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Mostrando postagens com o rótulo Televisão

A sucessão em Belém, PA - "casamento" e "divórcio" (1ª parte)

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O mês de março de 2025, será marcado por várias celebrações no contexto das Assembleias de Deus (AD) no Pará, ao centenário do pastor Firmino da Anunciação Gouveia. Nascido em Portugal em 25 de março de 1925, Firmino chegou ao Brasil com três anos de idade. Jovem converteu-se ao evangelho e na sua carreira ministerial foi alçado ao posto de pastor-presidente da AD em Belém, capital paraense.  Entre 1968 e 1997, Firmino, o sétimo, expandiu o campo eclesiástico abrindo novas congregações na capital, enfrentou crises, formou novas lideranças, presidiu a COMIEADEPA, construiu o atual templo-central da igreja, fundou um instituto bíblico e investiu pesado em mídias eletrônicas. Todavia, ao terminar a “Era Firmino” também findou a própria unidade das ADs no Pará. Não que as coisas estivessem às mil maravilhas. Ao não ser mais reconduzido à presidência da COMIEADEPA, e centralizar ainda mais seus poderes administrativos na Igreja-Mãe, o pastor Gouveia gradualmente distanciou-se dos seus p...

O aggiornamento da AD em Belém do Pará

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Em seu livro O Aggiornamento do Pentecostalismo Brasileiro , o historiador Moab César reflete sobre o processo de “atualização” (aggiornare) das ADs, principalmente a partir da década de 1980. Segundo o escritor, o processo de adaptação à sociedade de consumo levou muitas lideranças das ADs a empreender “novos projetos expansionistas, mais ajustados ao mercado consumidor e às novas possibilidades que se apresentavam”. Todavia, esse processo não foi (e ainda não é) uniforme dentro de uma denominação como as ADs no Brasil. Alguns ministérios e convenções saíram na frente no movimento de “aggiornamento” e outros resistiram (e ainda resistem) ao máximo às novas tendências. Matéria do MP sobre o Vale da Benção Dos líderes de envergadura nacional, talvez o pastor Firmino da Anunciação Gouveia tenha sido o que realmente mergulhou de cabeça nesse projeto de adaptação aos novos tempos. Nos últimos anos de sua gestão em Belém, o patriarca resolveu apostar em novos métodos de evangelismo na Igrej...

Joaquim Marcelino da Silva - entrevista histórica

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O pastor Joaquim Marcelino da Silva foi um dos principais pastores das ADs no Brasil e por duas vezes exerceu a vice-presidência da Junta Executiva da CGADB. No período que liderou a AD em Santo André/SP, a igreja paulista hospedou a Convenção Geral em 1966 e 1975. O Mensageiro da Paz , em janeiro de 1969, publicou uma rara entrevista com o líder assembleiano, que no fim da década de 1940, era carregador da mala do pastor Cícero Canuto de Lima e por ele foi ordenado pastor em 1948. É possível que sonhasse ser sucessor do velho "timoneiro", pois era um dos obreiros mais preocupados com a sucessão de Cícero. Na entrevista, Marcelino comenta assuntos reveladores de como os pastores assembleianos encaravam o que eles chamavam de "inovações". Também não faltou críticas à televisão, na época considerado o grande perigo para a vida espiritual. Vale lembrar que foi gestão do pastor Joaquim Marcelino, em Santo André, que a CGADB de 1975 produziu o famoso documento norma...

Televisão - O Canal 23

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No Mensageiro da Paz,  em fevereiro de 1967, foi publicado O Canal 23 . É notório na história assembleiana, que a televisão, suas programações e uso, sempre foram alvo de acirrados debates nas Convenções Gerais.  Criou-se toda uma mentalidade contrária a TV. Poucos tinham coragem de usar o aparelho abertamente em casa. A proibição era geral. Hinos eram compostos e gravados para combater a maléfica mídia. Um exemplo disso foi o LP da dupla Ageu e Mauro intitulado TV Tira a Visão. O versículo 3 do Salmo 101, “Não porei coisa má diante dos meus olhos" era o texto áureo dos pregadores contrários à mídia televisiva. Profecias e visões eram recorrentes para confirmação das mensagens. São memórias, que fazem parte do vasto folclore assembleiano. Em tempos de internet, as discussões sobre ter ou não televisão soam anacrônicas. Mas diante da baixa qualidade das programações (reality shows, novelas, seriados, programas de auditórios e policiais) O Canal 23 , cinquenta a...

Assembleias de Deus – televisão e o reality culto

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Implantada no Brasil em 1950, por obra do polêmico empresário e jornalista Assis Chateaubriand, a televisão foi anunciada como "o mais subversivo de todos os veículos de comunicação do século" – detalhou o escritor Fernando Morais, biógrafo do antigo dono dos Diários Associados . Assim como o rádio, a televisão sofreu rejeição por muito tempo dentro das ADs no Brasil. No Dicionário do Movimento Pentecostal , há o registro sobre os primeiros debates sobre à nova mídia na CGADB de 1957. É possível que muitas das argumentações para o uso da TV na evangelização, assim como no caso do rádio e dos institutos bíblicos, estivessem a cargo dos missionários norte-americanos. A entrevista do missionário Nels Lawrence Olson, na revista A Seara (edição maio/junho de 1957), meses antes da Convenção Geral realizada em Belo Horizonte é indicativo disso. "Devemos estar com as vistas voltadas para a televisão que rapidamente vem substituindo o rádio como meio de difusão"  ...

