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Mostrando postagens com o rótulo Ministério do Belém - SP

Sucessões pastorais - Ministérios Hereditários (parte 1)

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Como foi visto anteriormente, as sucessões pastorais nas ADs seguem um padrão: o líder ministerial de um campo eclesiástico é na prática o patrão da igreja/empresa. Com muitos obreiros (pastores, evangelistas, presbíteros e diáconos) assalariados sob seu comando, o pastor-presidente consegue impor o seu sucessor e indicar o candidato "oficial" para as eleições. Somado a isso, conta a importância de determinados pastores na convenção regional ou nacional da denominação, o que facilita as sucessões e a manutenção do status quo através da política do corporativismo. É um "toma lá dá cá" do qual todos se beneficiam. Exemplo disso são as vitaliciedades reconhecidas para alguns pastores e a garantia do continuísmo familiar com o consentimento da cúpula.  Vamos aos exemplos de sucessões familiares no Brasil: Família Corrêa - AD em Santos, a pioneira A AD em Santos, SP, foi implantada no ano de 1924, pelo missionário sueco Daniel Berg. Em fevereiro de 1962, o pastor João Al...

O "Timoneiro", o "Trovão" e a tempestade (2ª parte)

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Como se observou na postagem passada, o pastor Eliseu Feitosa de Alencar voltou a Campo Grande/MS, em março de 1970, depois de cinco anos trabalhando em São Paulo, capital. Foi um tempo de acentuado progresso ministerial, mas também de desconfianças por parte dos principais pastores de Ministério do Belenzinho ao "Trovão Brasileiro". Em jogo, a sucessão do velho "timoneiro". Cícero já estava quase octogenário e ainda não havia definido um sucessor. Vale lembrar, que nas páginas da biografia do pastor José Wellington Bezerra da Costa essa inquietação era constante: Joaquim Marcelino da Silva, da AD em Santo André/SP, manifestou preocupações em relação à sucessão do veterano. Mas ele desconversava e negava-se a apontar diretamente alguém. Sendo um forte concorrente ao posto de líder máximo do Belenzinho, Eliseu Feitosa viveu dias tensos em São Paulo. A volta para Campo Grande, pode estar relacionada ao tal dossiê rejeitado por Cícero e motivador da crise no Ministério...

O "Timoneiro", o "Trovão" e a tempestade (1ª parte)

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Quase todos os grandes Ministérios ou igrejas dentro das ADs no Brasil têm um caso de divisão em sua história. Madureira, na década de 1960, perdeu a AD em Anápolis/GO para o pastor Antônio Carneiro. Ainda na mesma época, a AD em Fortaleza/CE viu sua congregação em Bela Vista conseguir sua emancipação por mãos e obra do pastor Luiz Bezerra da Costa. Porém, uma das rupturas mais traumáticas foi realizada pelo pastor Eliseu Feitosa de Alencar da AD em Campo Grande, no estado de Mato Grosso do Sul, no ano de 1972. Alencar, que na época dirigia a AD campo-grandense pela segunda vez, causou uma enorme decepção ao seu protetor, o octogenário pastor Cícero Canuto de Lima líder do Ministério do Belenzinho em São Paulo, que caminhava para seus últimos anos de carreira. Além de conturbada, a perda da filial, ao que tudo indica, teve um contexto de ciúmes ministeriais e disputa pela sucessão de Cícero. A AD no Belenzinho era (e ainda é) o maior Ministério da Missão no Brasil e, na medida que...

Igrejas e Ministérios - a busca pela legitimidade

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As Assembleias de Deus no Brasil vivem nos últimos anos, uma intensa fragmentação ministerial. CGADB, CONAMAD, CADB e outras convenções menores disputam espaço e representatividade no mundo eclesiástico e, principalmente, no político. Na última postagem do blog, refletiu-se sobre a importância e utilização da história e memória na busca pela legitimação institucional, pois diante da cada vez mais acirrada concorrência ninguém quer ficar à margem da história ou parecer um simples genérico dentro do sistema. Por esse motivo, entre as igrejas cresceu a valorização e a utilização de substantivos que reforçam suas origens. Exemplo disso é a valorização que a AD em Belém/PA dá cada vez mais ao título Igreja-Mãe. As ADs em Santos/SP e em Macapá/AP também enfatizam sua primazia em seus estados com a nomenclatura "a pioneira". Mas há casos inusitados. Em Manaus/AM, nos anos 2000, uma cisão gerou a AD Tradicional. Nascida em oposição aos métodos controversos da AD liderada ...

