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Mostrando postagens com o rótulo curiosidades

CGADB de 1973 - um chef entra para a História

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Entre os dias 22 a 26 de janeiro de 1973, em Natal, capital do Rio Grande do Norte (RN), foi realizada pela terceira vez, a XXII Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB). Nessa época, a igreja estava sob a liderança do pastor João Batista de Silva e contava com quase 10 mil membros e congregados, distribuídos por 18 congregações na cidade. A Convenção em Natal não fugiu das tendências e dos debates, que marcaram outras CGADBs na época. Exemplo disso foram as discussões em torno da televisão. Apesar de ser aprovada na Convenção Geral de 1968 uma resolução proibindo os pastores e evangelistas de possuírem televisores, houve acusações de que alguns líderes do Rio de Janeiro estavam usando a televisão. Em meio a fortes controvérsias sobre a televisão, a Convenção aprovou por "maioria absoluta de votos de seus membros presentes, condenar o uso de TV pelos perigos espirituais que ela produz". Na sequência foi formada uma comissão para tratar dos casos de p...

A Assembleia de Deus na paisagem dos subúrbios do RJ

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Os subúrbios da cidade do Rio de Janeiro com sua população, cores, ritmos musicais e religiosidades, sempre foram alvo das observações dos escritores e jornalistas cariocas. Interessados em sua geografia, formação e crescimento, alguns cronistas do antigo Distrito Federal, procuraram dar visibilidade a essas regiões afastadas do centro da cidade. Exemplo desse constante interesse, foi a matéria do extinto jornal Última Hora , edição do dia 19 de agosto de 1957. Nela, o repórter Eugênio Lira Filho procurou retratar os subúrbios cariocas em um belo dia de domingo. O roteiro escolhido foi o Engenho Novo, Cascadura, Méier, Madureira e Quintino. Registrou-se nas páginas do Última Hora, que a população suburbana naquele domingo de sol estava alegre e festiva. A maioria dos jovens correu à praia ou ao futebol, as moças foram à missa e os pais de família aproveitavam as horas de ócio para bater papo, ler jornal e ouvir rádio. Senhoras aceleravam para fazer compras e cuidar do almoço...

Billy Graham e o debate na CGADB de 1975

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O mundo cristão chora a morte do pastor batista William Franklin "Billy" Graham Jr (1918-2018). Desde 1948, Billy realizava suas cruzadas pelo globo. Estádios, parques e outros locais públicos eram usados para os eventos evangelísticos de massa. Dados apontam, que o reverendo Graham alcançou uma audiência direta de quase 210 milhões de pessoas em 185 países.  No Brasil, Graham pelo menos quarto vezes vezes pregando. A primeira vez foi em junho de 1960, no Rio de Janeiro, no 14º Congresso da Aliança Batista Mundial. O evento, realizado no Maracanãzinho, (outras fontes afirmam ser o Maracanã) reuniu milhares de crentes para ouvir "o maior pregador evangélico dos tempos modernos" para ouvir o sermão "Cristo crucificado" - divulgou o jornal O Globo  na época Dois anos depois, em setembro de 1962, o reverendo norte-americano realizou na cidade de São Paulo sua primeira Cruzada no país, lotando o estádio do Pacaembu. Em 1974, novamente, o Rio de Janeiro...

O Plano Divino através do séculos - clássico do pentecostalismo

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Em um tempo em que o ensino teológico formal era uma aberração nas ADs, o missionário norte-americano Nels Lawrence Olson publicou, em 1956, o livro O Plano Divino Através dos Séculos , o qual, tornou-se uma grande fonte de pesquisa, e posteriormente, livro-texto em vários seminários e institutos bíblicos. Clássico da literatura teológica pentecostal, O Plano Divino Através dos Séculos , ultrapassou a 25ª edição e vendeu mais de 100 mil cópias. Na obra, Olson faz uma descrição detalhada da ação de Deus através dos tempos, seguindo a linha da escola de pensamento teológica conhecida como dispensacionalismo.  Acompanhando o livro, havia um mapa ilustrado que servia de apoio didático para a ministração dos estudos sobre as dispensações. Num tempo de índices alarmantes de analfabetismo, o mapa era um poderoso instrumento para a compreensão das teorias expostas por Olson em suas mensagens e estudos. Muitos obreiros, seguindo o exemplo do missionário, realizavam estudos com o au...

