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Mostrando postagens com o rótulo Ministério

Ministérios Hereditários - o caso da AD em Bento Ribeiro, RJ

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Quando o assunto sucessões familiares vêm à baila, muito se comenta sobre os Ministérios e Convenções mais conhecidas no Brasil (Belenzinho, Santos, Madureira, Belém do Pará). Como já se observou em outras postagens, alguns Ministérios são controlados por determinadas famílias há décadas. Porém, há um Ministério que desde a sua fundação no ano de 1945, é liderado por um só clã familiar: a AD em Bento Ribeiro, bairro da Zona Norte no Rio de Janeiro. Tudo começou quando um membro da Igreja Congregacional, Horácio da Silva, vivenciou a experiência pentecostal. A casa dos Silva era utilizada para os cultos da Congregacional desde 1930, mas depois de receber o batismo no Espírito Santo, Horácio resolveu começar em sua residência, na Rua Conde de Resende 306, uma congregação da AD. Utilizando a máquina de costura da esposa como púlpito, Horácio viu no primeiro culto em sua moradia uma pessoa aceitar a Jesus. Na segunda reunião, duas pessoas se renderam a Cristo, e na terceira mais sete; no q...

Sucessões pastorais - modus operandi

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Na postagem anterior tratou-se da resolução da CGADB de 1937 sobre as sucessões pastorais nas ADs e como a proposta convencional (utópica) foi atropelada pela realidade do crescimento da denominação e da sua estrutura hierárquica em formação  (ler aqui) .  Com a consolidação do modelo episcopal e da organização burocrática da maioria dos ministérios, as sucessões passaram a ser muito bem controladas pelos pastores-presidentes, que no topo da hierarquia ministerial pavimentam o caminho para os seus "escolhidos", geralmente um parente próximo e de confiança. E como isso acontece? No modelo assembleiano o pastor-presidente possui o controle da administração e dos recursos financeiros. Na prática é um patrão com poder para admitir ou demitir os funcionários da igreja-empresa. Muitos dos obreiros ligados ao ministério por dependerem financeiramente da instituição não se opõem as determinações do líder maior. O receio de desligamento ou da transferência para locais mais distantes d...

Sucessões pastorais - utopia x história

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Os questionamentos sobre as sucessões ministeriais dentro das ADs é antiga. Na Convenção Geral das Assembleias de Deus (CGADB) em 1937, em São Paulo, capital, o assunto veio à tona entre líderes assembleianos de todo o Brasil. O jornalista Silas Daniel em seu livro "História da CGADB" relata que a discussão foi levantada pelo pastor Heitor Vieira. Depois de algumas explanações e uma profecia, a CGADB aprovou a seguinte resolução: o pastor ao transferir o trabalho eclesiástico deveria "orar muito a Deus nesse sentido" para receber a revelação divina sobre o possível sucessor e depois apresentá-lo ao "ministério da igreja". Caso o ministério (pastores-auxiliares, presbíteros, diáconos e cooperadores) estivesse em concordância com o líder, o "escolhido" deveria ser apresentado à igreja, que "estando na vontade de Deus" reconheceria a decisão. CGADB de 1937 debateu sobre as sucessões ministeriais   Portanto, o filtro das sucessões, em tese,...

Como se deve apascentar o rebanho de Cristo?

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Não é de hoje que as discussões sobre o conceito de ministério é um assunto preocupante para as Assembleias de Deus no Brasil (ADs).  As controvérsias sobre o tema sempre existiram: deveria o pastor concentrar tantas congregações sob sua autoridade? Seria a titulação "pastor-presidente" ou "pastor-geral" algo correto diante do modelo bíblico de administração de igreja? E o papel dos presbíteros e das mulheres na denominação? Poderiam exercer funções pastorais? As indagações, além de envolver a busca sincera pela vontade divina, também serviam para apontar criticamente para alguns excessos, desvios ou má interpretação do texto sagrado. Coisa muito comum em movimentos religiosos de expansão rápida e de ministério com formação leiga.    Na 2ª Convenção Regional da AD no estado de São Paulo, realizada em dezembro de 1935, quando a igreja paulista era liderada pelo missionário sueco Simon Lundgren, algumas questões surgiram e foram respondidas e registradas no Mensageiro...

