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Escola Bíblica da Guanabara - 1960

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Durante um mês (03 de maio a 03 de junho) realizou-se nas dependências da Assembleia de Deus (AD) em São Cristóvão, na cidade do Rio de Janeiro, a tradicional Escola Bíblica de obreiros com a presença de diversos pastores, evangelistas, presbíteros, diáconos e membros da igreja de diversas partes do país. Segundo o jornalista Emílio Conde, a Escola Bíblica reuniu representantes de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás, Ceará e do estado do Rio de Janeiro. Como sinal das mudanças políticas da época, Conde também registrou a participação de obreiros do recém-fundado Estado da Guanabara, onde estava o templo da AD em São Cristóvão. Era necessário agora nomear as coisas conforme a nova geopolítica nacional. Para recordar: o Estado da Guanabara nasceu em 1960, em consequência da transferência da Capital Federal do Rio para Brasília. Assim, o Rio de Janeiro, agora ex-capital da República, virou uma cidade-estado. Somente em março de 1975, houve a fusão entre ...

A Escola São Paulo na Subúrbios em Revista

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A preocupação com a criação de instituições escolares dentro das Assembleias de Deus (ADs) é antiga. Em 1956, a revista A SEARA (novembro/dezembro), em seu editorial "As Assembleias de Deus e o problema educacional"  (leia aqui)  reconhecia os avanços da denominação com a criação de asilos e orfanatos, mas indicava poucos progressos nas questões de caráter pedagógicos. Segundo o periódico, poucas igrejas tinham educandários, enquanto outros Ministérios de elevado número de membros, infelizmente, não possuíam nem mesmo escolas primárias ou ginásios (nome dado ao antigamente ao atual ensino fundamental). Dentro desse contexto, o Ministério de Madureira estava na vanguarda das ações para implantar educandários evangélicos. No ano de 1951, o Mensageiro da Paz informava sobre a inauguração das novas instalações da "Escola São Paulo" na AD em Madureira, no Rio de Janeiro. Segundo o informativo, o pastor Paulo Macalão "há muitos anos desejava fundar uma escola, para b...

A sucessão em Belém, PA - "casamento" e "divórcio" (2ª parte)

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No dia 27 de janeiro de 1997, iniciou-se um novo tempo para a Assembleia de Deus (AD) em Belém do Pará. Nesta data, Firmino da Anunciação Gouveia (até então o sétimo pastor da igreja) entregou a liderança da igreja pioneira ao pastor Samuel Câmara. Como visto na postagem anterior (leia aqui) , a sucessão revelava que o “casamento” entre Gouveia e Câmara havia dado certo, mas por outro lado, acelerou o processo de “divórcio” entre a Igreja Mãe e a COMIEADEPA. Porém, desde que o pastor Gouveia anunciou (ou até antes disso) sua jubilação e oficializou o nome do sucessor, houve uma intensa movimentação de bastidores para tentar demovê-lo da decisão. Líderes assembleianos não queriam ver uma igreja de importância histórica ser entregue ao pastor Samuel Câmara. Aos 40 anos de idade, o acreano Samuel Câmara despontava como uma liderança jovem e de projetos arrojados na evangelização. Num tempo em que os pastores assembleianos ainda debatiam as velhas questões sobre o aparelho de TV, Câmara es...

A sucessão em Belém, PA - "casamento" e "divórcio" (1ª parte)

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O mês de março de 2025, será marcado por várias celebrações no contexto das Assembleias de Deus (AD) no Pará, ao centenário do pastor Firmino da Anunciação Gouveia. Nascido em Portugal em 25 de março de 1925, Firmino chegou ao Brasil com três anos de idade. Jovem converteu-se ao evangelho e na sua carreira ministerial foi alçado ao posto de pastor-presidente da AD em Belém, capital paraense.  Entre 1968 e 1997, Firmino, o sétimo, expandiu o campo eclesiástico abrindo novas congregações na capital, enfrentou crises, formou novas lideranças, presidiu a COMIEADEPA, construiu o atual templo-central da igreja, fundou um instituto bíblico e investiu pesado em mídias eletrônicas. Todavia, ao terminar a “Era Firmino” também findou a própria unidade das ADs no Pará. Não que as coisas estivessem às mil maravilhas. Ao não ser mais reconduzido à presidência da COMIEADEPA, e centralizar ainda mais seus poderes administrativos na Igreja-Mãe, o pastor Gouveia gradualmente distanciou-se dos seus p...