Nels Lawrence Olson - o missionário das mídias eletrônicas

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Nels Lawrence Olson é um nome conhecidíssimo dentro das ADs no Brasil. Sobre ele está escrito no site da CPAD: "Missionário norte-americano nas Assembleias de Deus, pioneiro e pastor de igrejas Assembleias de Deus em Minas Gerais, pioneiro do radioevangelismo e do ensino teológico nas Assembleias de Deus, tradutor, editor, escritor, articulista, ensinador e comentarista de Lições Bíblicas da Escola Dominical". Nas publicações da CPAD há um vasto material sobre esse estadunidense que desempenhou um importante trabalho dentro das ADs. Hoje, obviamente, à memória do irmão Lourenço é celebrada. Mas quando iniciou o programa de rádio no interior de Minas Gerais em 1947, e posteriormente abriu o Instituto Bíblico Pentecostal (IBP) no Rio de Janeiro em 1960, Olson causou desconforto entre as lideranças da época. Apesar da utilização do rádio ser liberada para evangelização na Convenção Geral em 1937, o uso do mesmo ainda era um tabu dentro das ADs. Lideranças de expressão ...

A memorável apresentação do Coral e Orquestra Avivamento

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A II Convenção Regional das Assembleias de Deus do Distrito Federal ocorrida entre os dias 17 a 21 de julho de 1966, foi sem dúvida memorável. Fruto de um acordo entre os líderes dos Ministérios representados na "Capital da Esperança", o conclave procurava de alguma forma unir os trabalhos das ADs no centro político do país. Para presidir a Mesa Diretora foi eleito Paulo Leivas Macalão tendo o pastor Armando Chaves Cohen como vice. Segundo matéria do Mensageiro da Paz , assuntos "do maior interesse" das ADs em Brasília "estiveram em pauta". Entre eles a Conferência Mundial Pentecostal, a qual seria realizada na cidade do Rio de Janeiro em 1967. Para abrilhantar o evento, Paulo Macalão trouxe do Rio de Janeiro, o Coral e Orquestra Avivamento. Antes de se apresentar na igreja, o coral e a orquestra juntamente com alguns obreiros compareceu na extinta TV Nacional no domingo dia 17, onde "apresentou vários hinos de louvor a Deus" regido semp...

AD Ministério do Belenzinho: proibição da TV

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O Mensageiro da Paz , órgão oficial das Assembleias de Deus no Brasil, sem dúvida alguma (como em outros temas) refletiu em suas páginas à problemática relação da igreja com a TV. Como as Assembleias de Deus são muito heterogêneas, os pontos de vista variavam. A postura geralmente era de conservadorismo, porém em determinados momentos, o assunto televisão  - conforme ela se popularizava - recebia nas páginas do MP tratamento diverso, refletindo as diferentes opiniões sobre o aparelho. Mas, alguns momentos são emblemáticos, até para se compreender as posturas conservadoras de cada ministério. Talvez, uma das posições mais fortes contra à TV procedeu do Ministério do Belenzinho (SP).  TV: em 1962 era o mal sorrateiro entrando na igreja Em setembro de 1962, na Escola Bíblica e Convenção Regional do Ministério do Belém, os obreiros deliberaram - sob à presidência do veterano pastor Cícero Canuto de Lima - sobre o uso da televisão. Publicado no MP (2ª...

Televisão nas ADs: proibições, debates e contexto histórico

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O sociólogo Gedeon Alencar em seu livro Assembleia de Deus : origem, implantação e militância (1911-1946), diz que as Assembleias de Deus, tiveram uma "luta inglória contra o rádio e posteriormente contra a TV". Analisando a  história das ADs, é fácil perceber, o quanto esses meios de comunicação geraram discussões acaloradas entre as lideranças. No caso da TV especificamente, os debates se intensificavam  na medida em que esse veículo de comunicação, transformava os hábitos sociais e influenciava os valores da sociedade. Nas Assembleias de Deus o hábito de assistir TV foi chamado de "televisolatria" Inaugurada em 1950, a TV durante alguns anos foi um objeto raro no lar dos brasileiros. Sérgio Mattos, estudioso da mídia televisiva, afirma em seus estudos que, no ano de seu surgimento até 1964, a TV viveu sua fase elitista, ou seja, somente os mais abastados tinham acesso ao aparelho e seus programas. Segundo dados oficiais da história das ADs, já na convenç...

Televisão: o veículo subversivo

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O dia 18 de setembro de 1950, foi uma data especial para a história das telecomunicações no Brasil. Neste dia, foi inaugurada oficialmente na cidade de São Paulo, por iniciativa do polêmico empresário e jornalista Assis Chateaubriand a TV Tupi-Difusora. Conforme descreveu o escritor Fernando Morais, Chateaubriand em seu discurso com a presença de políticos, empresários, técnicos e artistas, anunciou a nova mídia como "... o mais subversivo de todos os veículos de comunicação do século, a televisão". A aposta de Assis Chateaubriand no novo meio de comunicação era grande. Mas na verdade, a TV iniciou no país de forma precária e limitada. Foi com a ajuda de profissionais oriundos do rádio, é que a TV se desenvolveu em suas primeiras décadas. Mas qual impacto que esse meio de comunicação teve nas Assembleias de Deus no Brasil? Pelos registros históricos, a TV - assim como o rádio - foi considerado realmente subversivo como previu Chateaubriand, porém no sentido pejo...