Está Errado - Escolha de Obreiros

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O Pastor José Menezes (1896-1972) foi um dos grandes pioneiros das ADs Brasil e profícuo escritor pentecostal. Entre 1960 a 1973, foi comentarista das Lições Bíblicas da Escola Dominical da CPAD e colaborador do extinto Boa Semente e do Mensageiro da Paz. Paraibano de São Miguel de Taipu, Menezes tinha origens presbiterianas quando entrou em contato com as ADs em 1919. Por décadas serviu como obreiro em diversos estados do país e faleceu em 1972, na liderança da AD em Manaus. Além disso, o pioneiro foi um arguto observador das transformações sociais, litúrgicas e ministeriais das ADs. Algumas dessas observações sobre os rumos da denominação, ele deixou registrado em 1969, na coluna "Está Errado" do Mensageiro da Paz , na época, o principal mídia das ADs no Brasil. O ano de 1969, também marcava os 50 anos do ingresso de José Menezes na igreja pentecostal nascida em Belém do Pará.  Pastor José Menezes (1896-1972) Numa das edições do Mensageiro da Paz , Menezes tratou do tema:...

Sumário Histórico dos 20 primeiros anos da ADEPLAN

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Por Edson Lago Cruz* Impulsionado pelo Espírito Santo, o Pastor Geraldo Batista de Araújo, em companhia de um grupo de oito pessoas – nele incluída sua família (esposa e filhos), fundou no dia 07 de setembro de 1971, (a dois meses de atingir 50 anos) a Igreja Evangélica Assembleia de Deus do Planalto Central. A sede provisória ficava na Asa Norte, Plano Piloto em Brasília. A iniciativa “obedecia a visão celestial" na qual o Senhor ordenava ao Pastor Geraldo Batista de Araújo que “atravessasse o Jordão”. A primeira diretoria da ADEPLAN assim foi composta: Presidente: Pr. Geraldo Batista de Araújo; Vice-Presidente: Pr. Antônio Cardoso dos Santos; Primeiro Secretário: Elionai Batista de Araújo (filho do Pr. Geraldo); Segundo Secretário: José Arimatéia Fernandes da Silva; Primeiro Tesoureiro: Alano Soares de Souza e como Segundo Tesoureiro: Jemima Garcia de Araújo (filha do Pr. Geraldo e que posteriormente se tornou esposa do saudoso Bispo Daniel Malafaia). O Pastor Geraldo Batista de...

Igrejas e Ministérios - a busca pela legitimidade

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As Assembleias de Deus no Brasil vivem nos últimos anos, uma intensa fragmentação ministerial. CGADB, CONAMAD, CADB e outras convenções menores disputam espaço e representatividade no mundo eclesiástico e, principalmente, no político. Na última postagem do blog, refletiu-se sobre a importância e utilização da história e memória na busca pela legitimação institucional, pois diante da cada vez mais acirrada concorrência ninguém quer ficar à margem da história ou parecer um simples genérico dentro do sistema. Por esse motivo, entre as igrejas cresceu a valorização e a utilização de substantivos que reforçam suas origens. Exemplo disso é a valorização que a AD em Belém/PA dá cada vez mais ao título Igreja-Mãe. As ADs em Santos/SP e em Macapá/AP também enfatizam sua primazia em seus estados com a nomenclatura "a pioneira". Mas há casos inusitados. Em Manaus/AM, nos anos 2000, uma cisão gerou a AD Tradicional. Nascida em oposição aos métodos controversos da AD liderada ...

As Assembleias de Deus fragmentadas do Rio de Janeiro

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O Rio de Janeiro ainda era a Capital da República do Brasil quando, em 1925, o missionário sueco Gunnar Vingren e sua esposa Frida organizaram oficialmente a Assembleia de Deus no bairro de São Cristóvão, Zona Norte da cidade. Conduzida pelos obreiros escandinavos, o trabalho pentecostal expandiu-se por toda a região do antigo Distrito Federal e o estado fluminense. Ainda na década de 1920, Paulo Leivas Macalão deu início ao seu ministério nos subúrbios do Rio. Não era uma divisão formal, pois Macalão desenvolvia suas atividades evangelísticas em cooperação com os suecos, mas o próprio Vingren havia registrado em seu diário o perfil independente do jovem obreiro. Em 1941, finalmente, o Ministério de Madureira obteve sua personalidade jurídica. Informalmente, porém, a distinção Missão e Madureira já tinha se imposto nas ADs do Rio, e por conta das circunstâncias, com mais força em São Paulo. O saudoso pastor José Pimentel de Carvalho, em histórica entrevista ao O Assembleiano ...

Presbíteros - o ministério da resistência

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Toda denominação religiosa possui sua hierarquia. As ADs, ao longo dos anos cristalizaram a sua: cooperador/auxiliar, diácono, presbítero, evangelista e pastor. Atualmente, em alguns ministérios outras nomenclaturas foram admitidas como a de apóstolo, bispo (a) e pastoras. Cooperador, diáconos e presbíteros dentro da denominação, caracterizaram-se por serem ministérios voltados para a igreja local, enquanto que evangelistas e pastores tem seu foco mais no contexto regional ou nacional das ADs. Mas é o presbítero ou o presbitério, o alvo das maiores controvérsias na história da AD, tanto teologicamente como administrativamente. O historiador Maxwell Fajardo, em seu livro Onde a luta de travar , destaca que os presbíteros (chamados anciãos nos primeiros tempos), na CGADB de 1933, foram autorizados a ministrar os sacramentos antes efetuados somente pelos pastores, no caso unção dos enfermos e batismo nas águas. Era a padronização das atividades do presbitério entre as diversas AD...

