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Mostrando postagens com o rótulo Ministério Feminino

Syne Kastberg - missionária de múltiplos talentos

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Eva Eufrosyne (Syne) Hane nasceu no dia 17 de janeiro de 1900, em Västerås, uma das mais antigas cidades da Suécia. Seu pai, Elias Hane, era pastor na congregação batista local. Tempos depois do nascimento da filha, os Hane mudaram-se para Nyköping, importante polo têxtil e comercial, com fácil acesso ao Mar Báltico e à exportação de seus produtos. Foi lá, na pequena e movimentada Nyköping, que Syne passou sua infância e juventude. O missionário Samuel Nyström, pioneiro das ADs no Brasil, informou ao Evangelii Härold que conheceu a futura missionária quando ela tinha apenas quatro anos de idade. A família Nyström, assim como os Hane, também era batista, uma minoria religiosa marginalizada pela Igreja Estatal Luterana da Suécia. Na memória do então adolescente Samuel, ficou o indelével talento poético do pastor Elias Hane, que ele percebeu anos depois no trabalho da filha na obra missionária em terras sul-americanas. Os Kastberg na década de 1930: Syne era  “habilidosa em todos os t...

Maria de Lourdes do Agreste

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O ministério feminino dentro das Assembleias de Deus (ADs) sempre foi motivo de intensos debates. Seja para defender o legado das pioneiras, e assim legitimar a ordenação de mulheres ao ministério, ou para combatê-lo como se isso fosse a maior das heresias assembleianas, o papel das mulheres na igreja e o seu reconhecimento divide os assembleianos. Oficialmente, a discussão ficou restrita nas CGADBs de 1930, 1983 e 2001. Em todas essas Convenções Nacionais, a possibilidade de ordenação ou reconhecimento formal do ministério das mulheres foi rejeitada. Porém, no mundo real, a realidade sempre se impôs sobre os “dogmas” eclesiásticos. Como exemplo disso, deixo na íntegra aos leitores do blog, a matéria da revista A SEARA (edição maio/junho de 1961) onde publicou-se a história da irmã Lurdes (Maria de Lourdes) Alencar, que no ano de 1957, iniciou o trabalho da AD em Ipubi, na época distrito do município de Ouricuri, no sertão pernambucano. Segundo o colaborador do periódico, o irmão João ...

Centenário da AD no RJ - homenagem à Frida Vingren

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No final da década de 1990, o sociólogo Gedeon Alencar em sua pesquisa de mestrado começou a ler e tabular os artigos do jornal Boa Semente e Mensageiro da Paz . Notou que o nome da esposa de Gunnar Vingren, o fundador das ADs no Brasil aparecia com destaque.  Frida Vingren escrevia, dirigia o jornal, pregava, ensinava, realizava cultos nas praças públicas e nos presídios e, na ausência do esposo, liderava a AD em São Cristóvão na cidade do Rio de Janeiro, antiga Capital da República no Brasil. Com tantas informações, Alencar se perguntou? Quem era essa mulher que veio sozinha da Suécia para casar com Gunnar Vingren e exercia tantas funções dentro da igreja, num tempo em que era vedado às mulheres o direito ao voto, mesmo nos países de legislação mais avançada. A mulher no Brasil, além de não votar, também não podia trabalhar fora sem autorização do marido e nem dirigir veículos automotores, pois o machismo contra a presença feminina na direção era muito grande. Segundo o Código C...

A invisibilidade das mulheres na história

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As questões de ministério e liderança feminina nunca foram ponto pacífico dentro das ADs no Brasil. Na Convenção Geral de 1930 em Natal, no Rio Grande do Norte, tentaram enquadrar as mulheres e dar uma solução satisfatória ao caso, todavia, sem sucesso aparente. Na contramão da sociedade, onde as mulheres conquistavam seu espaço e influência (sempre as duras penas), os líderes das ADs sinalizaram o oposto, ou seja, delimitaram a área de atuação do chamado “sexo frágil”. Segundo os convencionais de 1930, as irmãs teriam “todo o direito de participar da obra evangélica, testificando de Jesus e a sua salvação, e também ensinando quando for necessário”. Porém, quando se tratava de liderança, a democracia eclesiástica era limitada: “Mas não se considera que uma irmã tenha função de pastor de uma igreja ou de ensinadora, salvo em casos excepcionais mencionados em Mateus 12. 3-8 (uma referência ao princípio de necessidade). Isso deve acontecer somente quando não existam na igreja irmãos capac...

Paulina Veloso - diaconisa na IEADJO

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O ministério feminino sempre foi um tema controverso nas ADs brasileiras. A primeira Convenção Geral das ADs, em Natal (RN), no ano de 1930, determinou que as  mulheres poderiam testemunhar. Somente em casos de exceção, seria conveniente as irmãs atuarem como ensinadoras e pregadoras da palavra.  A decisão foi contrária a atuação de Frida Vingren, esposa do pioneiro Gunnar Vingren, na liderança da AD carioca.  Porém as mulheres continuaram destacando-se na história pentecostal, mesmo que, na maioria das vezes, seu trabalho fosse omitido da história oficial.  Uma das pioneiras cuja atuação ficou esquecida por muitos, foi a da jovem Élida Andrioli, uma das pioneiras da AD no estado de Santa Catarina. Pelo seu trabalho e desenvoltura, Élida foi separada a diaconisa por Gunnar Vingren, na AD em Itajaí, em 1931  (ler aqui) . Na Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Joinville - IEADJO, no ano de 1937, durante a terceira convenção regional na cidade, a irmã Paulina V...