Jurisdição Eclesiástica - subsídios históricos (2ª parte)

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Na postagem anterior (ver aqui) , viu-se que o conceito de jurisdição eclesiástica ou campo, afetou o relacionamento dos Ministérios das ADs. Vários debates nas Convenções Gerais foram marcados por esse tema, também conhecido pejorativamente como “invasão de campo”. Em geral, o Ministério de Madureira, segundo a história oficial, estava no centro das discussões. A implantação de congregações ligadas ao pastor Paulo Leivas Macalão incomodavam outras ramificações assembleianas. Tanto, que na CGADB realizada em Santos, SP, em 1953, em meio às discussões sobre os trabalhos abertos no litoral paulista por Madureira, o pastor Alfredo Reikdal propôs a retirada do Ministério carioca de São Paulo, para ele “a base de toda a discórdia”. No caso específico do litoral paulista, Macalão negociou a entrega das igrejas para a AD em Santos. Mas a expansão das ADs, principalmente Madureira, se dava por várias regiões, nem sempre de forma organizada, pois nos primórdios cada crente era um evangelista e ...

Jurisdição Eclesiástica - subsídios históricos (1ª parte)

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Durante os debates nas Convenções Gerais das Assembleias de Deus (CGADB), um termo ficou consagrado: jurisdição eclesiástica ou “campo”. Segundo o historiador Isael de Araújo, campo “é a área de atuação de um Ministério” ou uma rede de congregações vinculadas a uma “igreja-mãe”. No desenvolvimento das Assembleias de Deus (ADs), os campos eclesiásticos formaram-se conforme expansão de determinada “igreja-mãe” ou “matriz”. Mas o rápido crescimento das igrejas gerou um dilema para os pioneiros: a “invasão de campo”, ou seja, alguns Ministérios extrapolavam os limites (em geral fronteiras geográficas) do “seu campo” para atuar em áreas onde já existia uma outra AD. A conhecida rivalidade Missão x Madureira deu-se nesse contexto. Um exemplo típico das polêmicas que atravessaram décadas de debates internos nas ADs foi o caso da cidade de São Paulo. A AD na capital paulista foi implantada em 1927, pelo pioneiro Daniel Berg, mas em 1938, o pastor Paulo Macalão abriu uma congregação ligada ao M...

O Natal assembleiano - controvérsias históricas

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São muitas as controvérsias sobre as origens das celebrações natalinas. Ao pesquisar na internet , o leitor terá diante de si as mais variadas informações que, justificam ou condenam, os símbolos do Natal (Papai Noel, árvore de Natal, troca de presentes etc.). Na história assembleiana, as polêmicas sobre esse tema são antigas. No longínquo ano de 1938, na convenção de pastores na Paraíba, que contou com a presença do pastor Cícero Canuto de Lima, foi lançada a pergunta que até hoje não quer calar: “Podem as Assembleias de Deus fazer árvores de Natal?”. A convenção foi realizada em janeiro de 1938, e a pergunta, provavelmente, refletiu certos questionamentos do Natal anterior. “Após costumeiras trocas de opiniões, foi estabelecido que não é pecado fazer-se árvores de Natal, por isso que a palavra de Deus não o proíbe” 一 concluíram os convencionais, que ainda citaram um versículo bíblico. Na contramão desta resolução, consolidou-se em muitas igrejas a ideia de que a árvore de Natal era i...