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Sucessões pastorais - Ministérios Hereditários (parte 2)

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Família Malafaia - AD em Campo Grande, Rio de Janeiro Na década de 1930, a região de Campo Grande, na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, foi alvo dos esforços evangelísticos do pastor Paulo Leivas Macalão. No início eram apenas pontos de pregação pelo bairro até a abertura de um templo provisório para os fiéis congregarem.  Naquela época, a congregação era filial da AD em Bangu. Após a Segunda Guerra Mundial, em 1946, a abertura da Avenida Brasil facilitou o contato da região com o restante da cidade. Assim, na década de 1950, a igreja em Campo Grande passou a ser controlada diretamente pela AD em Madureira sob a supervisão do pastor Macalão.  Passaram pela direção da igreja os pastores Narbal Soares, Manoel Mendonça, Ludovico de Andrade, Florêncio Luiz Pereira, Ezequiel da Silva, Miguel Pastor e Otávio José de Souza. No ano de 1959, o pastor Paulo enviou um dos seus mais dinâmicos obreiros para assumir a liderança da AD em Campo Grande: o pastor Carlos Malafaia.  Macalão não erro

Sucessões pastorais - Ministérios Hereditários (parte 1)

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Como foi visto anteriormente, as sucessões pastorais nas ADs seguem um padrão: o líder ministerial de um campo eclesiástico é na prática o patrão da igreja/empresa. Com muitos obreiros (pastores, evangelistas, presbíteros e diáconos) assalariados sob seu comando, o pastor-presidente consegue impor o seu sucessor e indicar o candidato "oficial" para as eleições. Somado a isso, conta a importância de determinados pastores na convenção regional ou nacional da denominação, o que facilita as sucessões e a manutenção do status quo através da política do corporativismo. É um "toma lá dá cá" do qual todos se beneficiam. Exemplo disso são as vitaliciedades reconhecidas para alguns pastores e a garantia do continuísmo familiar com o consentimento da cúpula.  Vamos aos exemplos de sucessões familiares no Brasil: Família Corrêa - AD em Santos, a pioneira A AD em Santos, SP, foi implantada no ano de 1924, pelo missionário sueco Daniel Berg. Em fevereiro de 1962, o pastor João Al

Sucessões pastorais - modus operandi

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Na postagem anterior tratou-se da resolução da CGADB de 1937 sobre as sucessões pastorais nas ADs e como a proposta convencional (utópica) foi atropelada pela realidade do crescimento da denominação e da sua estrutura hierárquica em formação  (ler aqui) .  Com a consolidação do modelo episcopal e da organização burocrática da maioria dos ministérios, as sucessões passaram a ser muito bem controladas pelos pastores-presidentes, que no topo da hierarquia ministerial pavimentam o caminho para os seus "escolhidos", geralmente um parente próximo e de confiança. E como isso acontece? No modelo assembleiano o pastor-presidente possui o controle da administração e dos recursos financeiros. Na prática é um patrão com poder para admitir ou demitir os funcionários da igreja-empresa. Muitos dos obreiros ligados ao ministério por dependerem financeiramente da instituição não se opõem as determinações do líder maior. O receio de desligamento ou da transferência para locais mais distantes d

Sucessões pastorais - utopia x história

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Os questionamentos sobre as sucessões ministeriais dentro das ADs é antiga. Na Convenção Geral das Assembleias de Deus (CGADB) em 1937, em São Paulo, capital, o assunto veio à tona entre líderes assembleianos de todo o Brasil. O jornalista Silas Daniel em seu livro "História da CGADB" relata que a discussão foi levantada pelo pastor Heitor Vieira. Depois de algumas explanações e uma profecia, a CGADB aprovou a seguinte resolução: o pastor ao transferir o trabalho eclesiástico deveria "orar muito a Deus nesse sentido" para receber a revelação divina sobre o possível sucessor e depois apresentá-lo ao "ministério da igreja". Caso o ministério (pastores-auxiliares, presbíteros, diáconos e cooperadores) estivesse em concordância com o líder, o "escolhido" deveria ser apresentado à igreja, que "estando na vontade de Deus" reconheceria a decisão. CGADB de 1937 debateu sobre as sucessões ministeriais   Portanto, o filtro das sucessões, em tese,

O centenário nostálgico da AD carioca

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Em 2024, as Assembleias de Deus (ADs) na cidade do Rio de Janeiro comemorarão o seu centenário. Há quase um século, na agitada década de 1920, o casal de missionários Gunnar e Frida Vingren, junto com um grupo de irmãos, implantaram a AD carioca. Algumas movimentações neste sentido estão sendo feitas para que as celebrações sejam uma verdadeira apoteose. Todavia, a efeméride, infelizmente, terá um sabor maior de nostalgia, que eventos dessa natureza costumam ter, pois a AD no Rio, que tanta relevância tinha no cenário nacional, hoje pouca expressividade tem dentro do contexto assembleiano no Brasil.  Logo que foi criada, a igreja na antiga Capital da República tornou-se a principal referência do movimento pentecostal no país. Da AD carioca, reunida em São Cristóvão, na época um bairro industrial, saíram homens e mulheres, que, orientados pelos missionários suecos, fundaram congregações em várias regiões do Brasil.  Reflexo da importância das ADs na "Cidade Maravilhosa" foi a

Pentecostais na cidade do Rio de Janeiro - década de 1940

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Com a proximidade do centenário da Assembleia de Deus no Rio de Janeiro, a história da denominação no antigo Distrito Federal será cada vez mais revisitada. Novas informações poderão surgir para a alegria dos membros e pesquisadores da denominação. O blog Memórias das Assembleias de Deus também dará, nesta postagem, sua contribuição. No tempo em que o Jornal do Brasil (JB) trazia somente anúncios em sua primeira página, o engenheiro, geólogo, geógrafo, escritor, político e pedagogo Everardo Backheuser, conhecido como o pai dos estudos de Geopolítica no Brasil, escrevia para uma seção do periódico intitulada "Geografia Carioca". Nela, Backheuser discorria sobre as mais variadas questões sobre o clima, relevo e demografia da "Cidade Maravilhosa". Foi na edição de domingo, no dia  29 de setembro de 1946, que Backheuser trouxe aos leitores do JB dados exclusivos sobre o protestantismo carioca, que na época despontava como o segundo maior grupo religioso do Rio, com 46

Paulina Veloso - diaconisa na IEADJO

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O ministério feminino sempre foi um tema controverso nas ADs brasileiras. A primeira Convenção Geral das ADs, em Natal (RN), no ano de 1930, determinou que as  mulheres poderiam testemunhar. Somente em casos de exceção, seria conveniente as irmãs atuarem como ensinadoras e pregadoras da palavra.  A decisão foi contrária a atuação de Frida Vingren, esposa do pioneiro Gunnar Vingren, na liderança da AD carioca.  Porém as mulheres continuaram destacando-se na história pentecostal, mesmo que, na maioria das vezes, seu trabalho fosse omitido da história oficial.  Uma das pioneiras cuja atuação ficou esquecida por muitos, foi a da jovem Élida Andrioli, uma das pioneiras da AD no estado de Santa Catarina. Pelo seu trabalho e desenvoltura, Élida foi separada a diaconisa por Gunnar Vingren, na AD em Itajaí, em 1931  (ler aqui) . Na Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Joinville - IEADJO, no ano de 1937, durante a terceira convenção regional na cidade, a irmã Paulina Veloso também foi separad