As Assembleias de Deus - títulos e honrarias

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"O brasileiro é vaidoso e guloso de títulos ocos e honrarias chocas. O seu ideal é ter distinções de anéis, de veneras, de condecorações, andar cheio de dourados." (Lima Barreto) Para muitos assembleianos causa surpresa a proliferação de títulos considerados "exóticos" dados aos principais líderes da denominação. Ainda soa estranho, por exemplo, certas igrejas terem como seu líder máximo um "Apóstolo" ou "Bispo". Vale lembrar, que no Mensageiro da Paz na década de 1930, quando se anunciava estudos bíblicos, obreiros como Samuel Nyströn, Gunnar Vingren entre outros, eram chamados simplesmente denominados de "irmãos". E ser pastor naquela época, era muitas vezes viver sem salário, sem honrarias e com muita perseguição. Mas em 1938, segundo Silas Daniel no livro História da CGADB, "entrou em pauta o ministério de apóstolo". Concordaram os obreiros com a existência do ministério apostólico, mas rejeitaram a "c...

Reuniões e cultos nas ADs – novos significados

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As Assembleias de Deus em mais de cem anos de história, já passou por significativas transformações. Por ser uma denominação presente em todo território nacional, ela é também muito diversificada. Não há uniformidade em tudo, mas o  objetivo dessa postagem é somente refletir sobre certas mudanças.  Algumas retratam alterações sociais e econômicas. Outras, o direcionamento teológico e político da igreja. Conforme a participação dos leitores a lista pode ser aumentada. Vamos aos verbetes: Culto de doutrina : assim era chamado a reunião semanal, geralmente as terças-feiras, que em tese seria de ensinamentos bíblicos. Mas os crentes de boa memória sabem, que de Bíblia tinha muito pouco, e se havia alguma coisa, eram versículos descontextualizados para reforçar os usos e costumes. De tão desgastado, o termo "doutrina" é evitado. Hoje as igrejas preferem nomear as reuniões de culto de edificação cristã ou ensinamento. Vigília: reunião noturna de oração que atravessa a madru...

Assembleia de Deus Madureira - do "papado" ao bispado

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As redes sociais na internet, divulgaram com rapidez a recente novidade do mundo assembleiano. Na 40ª Assembleia Geral Ordinária (AGO) da Convenção Nacional da Assembleia de Deus Madureira, a qual está se realizando na cidade de São Paulo, no templo da AD no Brás, oficializou-se mais cinco novos bispos no ministério. Além do bispo Manoel Ferreira, presidente vitalício da igreja, os escolhidos agora para a tão grande honra são os pastores Samuel Ferreira (SP), Abner Ferreira (RJ), Abigail Carlos de Almeida (GO), Daniel Malafaia (RJ) e Oídes José do Carmo (GO). Sobre os dois primeiros, o sobrenome já diz tudo: pertencem ao clã que domina o ministério. Os demais são obreiros estratégicos no apoio e consolidação do poder familiar. Bispado de pai pra filhos Historicamente, o uso de novas nomenclaturas ministeriais dentro das ADs nunca se deu sem alguma contestação. A CGADB de 1938, realizada em Recife (PE), rejeitou a consagração de apóstolos. Somente seis décadas depois, é ...

José Menezes - Está Errado

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O Pastor José Menezes (1896 - 1972) foi um dos pioneiros das ADs no Norte e Nordeste do Brasil. Liderou várias igrejas, convivendo com os missionários suecos e os pastores mais antigos da denominação. Também produziu muito na área literária: entre 1960 a 1973 comentou as Lições Bíblicas da Escola Dominical (CPAD) e escreveu muitos artigos doutrinários para o Mensageiro da Paz. Em um desses artigos, publicado na coluna intitulada Está Errado no MP (1ª quinzena de abril de 1969), Menezes fez fortes criticas aos chamados "pastores regionais". Os "pastores regionais", segundo o jornalista Geremias Couto, era uma titulação muito comum no Nordeste para designar os líderes que supervisionavam as igrejas de um estado ou região. No passado, os mais conhecidos a desempenhar essa função foram os pastores José Teixeira Rêgo do (CE) e Estevam Ângelo de Souza (MA). Atualmente em Pernambuco, o Pastor Aílton José Alves lidera dessa forma. Pastor Menezes: críticas ao pastor region...