Os 90 anos da AD em Santa Catarina - a primeira cooperadora

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Élida Andrioli Vieira A jovem Élida Andrioli Vieira foi uma das pioneiras da Assembleia de Deus em Santa Catarina. Aos 22 anos aceitou Jesus como salvador através da mensagem pregada pelo Pastor André Bernardino da Silva. Nos primórdios, a jovem muito cooperou na obra pentecostal, pregando e ensinando nos primeiros núcleos de crentes que se formavam na região.  Bernardino relatou no Mensageiro da Paz, que ao adoecer após um batismo em águas, não pôde atender a Escola Dominical em Itajaí, mas enviou a cooperadora para a tarefa de ensinar. Numa congregação de maioria analfabeta, a moça letrada tinha grande vantagem no desenvolvimento das ministrações. Posteriormente, com a visita de Gunnar Vingren, a Santa Catarina, Élida Vieira foi separada ao cargo de diaconisa da igreja.  É possível, que a jovem tenha sido a primeira cooperadora da AD catarina. João Santana, o doador do terreno para construção do primeiro templo é considerado o primeiro auxiliar, mas nas informações dadas ao...

A força de uma mulher

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O ano 2020 já entrou para a História como um ano atípico. A pandemia do COVID-19 afetou a economia mundial, desmontou discursos neoliberais, multiplicou o valor das "gigantes da tecnologia" e revelou amplamente as mazelas e inseguranças dos mais pobres. Enquanto essas linhas são escritas, o coronavírus segue atrapalhando planos de reeleição de governantes e, incrivelmente, já alterou uma calculada sucessão eclesiástica. A Assembleia de Deus (AD) em Cuiabá que o diga. Pastoreada desde dezembro 1974 pelo Pastor Sebastião Rodrigues de Souza, que também era vice-presidente da CGADB, a AD na "Cidade Verde" parecia ter uma sucessão previsível. Com quase 90 anos de idade, o Pastor Sebastião tinha como vice-presidente o seu filho Rubens Siro de Souza de 68 anos. Como tantos outros ministérios assembleianos, o clã dos Souza aguardava o momento certo para a transição. Mas a pandemia golpeou planos e criou um vácuo de poder na AD em Cuiabá. No final de junho, os pastores Sebas...

Irmã Wanda - o adeus da matriarca do Belenzinho

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Partiu para a eternidade, a irmã Wanda Freire da Costa, esposa do pastor José Wellington Bezerra da Costa. Nascida em Fortaleza/CE, no dia 22 de setembro de 1934, ela era filha de comerciantes e a mais velha das mulheres num total de nove irmãos. Começou a frequentar a Assembleia de Deus ainda criança e participava ativamente dos departamentos da igreja. Nesse contexto, Wanda conheceu José Wellington. Os dois começaram a se aproximar na adolescência e para ser notado pela moça, ele ficava na porta saudá-la com a "Paz do Senhor". Numa viagem de evangelização promovida pela juventude da igreja os dois iniciaram a aproximação. Estavam com 15 anos de idade e Wellington brincava de desamarrar as tranças do cabelo dela cuidadosamente presas com fitinhas.  No dia 14 de janeiro de 1950, o convite para o namoro foi feito na Praça da Lagoinha depois da saída dela do colégio. Sentado no banco da praça ao lado do jardim, o jovem Costa arriscou o pedido. Wanda queria ainda pensar u...

Frida Vingren - e o suposto affair

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Um dos pontos mais discutidos da matéria da BBC Brasil sobre Frida foi o suposto affair da missionária com um obreiro brasileiro. Isael de Araújo, biógrafo da senhora Vingren, afirma no Mensageiro da Paz (edição de outubro de 2018), que o affair tratar-se "apenas de um boato" sem comprovação. O tal "boato" apareceu em cartas da época e não há confirmação alguma do fato em si. Para reforçar seu argumento, Isael diz que na reportagem da BBC, a jornalista Kajsa Norrel "não consegue confirmar com segurança" a história, pois há "inconsistência" em seu conteúdo, ou seja, falta base documental para corroborar o rumor do romance. Mas, na mesma matéria, Norrel afirmou crer na veracidade do affair , pois "entrevistou um dos filhos de Frida e algumas de suas netas enquanto escrevia o livro e que identificou o assunto em cartas enviadas à Suécia por pessoas que não eram hostis a ela'". Gedeon Alencar em seu livro Matriz Pent...

