Silas Malafaia - a contradição gospel (1ª parte)

Criada em 1999, a Central Gospel, empresa controlada pelo pastor Silas Malafaia "comemora" de forma amarga esse ano seu 20º aniversário de fundação ao pedir recuperação judicial. Um duro revés para uma família que tem uma longa trajetória de influência na área editorial.

O pai de Silas, o pastor Gilberto Malafaia por muitos anos exerceu cargos da CGADB e na CPAD. A mãe, por sua vez, a professora Albertina Malafaia, colaborou na estruturação pedagógica das revistas da escola dominical, principal produto da editora. Atribui-se a Malafaia pai, o desligamento em 1989, do então diretor de publicações da CPAD, Nemuel Kessler devido a séria divergências envolvendo Albertina.

O poderio dos Malafaia na CPAD, demonstrava-se não só na blindagem dos seus membros na empresa, o que causou a demissão de Kessler, mas no fato de alguns interesses familiares serem contemplados. Exemplo disso, eram as compras que a Casa fazia dos livros da JUERP, na época patrocinadora do programa televisivo Renascer (antigo nome do Vitória em Cristo) apresentado por Silas.

Silas entre Albertina e Gilberto Malafaia

Num tempo de inflação galopante (fim da década de 1980), a JUERP com problemas financeiros, pagava seu patrocínio com livros por ela publicados. Silas revendia o material para a CPAD recebendo à vista pelos produtos, deixando para a editora assembleiana o problema de correr atrás do lucro (ou prejuízo) a longo prazo. Um negócio de pai pra filho sem dúvida. Convém lembrar, que Sérgio Malafaia, irmão de Silas, atuava como gerente comercial na editora.

Porém, a partir de 1993, com a gestão de Ronaldo Rodrigues de Souza, a influência dos Malafaia na editora foi contida. Ironicamente, o pastor Gilberto apoiou José Wellington em sua ascensão à presidência da CGADB e o desligamento do Ministério de Madureira da Convenção Geral. Talvez não imaginasse as surpresas do projeto do líder do Belenzinho.

Afastados da editora das ADs, da qual foram decisivos em momentos críticos, os Malafaia voltaram ao mercado editorial evangélico através da Central Gospel, ou seja, viraram concorrentes diretos da CPAD. Algo impensável em tempos antigos, quando a Casa Publicadora detinha o monopólio de publicações e vendas dentro da denominação.

Portanto, as críticas de Silas em rede nacional ao status quo da CGADB nunca foram gratuitas. A acirrada disputa pela presidência da Convenção Geral entre outras coisas, sempre envolveu o controle da CPAD. Malafaia sabia que a capacidade logística da editora seria de fundamental importância para seus negócios empresariais.

Mas Silas com sua postura incisiva, sempre apregoava o enorme crescimento da sua empresa. Expansão essa que teve um contexto econômico favorável. Nessas circunstâncias, a Central Gospel firmou-se ancorada no carisma do seu fundador e na gradual transformação teológica.

Todavia, a realidade se impôs, os recursos secaram e a crise abateu aparentemente o discurso da prosperidade. Assunto para a próxima postagem...

Fontes:

 ARAÚJO, Isael. Dicionário do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2007

COSTA, Jefferson Magno. Pastor Gilberto Malafaia - Homem de fé, visão e coragem. Rio de Janeiro: Editora Central Gospel, 2014.

Comentários

  1. ali dentro havia de tudo, até dinheiro de natureza mundana de origem corruptiva. Deus não se agrada desse tipo de gente. Fin para o corrupto malafaia

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  2. Graça e paz !!Excelente post !! Aguardando com ansiedade o próximo !!

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  3. Contraditório por conta das supostas "semeaduras do reino deus" que ele prega e crer. Silas tem pagado um alto preço por conta de suas teologias da prosperidade, preço este que vai da queda no número de patrocinadores de seu ministério (eu era um dos patrocinadores do seu programa), até na diminuição da audiência dos seus programas de tv. Ele pensa que essa queda se deu por conta da reportagem da Revista Forbes, onde foi publicado, na época, que o patrimônio dele chegava à 150 milhões de reais, mas na verdade foi por conta de suas alianças com gente do tipo do Renê Terra Nova, Marcus Gregório, Myke Murdock, Morris Cerullo e outros hereges mais. Assembleia deixou de ser de DEUS para se tornar monopólio de homens déspotas.

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