AD no RJ - homenagem à Frida Vingren

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No final da década de 1990, o sociólogo Gedeon Alencar em sua pesquisa de mestrado começou a ler e tabular os artigos do jornal Boa Semente e Mensageiro da Paz . Notou que o nome da esposa de Gunnar Vingren, o fundador das ADs no Brasil aparecia com destaque.  Frida Vingren escrevia, dirigia o jornal, pregava, ensinava, realizava cultos nas praças públicas e nos presídios e, na ausência do esposo, liderava a AD em São Cristóvão na cidade do Rio de Janeiro, antiga Capital da República no Brasil. Com tantas informações, Alencar se perguntou? Quem era essa mulher que veio sozinha da Suécia para casar com Gunnar Vingren e exercia tantas funções dentro da igreja, num tempo em que era vedado às mulheres o direito ao voto, mesmo nos países de legislação mais avançada. A mulher no Brasil, além de não votar, também não podia trabalhar fora sem autorização do marido e nem dirigir veículos automotores, pois o machismo contra a presença feminina na direção era muito grande. Segundo o Código Civil

O caso Luís Fontes

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"A função do historiador é lembrar a sociedade daquilo que ela quer esquecer".   Peter Burke Durante a 50ª AGE da Convenção Nacional das Assembleias de Deus Ministério de Madureira (CONAMAD) realizada entre os dias 01 a 04 de maio de 2024, foi lançado o livro comemorativo dos 70 anos da Catedral Histórica da Assembleia de Deus em Madureira, no Rio de Janeiro. Como toda obra de história institucional, o nome dos pioneiros recebem destaque, juntamente com a liderança da igreja fundada pelo saudoso pastor Paulo Leivas Macalão. Personagens do passado e do presente são enaltecidos, mas há esquecimentos e omissões (deliberadas ou não). É o caso do pastor Luís Francisco Fontes (1930-2003). Convertido ao evangelho ainda na infância, Luis Fontes construiu, além de uma brilhante carreira profissional, um ministério frutífero na área do ensino. Em 1966, foi enviado para ser missionário em Arequipa, cidade próxima a Cordilheira dos Andes no Peru, onde permaneceu até 1972. Tempos depois r

O Centenário da AD em Santos - posse do pastor João Alves Corrêa

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O pastor João Alves Corrêa assumiu, segundo dados oficiais, a AD em Santos no dia 11 de fevereiro de 1962. Porém, no relato escrito ao Mensageiro da Paz, Roberto Rinaldi cravou o dia 13, pois entre os dias 09 a 11, a igreja sob a liderança do missionário Eurico Bergstén realizava estudos bíblicos. Durante os estudos, numa vigília entre os dias 10 e 11, Bergstén “recebeu indicação da parte de Deus em apontar” o pastor Corrêa para ser o novo líder da AD santista. Na manhã do dia 11, o nome de Corrêa foi apresentado e após a aprovação do ministério local, uma comissão de obreiros foi visitá-lo em São Paulo e oficializar o convite. Todavia, mesmo antes da indicação divina, o nome do pastor João Corrêa já era especulado para a sucessão. Em suas memórias, Corrêa contou que revelações anteriores indicavam sua ida para Santos, e que o pastor Bruno Skolimowski antes de falecer, havia-o convidado por diversas vezes para assumir a igreja. Narrou ainda, que durante o período de crise, ele e o past

O Centenário da AD em Santos - crise sucessória

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Para melhor compreensão da crise eclesiástica na AD em Santos na década de 1960, no período anterior à posse do pastor João Alves Corrêa, é necessário fazer uma breve retrospectiva da história da igreja-mãe das ADs no estado paulista. Em 1945, o então pastor da igreja, Francisco Gonzaga da Silva morreu vítima de um atropelamento. Após a morte do pastor Gonzaga, assumiu provisoriamente a igreja santista, o pastor Francisco Paiva Figueiredo, que entregou a direção dos trabalhos ao pastor Bruno Skolimowski. Entre 1945 e 1953, Skolimowski pastoreou o campo eclesiástico no litoral paulista. Ainda durante a sua gestão em 1953, a igreja recebeu uma das mais tensas e controversas CGADB. Logo após a Convenção Geral, o pastor Geraldo Machado foi designado para liderar a AD em Santos. Antigo templo sede da AD em Santos Geraldo Machado permaneceu no cargo até 1961, ano em que foi afastado do pastorado por questões éticas. Em seu lugar, reassumiu a liderança da igreja, o pastor Bruno Skolimowski. A