Retrospectiva 2017 - Essa gente incômoda

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Talvez nem o jornalista José Roberto Guzzo esperasse tanta repercussão do seu texto publicado na revista semanal Veja (04/10/2017), intitulado Essa Gente Incômoda . Repercussão negativa e com um festival de críticas infundadas. Foi triste ver tantas bobagens serem escritas e ditas, fruto da desinformação. Um exemplo disso foi umas das críticas do deputado federal Marcos Feliciano. Feliciano chegou a dizer que Guzzo foi "rebaixado" de diretor para articulista da revista. Isso seria uma prova cabal da sua incompetência. Na verdade, Guzzo foi por 15 anos diretor de redação de Veja e pediu para sair em 1991, pois queria dedicar-se a outros projetos. Voltou para contribuir na área administrativa e editorial da Abril à partir de 2008. Gutierres Siqueira escreveu no seu blog na época da polêmica: "Muitos evangélicos simplesmente não entenderam que o colunista usa inúmeras ironias para mostrar o preconceito velado que existe no meio cultural e na elite intelectual contra ...

Uma história sobre a família Kolenda

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John Peter Kolenda (1898-1984) é considerado uma lenda dentro das ADs no Brasil. Enviado pela Missão dos EUA no fim da década de 1930, Kolenda foi pioneiro pentecostal em Santa Catarina, ardoroso defensor dos institutos bíblicos e grande nome na construção da Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD). Muito se conhece sobre o profícuo ministério de Kolenda, porém, pouco sobre sua família. O missionário chegou ao Brasil com sua esposa Marguerite, e as filhas Dorothy (12 anos incompletos) e Grace (6 anos). Dos quatro, somente Grace ainda ainda vive e mora nos Estados Unidos da América. Alguns anos atrás, Grace publicou suas memórias* e narrou um caso familiar surpreendente, que ajuda a humanizar a biografia do pai, o qual ela carinhosamente chamava de "daddy" (papai ou paizinho em inglês). É um fragmento da vida de Kolenda não revelado em sua biografia oficial. Um certo dia, a caçula de JP Kolenda foi surpreendida pela prima com uma informação inesperada. Grac...

Moda, minissaia e o combate ao mundanismo nas ADs

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A década de 1960 do século XX, foi um tempo de grandes transformações sociais e culturais no Brasil e no mundo. Durante os anos do pós-guerra, viveu-se uma era de intenso consumismo e de liberdade, influenciando totalmente a forma das mulheres se vestirem e comportarem. A moda deixou de seguir um padrão único, ditado pelos estilistas internacionais renomados. Passou-se então a se reproduzir modelos e roupas inspirados em pessoas comuns. O vestuário, como um veículo de comunicação, transmita agora mensagens e valores e passou a simbolizar os anseios de uma nova geração. As Assembleias de Deus dentro desse contexto viveram um período de grandes tensões internas, pois as transformações incidiam sobre toda à sociedade, a qual a igreja estava inserida. As ADs como instituição religiosa, conservadora dos bons princípios e costumes, se viu então em constante luta contra as transformações culturais.  Silas Daniel, no livro História da CGADB , informa que nos anos de 1960, "os...

Ferros - da minissérie a vida real

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A pequena cidade de Ferros, situada a menos de 200 quilômetros de Belo Horizonte (MG), ficou eternizada na minissérie Hilda Furacão exibida pela Rede Gobo de televisão em 1998, realizada com base na obra homônima do escritor Roberto Drummond. Um dos aspectos ressaltados na história, foi a grande influência do pároco católico sobre a vida social dos habitantes da pacata Santana dos Ferros (Drummond usa no livro o nome antigo da cidade). No romance, o padre (interpretado pelo grande Paulo Autran) mandava e desmandava, sempre em nome da fé e dos bons costumes. Essa realidade de grande poder católico e perseguição aos infiéis, foi sentida pelos membros da Assembleia de Deus. Um alvoroço tão grande, que chamou à atenção da imprensa na época. O jornal Diário Carioca (RJ) narrou aos seu leitores na edição do dia 26 de junho de 1962 a grande confusão liderada pelo padre, o qual liderando uma multidão "invadiu e destruiu" o templo da AD. O caso é narrado com riquezas de de...

