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O Centenário da AD no RS - o "velho preto" José Corrêa Rosa

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A historiografia de Porto Alegre por muito tempo privilegiou os açorianos e estancieiros como os sujeitos principais da construção da cidade. Ao destacar esses grupos, outras etnias ficaram esquecidas das crônicas da capital gaúcha. Porém, ao revisitar a história da AD em Porto Alegre, o leitor se deparará com os locais e habitantes inusitados da “capital dos Pampas”. Exemplo disso foi a abertura da primeira congregação na Bacia do Mont’Serrat, um povoado de população negra que encontrava-se na região da Colônia Africana.  [leia aqui] O primeiro convertido da igreja, segundo os relatos do missionário Gustavo, foi “um pobre velho preto” chamado José Corrêa da Rosa. Legítimo representante da população de afrodescendentes jogada à própria sorte após a abolição da escravatura no Brasil, Rosa era um ex-escravizado que encontrou na igreja uma nova fé e transformação de vida. Visão geral da  Bacia do Mont’Serrat Nordlund relatou que José “era analfabeto, mas era admirável como ele entendia as

O Centenário da AD no RS - a Bacia do Mont’Serrat.

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Ao revisitar a história dos primórdios da AD no Rio Grande do Sul, especificamente em Porto Alegre, pode-se compreender a importância do pentecostalismo diante das condições sociais dos primeiros locais de evangelismo da família Nordlund. Como se viu na postagem anterior [ler aqui] , os Nordlund chegaram a Porto Alegre em 1924, onde instalaram-se numa casa “com o reboco caído aos montões por todos os lados” e com as tábuas do chão da cozinha podres. Com as malas e uma toalha, os missionários improvisaram um sofá. Depois de dois meses de muitas orações e lutas (poucos recursos e difamações), os suecos alugaram um pequeno salão com capacidade para 25 pessoas, na rua Maryland, no bairro Mont’Serrat, região próxima ao Centro Histórico da capital gaúcha. Nordlund humildemente descreveu o local como o “mais simples” para o mundo. Depois de tudo pronto, a família saiu às ruas para convidar as pessoas para o primeiro culto. Foi uma peregrinação pelas ruas do Mont’Serrat, que naquela época, est

O Centenário da AD no RS - origens afrodescendentes

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Para revisitar a história da AD no Rio Grande do Sul em seu centenário, o blog selecionou informações básicas sobre a igreja gaúcha em seu contexto histórico e geográfico. Nesta postagem, com inspiração nos livros do pastor João de Souza Filho e do historiador Tiago Cordova, veremos a inusitada gênese da Assembleia de Deus gaúcha. Edvig, Herbert e Gustav: pioneiros da AD no RS Gustav e Edvig Nordlund, mais seu filho Herbert, foram enviados ao Brasil pela Missão Sueca, em 1923. Inicialmente estabeleceram-se em Belém do Pará para aprender o idioma da terra. Foi um ano de convivência e adaptação antes de serem enviados ao Sul do país.  Para o jornal Sanningens Vittne (Testemunha da Verdade) de setembro de 1923, portanto, meses depois da chegada dos missionários ao país, Nordlund escreveu sobre suas expectativas na missão: "Ao sairmos daqui [Pará], esperamos estar preparados e ir para o lugar para onde o Senhor nos chamou no sul e isso pesa muito em nossos corações, mas acreditamos q

Firmino, o sétimo contra os "reinos" da AD em Belém

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Conforme visto nas últimas postagens, a gestão do pastor Firmino de Anunciação Gouveia, foi marcada por enormes desafios. Em seus primeiros dias à frente da AD em Belém ele enfrentou oposição à sua posse, mas o problema foi solucionado com o tempo. Depois vieram os projetos de criação do Instituto Bíblico, o investimento em missões e a construção das congregações em todos os bairros da cidade. A construção do grandioso templo-sede em Belém na conturbada década de 1980, foi também um empreendimento desgastante. Tão exaustivo, que em 1985, Gouveia decidiu entregar a liderança da convenção regional (era costume o pastor da Igreja-Mãe acumular as duas funções) para o seu vice-presidente, o pastor Josias Carmelo da Silva. Ao que tudo indica, mesmo depois de ter inaugurado o novo templo, Firmino tentou, mas conseguiu reaver a liderança da COMIEADEPA. Depois do pastor Josias, foi eleito para o cargo Gilberto Marques à convite do próprio Josias Carmelo. Essa quebra de tradição gerou, posterior

