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Mostrando postagens com o rótulo Assembleia de Deus

Onde a luta se travar - o livro

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* Por Gedeon Freire Alencar Maxwell Fajardo, um intelectual orgânico e ministro assembleiano, se insere na pesquisa como um exemplar tipo de pesquisador da Rede Latina de Estudos do Pentecostalismo – RELEP.  Uma rede articulada nos dos anos 90, com pesquisadores do México , Chile, Peru e Brasil que tem uma especificidade: um grupo de pesquisa sobre o pentecostalismo formada por pesquisadores pentecostais.  Não tem a pretensão de reserva de mercado, a RELEP apenas indica: nós também temos algo a dizer sobre nós mesmos. Os estudos pós-coloniais nos legitimam. Sim, os subalternos tem voz. Segundo alguns, não deveriam, mas tem. E falam. E o fazem muito bem, como o Fajardo, em sua tese de doutorado em historia na UNESP. Os colonizadores acadêmicos talvez não consigam entender – por ignorância ou má fé, ou pela conjugação das duas - que os índios pentecostais, talvez, não se sintam perfeitamente alcançados com as descrições realizadas. Algumas assumidamente preconce...

Celebração da Centésima postagem

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O blog Memórias das Assembleias de Deus comemora sua centésima postagem. Desde o ano de 2009, esse espaço tem sido destinado a refletir, compartilhar e divulgar outras "histórias" sobre a maior denominação pentecostal do Brasil. Algumas postagens foram tímidas, mas na medida em que as pesquisas foram se desenvolvendo, alguns temas puderam ser tratados com maior profundidade e reflexão. Agradeço a todos os meus amigos, colegas e irmãos que sempre me incentivaram a nesse blog colocar a história assembleiana sob outra perspectiva. Como celebração desse momento, deixo com os leitores algumas considerações sobre esse blog de bons amigos e incentivadores desse historiador voluntário das ADs. A memória é fundamental para a formação da identidade. Todos nós recorremos ao passado para explicar nossas escolhas e justificar nosso modo de vida. Um sujeito sem memória perde sua referência. Quem sofre de amnésia, não sabe mais quem é. O mesmo pode ser dito com relação às instituições...

CGADB de 1985: um pouco além da história oficial

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A história trás respeitabilidade e legitimidade a uma instituição, seja ela política, financeira, empresarial ou religiosa. Sendo assim, todo grupo institucional procura não só contar sua história, mas também controlá-la. E nesse processo, selecionam-se as informações, omitem-se outras, e na construção da narrativa histórica procura-se dar um tom edificante e moralista para os fatos que serão escritos e perpetuados no imaginário coletivo.  Com as Assembleias de Deus no Brasil não é diferente. Com as proximidades do centenário, e de outras datas significativas, sua liderança através da CPAD, procurou contar (ou recontar em alguns casos) a história da igreja e de seus líderes. Porém, como também é de praxe em toda instituição, passa ao largo de vários pontos polêmicos, e deixa vácuos enormes no entendimento da história. Somente nas entrelinhas que se percebe que algo não foi bem. Livro da CPAD: história na ótica oficial da liderança atual Um claro exemplo disso acontece...

Assembleia de Deus e a divisão em Pernambuco (continuação)

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A Assembleia de Deus no Brasil é uma denominação dividida em vários ministérios, convenções e igrejas independentes. Essas divisões geralmente são fruto de disputas de poder eclesiástico, e causam rivalidades acentuadas. Uma dessas rivalidades ministeriais mais conhecidas é a de Pernambuco, onde os ministérios da AD em Recife e Abreu e Lima encontram-se em agudo desentendimento há alguns anos. Mas como esses ministérios chegaram a esse antagonismo?  Como vimos em outra postagem, a igreja em Abreu e Lima, até teve em seu passado sua autonomia jurídica, mas a independência em relação ao ministério do Recife foi rechaçada pelas lideranças da capital. Nos anos 50, após crises sucessórias, assume a liderança da AD no Recife e no estado de Pernambuco o pastor José Amaro da Silva. Homem humilde, mas dotado de sabedoria e autoridade, manteve a união das igrejas e consolidou o ministério pernambucano em sua gestão. Porém, pastor Amaro da Silva sofre de um mal súbito e falece em 197...

A Harpa Cristã: a resistência da antiga teologia nas Assembleias de Deus

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Um conceito interessante no estudo da História é o das temporalidades históricas. Por esse conceito se entende que, diversos tempos históricos podem conviver no presente, e no mesmo espaço geográfico. Exemplo: agora mesmo no século XXI, em tempos de globalização, verifica-se o uso do trabalho escravo no Brasil, ou constata-se formas de sobrevivência pré-capitalista no sertão brasileiro, ou nas comunidades indígenas da Amazônia. Assim, o moderno e o arcaico, novo e antigo, presente e passado, disputam um lugar no sistema de valores das pessoas. Não há, portanto, segundo esse conceito, linearidade na história, e sim vários tempos históricos convivendo entre si. Harpa Cristã: uma teologia antiga num contexto de modernidade Dentro de uma denominação centenária como as Assembleias de Deus não é diferente. Um dos casos mais emblemáticos é o uso do hinário oficial da denominação: a Harpa Cristã. Com mais de 90 anos de uso, mesmo com algumas modificações e edições ao longo do tempo, ela...