Aniversário de pastor - críticas de João de Oliveira

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Há eventos dentro das Assembleias de Deus, que de tanto tempo instituídos até parecem ser uma "obra da natureza", ou seja, uma tradição inquestionável. O sociólogo  Gedeon Alencar, em seu livro " Matriz Pentecostal Brasileira", destacou que no período de 1946 a 1988, consolidou-se dentro das ADs as tradições. Práticas essas (citando o historiador Éric Hobsbawn) "inventadas" para, em geral, consolidar algum interesse. Porém, naquelas décadas de crescente institucionalização assembleiana, ainda havia espaço para contestações nos periódicos da CPAD. Alguns pioneiros sempre se manifestavam sobre determinados temas através do Mensageiro da Paz ou da revista A Seara . Bons debates foram travados na imprensa denominacional, onde os diversos pontos de vista eram explicitados.  Um dos questionamentos que veio a público, foi algo muito popular hoje em dia nas igrejas: as comemorações de aniversário dos pastores. E ironicamente, a objeção veio nas página...

O templo de Cordovil - Deus e o ateu

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No dia 5 de maio de 1989, o jornal O Globo , destacou que em Brás de Pina (RJ) corria "o boato" de que o grandioso templo da Assembleia de Deus - Ministério de Cordovil, em fase final de construção seria um projeto de Oscar Niemeyer. Segundo o periódico, a suposta autoria do famoso arquiteto fez com que os moradores da região, evangélicos ou não, se enchessem de orgulho. Mas "para a frustração de muitos", a obra era na verdade um projeto de "um desconhecido colega de Niemeyer" e membro da igreja, Rubens Farias. Como toda grande obra, a construção do templo foi um desafio para o ministério carioca e seu pastor Waldyr Neves. A pedra fundamental foi lançada em 1979, mas somente em 1984 é que as obras começaram de fato. Foram anos de dificuldades.  Templo da AD em Cordovil inaugurado em 1991 "Muitas compras de materiais, preocupações com os preços, afinal de contas, o dinheiro tinha que render. Muitas observações negativas por parte de pe...

A Assembleia de Deus na Babilônia

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E ouvi outra voz do céu, que dizia: Sai dela, povo meu, para que não sejas participante dos seus pecados, e para que não incorras nas suas pragas. (Apocalipse 18:4) Na Bíblia, Babilônia, mais do que uma cidade antiga, capital de um espetacular império da antiguidade, também é associada de forma simbólica à idolatria, feitiçaria, prostituição e tantos outros desvios morais e espirituais. Por isso, na mensagem profética do Apocalipse, o povo de Deus é exortado a sair da civilização símbolo de todo um sistema carregado de impiedade dominado pelo Anticristo. Rio de Janeiro, Cidade Maravilhosa, 1946. A equipe da revista A Semana subiu os morros da Zona Sul da então capital da República, para in loco , constatar a rotina de cidadãos cariocas, que contraditoriamente viviam em condições nada “maravilhosas”, ao lado do rico e famoso bairro de Copacabana. Como observou a equipe do semanário: “Era (Copacabana) um espetáculo de beleza a dois passos da miséria.” Um dos locais escolhid...

A ameaça dos comics nas Assembleias de Deus

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Quando se fala das antigas proibições impostas pelas Assembleias de Deus (ADs) aos seus membros, logo vem à mente de muitos, às questões de estética feminina, trajes, uso do rádio e televisão.  Mas na década  de 1950, uma das preocupações crescentes da liderança assembleiana, era com à leitura por parte dos adolescentes e jovens dos comics* , as famosas Histórias em Quadrinhos (HQ) ou gibis. Criada em fins do século XIX nos EUA, as HQs popularizaram-se na década de 1930, considerada a Era de Ouro do gênero na América do Norte. Segundo o historiador inglês Eric Hobsbawm, os comics com sua linguagem colorida, apelativa, direta, e de fácil compreensão popular, influenciou muito à escrita da época.  Seus heróis fizeram sucesso durante a 2ª Guerra Mundial. Nos anos 50, surgiram os gibis de terror e crime, gerando polêmicas sobre os valores propagados nessas publicações. Comics: perigo mundano para os crentes Em 1954, o psiquiatra Frederic Wertham lançou o livro ...