Versões da história das ADs - contradições

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O objetivo dessa postagem é comparar algumas narrativas assembleianas com documentos, pesquisas e informações disponíveis, os quais, servem de contraponto à dita "História Oficial" das Assembleias de Deus. Existe, na história e em sua narrativa, na grande maioria das vezes, uma enorme distância entre o fato e a versão dele. As versões da história eclesiástica, em geral, têm o objetivo de edificar os crentes e apontar exemplos a serem seguidos. Como escreveu o pastor e poeta Joanyr de Oliveira, a "historiografia oficial, seja religiosa, seja política, é sempre míope em avançado grau - quando não ostensivamente estrábica, em boa parte não é senão uma grande farsa. Quantos pseudos santos e heróis nos forja, sem o mínimo pudor... Sim, a história dos vencedores - a que prevalece - é sempre tendenciosa, desonesta". Então vamos a algumas versões e contradições da história. CGADB de 1930: clima de tensão nas ADs "Não havia nenhuma intenção dos obreiros na...

Cícero - o esquecido desbravador das ADs em Mato Grosso

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Da sua terra natal, Mossoró, no Rio Grande do Norte, ele sempre carregou o sotaque e a "marca de caráter de um homem que foi formado na luta diária contra a terra árida". Talvez isso explique a firmeza, a segurança e a obstinação do "timoneiro" Cícero Canuto de Lima (1893-1982), saudoso pastor da Assembleia de Deus do Ministério do Belém, São Paulo. Certos fatos são conhecidos da escassa biografia de Cícero: sua rejeição aos Institutos Bíblicos e a sua controversa sucessão no Belenzinho. Como aconteceu com a maioria dos pastores que não fizeram seu sucessor, o pioneiro pentecostal (juntamente com sua família), praticamente caiu no esquecimento. Porém, informações da vida e ministério do saudoso pastor aparecem com certo atraso, após três décadas da sua morte. Seu sucessor, o pastor José Wellington Bezerra da Costa (em sua biografia escrita pelo jornalista Isael de Araújo) e o pastor Jesiel Padilha no livro biográfico sobre seu pai, o veterano pastor Carlos ...

José Wellington – "não contavam com a minha astúcia"

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"Como é que nós perdemos o Belém para aquele menino? Onde é que nós estávamos?". Esse teria sido o comentário dos principais líderes das Assembleias de Deus no Brasil, ao perceber, que o comando do Ministério do Belém em 1980, foi para o "menino" José Wellington Bezerra da Costa, na época com 45 anos idade. Talvez, o vice-presidente do Belenzinho tenha sido subestimado, ou quem sabe, simplesmente encarado como um concorrente secundário na disputa. Mas a história mostra, que José Wellington não possui perfil para ser coadjuvante. Radicado na cidade de São Paulo desde 1954, Costa iniciou uma bem sucedida carreira de comerciante. Quase ao mesmo tempo ingressou no ministério. Dirigiu congregações, setores, secretariou a AD no Belém por uma década, até que em 1973, foi escolhido para ser vice-presidente do campo. JW: não contavam com a minha astúcia   Uma leitura atenta da biografia de José Wellington, escrita pelo jornalista Isael de Araújo, é suficie...