O caso Frida Vingren - CPAD desmente versão da BBC Brasil

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A reportagem produzida pela BBC Brasil e replicada por vários sites de informação no país, inclusive o G1 do Grupo Globo, fez o livro Halleljua Brasilien!, da jornalista sueca Kajsa Norrel, publicado em 2011, sobre a vida e morte da missionária Frida Vingren ficar conhecido do grande público evangélico e secular. As controversas informações da matéria, geraram uma nova onda de debates sobre o ministério feminino e o triste destino de Frida Vingren, esposa do mítico fundador das Assembleias de Deus no Brasil, Gunnar Vingren; esquecida e morta na Suécia em setembro de 1940. Por se tratar de uma figura emblemática da história assembleiana e em parte pelo "vazamento" de notas polêmicas, o Mensageiro da Paz (edição de outubro de 2018) trouxe em suas páginas, um texto-resposta escrito pelo jornalista e historiador Isael de Araújo, autor de uma biografia sobre a pioneira publicada pela CPAD em 2014. Chamada do MP: tentativa de controle da História O posicionamento ofic...

Maria Marques de Miranda - sinônimo de humildade

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Maria de Miranda: destaque no Boletim da EBD da IEADJO em maio de 1982 Recebi através de uma mensagem enviada pelo irmão Mario Sérgio de Santana, a imagem que pode ser vista e lida logo acima. Nela, está contida muito do que poderia e pode ser dito desta mulher como cristã, serva boa e fiel que foi. Digo isto não por ser minha mãe, mas porque esta afinidade me proporciona condições ideais para reconhecer como fiéis e verdadeiras, as palavras que a ela foram atribuídas no momento da emissão deste certificado, em maio de 1982, na edição do Boletim Informativo da EBD da Assembleia de Deus de Joinville. Ao receber a postagem do irmão Mario fui desafiado a contribuir com algumas palavras que poderiam ser acrescentadas à imagem e à recordação dessa, que foi sem dúvidas uma das mais atuantes professoras da EBD de Joinville, atribuição que exercia por amor e com muito amor. No primeiro momento, fiquei com receio de ser repetitivo. Afinal, tudo o que foi dito eu certamente di...

Maria Madalena - A Matriarca da fé

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No dia 02 de novembro de 1913, no município de Santa Maria Madalena, nasceu a filha caçula do casal Francisco Rodrigues Tavares e Quitéria Maria de Araújo. Registrada somente no dia 13 de novembro, a menina ganhou o nome de Maria Madalena em homenagem a padroeira da pequena cidade fluminense. Interessante, que o lema da cidade é: Salus labor spes (Esperança e firmeza do trabalho). Ao olhar em retrospecto à vida de Madalena, conterrânea da atriz Dercy Gonçalves, verifica-se realmente o seu constante trabalho e firmeza na obra pentecostal. Com o início do fim do ciclo do café, à família Tavares e Almeida foi para o Rio de Janeiro, na época Capital da República em busca de trabalho e melhores condições de vida. Fixara-se no bairro de São Cristóvão e ali trabalharam nas empresas da região.  Mas logo as dificuldades bateram à porta da família. No Rio, Madalena deu à luz a três crianças: Juarez, Elenice e Maria Therezinha. Elenice, como no caso do primogênito faleceu co...

O serviço das irmãs nas igrejas

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O serviço das irmãs nas igrejas - esse foi o título de um texto publicado no jornal Boa Semente em outubro de 1929, em Belém do Pará. O artigo na verdade, era um resumo de um livro chamado Linhas de direção do despertamento pentecostal . Não há maiores informações sobre a obra, somente que o tal livro era de uma "convenção pentecostal em Berlim". Samuel Nyström era o responsável pelo periódico, e o objetivo da publicação era claro: defender sua posição contrária ao ministério feminino na igreja, pois no Rio de Janeiro, o pioneiro Gunnar Vingren pensava justamente o oposto do conterrâneo sueco. O assunto dividia (e ainda divide) os líderes das ADs, e as divergências se arrastaram durante meses. No livro da História da CGADB  (CPAD:2004), Silas Daniel informa sobre as trocas de cartas entre Nyström e Gunnar Vingren discutindo essa questão. As correspondências foram trocadas em setembro de 1929. Em outubro, o Boa Semente repercutindo as desavenças entre os pioneiros publ...

Qual o papel da mulher na igreja? - a pergunta que não quer calar

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O ministério feminino sempre foi um ponto polêmico dentro das Assembleias de Deus. Desde a primeira Convenção Geral realizada em 1930 em Natal (RN), com a presença de Frida Vingen, questiona-se sobre o papel da mulher na igreja.  A famosa resolução de 1930, não pacificou os conflitos entre os convencionais e a esposa do pioneiro Gunnar Vingren. O casal dois anos depois regressou à Suécia, mas o tema vez por outra emergia na instituição. Sinal de que a imposição às mulheres na primeira conferência sempre foi alvo de contestações internas.  Em 1966, o antigo pastor da AD em Pindamonhangaba (SP), João de Oliveira escreveu no Mensageiro da Paz , um artigo intitulado Qual o papel da mulher na igreja?  Nele, Oliveira desenvolveu argumentações que devem ter repercutido muito entre os assembleianos da sua época. O texto com certeza ainda hoje seria alvo de ardorosos elogios e contestações. Pastor João argumentou: Deus não faz acepção de pessoas, ou concede dons e min...