O Centenário da AD em Santos - início, expansão e crises
A histórica cidade de Santos, no litoral de São Paulo, contava com 135 mil habitantes, quando em 1924, pentecostais vindos do Recife (PE) iniciaram o trabalho de evangelização no bairro da Ponta da Praia. No mesmo ano, o missionário sueco Daniel Berg desembarcou na região para fundar oficialmente a Assembleia de Deus (AD).
Nestes cem anos de existência da igreja, além de Daniel Berg, lideraram a AD santista os pastores Jahn Sörheim, Clímaco Bueno Aza, Simon Lundgren, Olímpio Rodrigues, Clímaco Bueno Aza, Francisco Gonzaga da Silva, Francisco Paiva Figueiredo, Bruno Skolimowski, Geraldo Machado, Henrique Lelis Conceição, Eurico Bergstén, João Alves Corrêa e; por último, seu atual presidente, Paulo Alves Corrêa.
Durante esse período, a congregação pentecostal passou do galpão da avenida Rei Alberto, Ponta da Praia, para a rua João Guerra, 266, local que ficava entre a área portuária e a zona da orla, no Macuco, um dos bairros mais tradicionais e, na época, mais populoso de Santos. Com as conversões e crescimento da obra, a igreja construiu um templo mais espaçoso, não muito distante do endereço anterior.
No dia 1º de maio de 1938, foi inaugurada a nova casa de oração da AD santista, em seu tradicional e histórico endereço, na rua Dr. Manoel Tourinho, 351. Medindo 13 x 30 metros, o templo comportava aproximadamente mil pessoas. Numa cidade com forte organização de trabalhadores com pendores grevistas, a data da inauguração não poderia ser mais sugestiva.
Foi neste templo na rua Dr. Manoel Tourinho, que a igreja santista recebeu entre 15 a 19 de junho de 1953, uma das mais polêmicas Convenções Gerais das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB). E um dos assuntos debatidos com fervor pelos convencionais foi sobre os trabalhos abertos pelo Ministério de Madureira em São Paulo e, mais especificamente, na linha Santos-Juquiá.
A ferrovia Santos-Juquiá era uma das linhas de trens de passageiros mais tradicionais do estado. Passava por Praia Grande, vindo de Santos e seguia pelo Vale do Ribeira até Juquiá. Nesse trajeto, Madureira abriu congregações em meados da década de 1940, o que foi denunciado pelo então líder da AD em Santos, Bruno Skolimowski, como “invasão de campo”.
O pastor Alfredo Reikdal da AD no Ipiranga, na cidade de São Paulo, chegou a sugerir a saída do Ministério de Madureira do estado. Depois de intensas discussões e de grande pressão dos demais líderes assembleianos, o pastor Paulo Macalão entregou a AD em Santos às congregações em Itariri e Juquiá.
No mesmo ano, o pastor Bruno Skolimowski entregou o rebanho de fiéis ao pastor Geraldo Machado, que permaneceu no cargo até meados de 1961. Entre 1961 a 1962, a igreja santista viveu momentos de turbulência. Afastado da liderança por questões éticas, Machado cedeu lugar para Henrique Lelis Conceição, que foi substituído pelo missionário Eurico Bergstén.
Bergstén, em entrevista à revista O OBREIRO, declarou que estava em Pernambuco e voltou ao estado de São Paulo em 1961 “às vésperas de uma grande divisão que envolvia inclusive igrejas do interior”. Os conhecedores da história das ADs sabem: onde havia crises aparentemente incontornáveis, Bergstén era chamado para ser o pacificador
Neste contexto, assumiu em 1962, um dos mais longevos pastores da AD em Santos: João Alves Corrêa. Começava uma novo tempo para a igreja do litoral paulista.
Fontes:
ALENCAR, Matriz Pentecostal Brasileira: Assembleias de Deus 1911-2011 (2ª edição ampliada). São Paulo: Recriar; Vitória: Editora Unida, 2019.
ARAÚJO, Isael de. Dicionário do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
CABRAL, David. Assembleias de Deus: a outra face da história. 3 ed. Rio de Janeiro: Betel, 2002.
CORREA, Marina. Assembleia de Deus: Ministérios, Carisma e Exercício de Poder. 2 ed. São Paulo: Recriar, 2019.
DANIEL, Silas. História da Convenção Geral dos Ministros das Igrejas Evangélicas Assembleias de Deus no Brasil -1930 a 2021 (Edição Revista e Ampliada). Rio de Janeiro: CPAD, 2022.
FAJARDO, Maxwell. Onde a luta se travar: uma história das Assembleias de Deus no Brasil. 2 ed. São Paulo: Recriar, 2019.
OBREIRO - Liderança Pentecostal, ano 19 - nº 01/Rio de Janeiro: CPAD, 1997.
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