Irmão Tavares - pioneiro da AD na Lapa (SP)

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* Por Izadil Tavares de Castro José Tavares de Castro gostava de ser conhecido como “irmão Tavares”. Nasceu no Estado de Alagoas, numa localidade chamada Barra do Canhoto, Alagoas, em 1910. De família católica tradicional, criou-se nos ditames daquela religião, mantendo-a até à idade adulta, quando já não se importava, de modo efetivo, com a vida espiritual. Era um católico por tradição familiar. Mudando-se de sua cidade natal, para Maceió; no ano de 1934, veio a conhecer o evangelho na Assembleia de Deus, onde decidiu tornar-se um discípulo de Jesus Cristo.  O irmão Tavares manteve em toda a sua vida cristã um amor indescritível pela Palavra de Deus, e pela oração; não dispensava os Estudos Bíblicos, nem a Escola Dominical em sua igreja. Tornou-se um evangelista, levando a mensagem do evangelho por onde andasse. Costumava ter sempre consigo uma edição do Novo Testamento e Salmos, hoje relíquia com um dos seus netos. Ficou viúvo e pai de uma filhinha.  Entre 1...

A inauguração do templo da AD no Brás

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No dia 25 de janeiro de 1962, São Paulo estava em festa. Era 408º aniversário de fundação da cidade. Comemorações em diversos pontos da metrópole eram feitas. Mas no famoso bairro operário do Brás, localizado na região central da metrópole paulista, a festa era outra. Ocorria a inauguração do templo da AD Ministério de Madureira. Ainda de madrugada, ônibus lotados de entusiasmados fiéis chegavam para o grande evento. Bandas musicais começaram a tocar a alvorada pelas ruas do movimentado bairro paulistano, antecipando assim as grandes festividades. Por volta das 14 horas, na Praça da Sé, uma grande multidão seguiu em cortejo ao novo templo. Pastor Álvaro e filhas: prontos para o desfile da inauguração À frente, uma vistosa banda musical (com mais de 200 componentes) abria o caminho. Atrás, pastores, evangelistas, presbíteros, diáconos, banda feminina, assistentes sociais, membros do coral e mais de 10 mil crentes seguiam em desfile até à rua Major Marcelino. Chegando...

Carlos Padilha - combati o bom combate...

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* Por Jesiel Padilha  O pastor Carlos Padilha de Siqueira nasceu no dia 24 de outubro de 1925 na cidade de Monte Alto no Estado de São Paulo. Oriundo de família presbiteriana, nasceu no berço cristão protestante. Sua mãe era membro da Igreja Presbiteriana. Uma mulher devotada a Deus e dedicada à família que criou nove filhos. Seu caráter foi forjado nos serviços agropecuários e na frequência a Escola Dominical da Igreja Presbiteriana, durante sua adolescência e juventude. Aos dezenove anos, porém teve uma experiência espiritual muito forte com Deus e a partir dai se apaixonou pela pregação do evangelho e ensino da Palavra de Deus. Iniciou seu Ministério Eclesiástico ainda solteiro. Com 20 anos de idade já pregava o evangelho e com 21 anos dirigia pontos de pregação nos distritos ainda não alcançados pelo evangelho. Naquele período conviveu com a trágica II Guerra Mundial e com a transição da República Velha para o Estado Novo no Brasil. Carlos Padilha - combati o b...

O desmoronar de um ministério

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Pastor Marinésio da Silva Soares liderava uma igreja promissora. Inaugurou em 1978, o templo sede da AD em Campinas considerado "um dos mais belos e funcionais do Brasil". Politicamente mostrou força ao conseguir eleger seu genro, Manoel Moreira para deputado federal constituinte, e como consequência, sua família ascendia na sociedade. Mas, a separação tumultuada da filha do então deputado Moreira se revelou um desastre para todos.  As denúncias da "Musa" da CPI do Orçamento atingiu em cheio Manoel Moreira. Sua cassação seria inevitável, mas renunciou para evitar a perda dos direitos políticos. Contudo, o interesse midiático em sua inusitada carreira política promoveu uma devassa em sua vida particular, onde se viu que o humilde cabo da aeronáutica, em pouco tempo tornou-se um rico proprietário de mansões cinematográficas. A separação litigiosa igualmente recebeu destaque, pois afinal a sua "ex" agora revelava suas falcatruas nada evangélicas. Como...