Assembleia de Deus e a divisão em Pernambuco

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Os estudiosos das Assembleias de Deus sabem que a denominação, ainda que enorme e presente em todo território nacional é fracionada em vários ministérios nem sempre amigos entre si. Um exemplo clássico dessa fragmentação é o ministério de Madureira, o qual devido ao seu expansionismo causou diversas polêmicas entre as lideranças das igrejas da Missão. Desligados da CGADB, hoje Madureira segue realizando seu trabalho sem mais aquelas antigas contestações. Mas outros casos existem no Brasil a fora. Um dos mais conhecidos é o caso da Assembleia de Deus em Pernambuco. Lá convivem, concorrem e se digladiam os ministérios da AD em Recife e de Abreu e Lima. Mas como a AD no estado pernambuco chegou a esse ponto de possuir dois ministérios antagônicos? A mensagem pentecostal teria chegado a Pernambuco por intermédio de Adriano Nobre em 1916, porém é com o casal sueco Joel e Signe Carlson que a AD iniciou suas atividades oficiais na capital pernambucana. Da capital se expandiu...

A sineta: um símbolo aposentado nas Assembleias de Deus

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As transformações que passam as Assembleias de Deus no Brasil não são só de ordem de usos e costumes, mas teológica, também. É consenso, que cada vez mais a famigerada teologia da prosperidade consegue adeptos e se implanta em vários ministérios assembleianos. Mas algumas mudanças, além das teológicas, são perceptíveis também na decoração, nos púlpitos e no acréscimo ou na falta de alguns objetos dentro dos templos das ADs.  Entre esses objetos, um que perdeu sua função foi a sineta. Sim, a sineta! Nada talvez, simbolize tanto uma era quanto ela, e seu desaparecimento fala mais do que as muitas analises teológicas e comportamentais dos novos tempos (e templos) assembleianos.  Dentro da liturgia das ADs, a sineta era o símbolo da ordem, a qual sempre deveria existir no andamento do culto divino. Iniciava-se muitas vezes os cultos com seu toque. Quando em algum momento da reunião, as atenções se dispersavam, ela era utilizada para dar chamar à atençã...

A Assembleia de Deus e o Regime Militar

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A postura dos evangélicos durante o Regime Militar (1964-1985) é controversa e polêmica. Mas é certo que a maioria das denominações apoiaram o regime de exceção que se instalou no Brasil durante pouco mais de 20 anos. Poucas vozes entre os protestantes se levantaram contra o regime.  O sociólogo Paul Freston afirmou em seu livro Evangélicos na Política Brasileira , que somente a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) lançou durante o período da ditadura um documento chamado de "Manifesto de Curitiba", criticando o governo dos militares e suas práticas de repressão. O que prevaleceu mesmo foi o apoio, inclusive com participação de ministros evangélicos nas denúncias de membros ou seminaristas considerados "subversivos". A cooptação política entre os protestantes também se deu através de nomeações de líderes leigos para cargos de importância (governadores, secretarias etc) e o aliciamento para os cursos da Escola Superior de Guerra (ESG). Preside...

Iconografia: quadro os dois caminhos

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Os mais velhos devem lembrar. Mas o quadro abaixo, assim como os discos do cantor evangélico Oséias de Paula e a caixinha de promessas era presença quase que obrigatória nos lares crentes. Tão logo se chegava na casa de um irmão, o sujeito já se deparava com essa mensagem visual, que reforçava o ethos assembleiano. Sobre esse símbolo da iconografia assembeliana assim nos diz Gedeon Alencar: Um quadro muito antigo, denominado de 'Dois Caminhos', talvez a única representação artística da época, e mesmo assim, rejeitada por muitas igrejas, é o bom exemplo da adequação cultural do neopentecostalismo. No caminho largo - o caminho da perdição -, está o cinema, o teatro, o cassino, as festas, pessoas (muitas) bem vestidas com chapéus, luvas, casacos, cartolas, guarda-chuvas, etc. Muitos enfeites. No jargão evangélico: muita vaidade. Muito espaço. Repetindo, o caminho é largo. Uma grande porta de entrada com uma faixa de Bem-Vindo. No prédio do teatro tem uma frase: 'Profana...