AD em Curitiba - gestão Delfino Brunelli (1957-1959)

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Entre os dias 11 e 16 de março de 1958, a AD em Curitiba, Paraná, recebeu pastores e evangelistas paranaenses para uma convenção histórica. Além dos obreiros das igrejas do estado, compareceram às reuniões líderes de expressão nacional, como Cícero Canuto de Lima, Daniel Berg (fundador das ADs no Brasil), Nels Nelson, Bruno Skolimowski, Simon Lundgren, José Gomes Moreno. Do estado vizinho, Santa Catarina, compareceram os pastores João Ungur, Satyro Loureiro, Antonieto Grangeiro Sobrinho, Telfrid Herbst, José Pio da Paz entre outros. O escritor e jornalista Emílio Conde também se fez presente para contar através das páginas do Mensageiro da Paz , o que aconteceu naqueles dias memoráveis. Histórica reunião de obreiros em Curitiba - 1958 Segundo Conde, os estudos bíblicos “aclararam muitos problemas e desfizeram dúvidas de alguns obreiros”. Na quinta-feira, após o culto, toda a igreja reunida transportou-se para o auditório de uma rádio local “a fim de assistir e prestigiar a transmissão

Centenário da AD em Santos - "Era João Alves Corrêa"

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O nome que mais se destaca na história centenária da AD em Santos, SP, é o do saudoso pastor João Alves Corrêa (1914-2007). Entre 1962 a 1993, o antigo vice-presidente do memorável pastor Cícero Canuto de Lima do Belenzinho, liderou a igreja em sua fase de maior crescimento e expansão. Isso num período em que a cidade vivia as glórias do seu time de futebol e sentia a face mais dura da repressão do Regime Militar (1964-1985). Sua personalidade forte e a convicção de estar realizando a vontade de Deus, ajudaram-no a debelar a crise sucessória em Santos e enfrentar os preconceitos. Corrêa era um homem negro, numa igreja com um grupo elitizado e de vários sindicalistas entre os seus membros. Não era fácil ser pastor na AD pioneira no estado paulista. Pastor João Alves Corrêa: líder da AD em Santos (1962-1993) Esse contexto se confirmou quando ele enfrentou resistências do ministério local na decisão de comprar o terreno vizinho. Talvez pela oposição à compra do lote contíguo ao templo-sed

Firmino, o sétimo - temperamental eu sou

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Na simbologia bíblica, sete é o número da perfeição e da plenitude. O pastor Firmino da Anunciação Gouveia foi o sétimo pastor (1968-1997) da AD em Belém e, até o momento, o mais longevo no pastorado. Mas pelo andar da carruagem, seu sucessor, o pastor Samuel Câmara, deverá ultrapassá-lo em breve. Quando assumiu a AD em Belém, em 1968, a cidade contava com aproximadamente 600 mil habitantes e a igreja possuía 12 filiais. Nesse momento, a metrópole da Amazônia já vivia o impacto da construção da Rodovia Belém-Brasília, que resultou na explosão demográfica vista nas décadas seguintes. Em 1997, quando Firmino deixou a liderança da igreja, o número de congregações refletia o crescimento expressivo da cidade, que estava na casa dos 1.200 mil habitantes. Em sua biografia constam mais de 154 congregações construídas sob sua gestão. Uma média de cinco templos edificados por ano. Em praticamente três décadas de pastoreio, Gouveia implantou um instituto bíblico chamado de “Escola de Profetas” en