Missão & Madureira: a gênese dos conflitos em SP

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Na matéria comemorativa publicada no Mensageiro da Paz (março de 1980), do 50º aniversário da Igreja Evangélica Assembleia de Deus no bairro do Belém na cidade de São Paulo, o pastor José Wellington B. da Costa, repetindo a escrita do saudoso escritor Emílio Conde em seu livro histórico sobre as ADs no Brasil, assim descreveu a pluralidade de ministérios da AD na capital paulista: "A partir de 1938 as circunstâncias impuseram a existência de Assembleias de Deus independentes , com orientação e responsabilidades próprias, surgindo então os Ministérios do Brás e do Ipiranga". SP na década de 30-40: cidade palco de conflitos ministeriais entre Missão e Madureira Na verdade, José Wellington - futuro presidente da CGADB - foi muito diplomático em sua palavras, para descrever as cisões ministeriais ocorridas na década de 1930 no seio da denominação em SP. Ocorre que as tais "circunstâncias" que se "impuseram" (eufemismo utilizado por Conde), foram na re...

As Assembleias de Deus Brasileiras: uma interpretação sociológica

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A tese de doutorado do sociólogo Gedeon Alencar ASSEMBLEIAS BRASILEIRAS DE DEUS: Teorização, História e Tipologia 1911-2011, defendida no Programa de Ciências da Religião da PUC - SP promete - como outras obras do autor - polêmicas e várias discussões. Alencar já é bem conhecido no meio evangélico e assembleiano por suas pesquisas, livros e entrevistas, onde sempre levanta questões polêmicas sobre a história oficial da denominação. Certa vez afirmou em entrevista que Gunnar Vingren não seria assembleiano nos dias de hoje. Sempre alertou para a constante mitificação dos fundadores da igreja, dois pioneiros esquecidos e vencidos dentro da denominação que fundaram, mas alçados ao posto de herois nas últimas décadas. Destacou o ministério de de Frida Vingren, esposa de Gunnar, mulher pregadora, ensinadora e líder, a qual foi rejeitada pelos suecos e pastores brasileiros. Gedeon: sociólogo e estudioso das ADs no Brasil Cearense, assembleiano de berço, o pai de Gedeon, o pasto...

Foto Memória: delegação brasileira em Seul - Coreia do Sul

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A Conferência Mundial Pentecostal é um grande acontecimento do mundo evangélico. Realizada de três em três anos, a conferência reúne líderes pentecostais de todo mundo numa série de palestras e grandiosos cultos com renomados pregadores. Nessa foto, há o registro da participação de alguns pastores brasileiros presentes na Conferência Mundial Pentecostal realizada em Seul na Coreia do Sul em 1973. Identifica-se alguns pioneiros da AD no Brasil como N. Lawrence Olson, Alcebiades Pereira Vasconcelos, Liosés Domiciano (na época pastor da AD em Joinville), Paulo Leivas Macalão e sua esposa Zélia B. Macalão entre outros. No alto, uma bandeira do Brasil identificando a nacionalidade da caravana de líderes. Isael de Araújo no Dicionário do Movimento Pentecostal informa, que no final dos anos 70 e início dos anos 80, o pastor Lawrence Olson liderava algumas dessas caravanas. É um interessante registro, de uma liderança que deixou suas marcas na AD brasileira. O tempo, impl...

Celina Albuquerque: uma revisão da história assembleiana

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Celina Martins Albuquerque, é sem dúvida um dos nomes mais famosos da história das Assembleias de Deus no Brasil. Reconhecida como umas das pioneiras da AD, ela também foi destacada por muito tempo como a primeira crente no país a ser batizada com o Espírito Santo. Pode-se afirmar que durante quase 80 anos ou mais de sua história, as publicações oficiais da denominação eram firmes e contundentes na afirmação, de que essa senhora, falecida em 1966 aos 90 anos, cuja foto ilustra diversas publicações da CPAD, seria a primeira pessoa no Brasil a receber a experiência pentecostal, cuja maior evidência é o falar em novas línguas. Porém, ao ler com atenção o livro comemorativo do centenário assembleiano publicado pela CPAD, o discurso no qual se diz que Celina Albuquerque é a primeira crente da igreja batista a receber o Batismo com o Espírito Santo é abandonado. O relato, no qual se exaltava a senhora Albuquerque como pioneira dessa experiência no Brasil é sutilmente modificad...

Os Escolhidos - fragmentos da história assembleiana

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O livro "Os Escolhidos: a saga dos evangélicos na construção de Brasília" do jornalista Jason Tércio relata histórias surpreendentes sobre a Assembleias de Deus no Brasil. O objetivo do autor é contar como se deu a evangelização e instalação dos vários segmentos evangélicos no período da formação da nova Capital Federal. Nas páginas de "Os Escolhidos", se encontram diversas informações do trabalho pioneiro de batistas, presbiteranos, metodistas e, principalmente, assembleianos na grande obra do governo Juscelino Kubitschek. Filho de um pioneiro assembleiano (seu pai Venâncio Rodrigues do Santos foi pastor e escritor na AD) Tércio numa linguagem acessível e objetiva, conta as aventuras e desventuras dos primeiros evangélicos em Brasília. Segundo o pastor Joanyr de Oliveira, que prefaciou o livro, Tércio "retrata um mundo que lhe é muito familiar". Brasília foi projetada para ser a meta-síntese da administração JK, e o símbolo máximo do seu slogan "50...