Uma história sobre a família Kolenda

John Peter Kolenda (1898-1984) é considerado uma lenda dentro das ADs no Brasil. Enviado pela Missão dos EUA no fim da década de 1930, Kolenda foi pioneiro pentecostal em Santa Catarina, ardoroso defensor dos institutos bíblicos e grande nome na construção da Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD).

Muito se conhece sobre o profícuo ministério de Kolenda, porém, pouco sobre sua família. O missionário chegou ao Brasil com sua esposa Marguerite, e as filhas Dorothy (12 anos incompletos) e Grace (6 anos). Dos quatro, somente Grace ainda ainda vive e mora nos Estados Unidos da América.

Alguns anos atrás, Grace publicou suas memórias* e narrou um caso familiar surpreendente, que ajuda a humanizar a biografia do pai, o qual ela carinhosamente chamava de "daddy" (papai ou paizinho em inglês). É um fragmento da vida de Kolenda não revelado em sua biografia oficial.

Um certo dia, a caçula de JP Kolenda foi surpreendida pela prima com uma informação inesperada. Grace podia sentir a respiração de Loudes, quando esta lhe disse de forma súbita: "Dorothy não é sua irmã." Perplexa com a inesperada notícia, Grace mal podia falar e se comprometer com a prima que guardaria em segredo à informação.

Casal Kolenda e filhas em 1934

À noite, em casa, Grace perguntou a Marguerite sobre o caso. Não entendeu o que a prima quis lhe dizer. A mãe foi direta na resposta: "Você terá que perguntar ao seu pai quando ele chegar em casa na próxima semana. Ele pode explicar isso para você".

Sem saber o que dizer ou pensar, Grace aguardou o pai que estava em uma das suas constantes viagens. Quando Kolenda chegou em casa, a esposa já lhe adiantou o problema. JP pediu que a filha entrasse no escritório e sem rodeios confirmasse: "Dorothy é a sua irmã adotiva". Visivelmente emocionado, Kolenda contou a história, que escondia da filha.

Kolenda e Marguerite casaram-se em dezembro de 1922. O casal, pensava em ter uma família numerosa, mas com o passar dos anos Marguerite não engravidava e Kolenda sentia a falta de uma criança em seu lar. Em dezembro de 1927, uma jovem da igreja em Flint onde o casal missionário congregava, deu à luz a uma menina, chamada Dorothy. Porém, o nascimento da criança foi cercado de certo alvoroço: a mãe era solteira, algo escandaloso à época, principalmente nos círculos religiosos. Um "grande pecado" e "terrível vergonha", escreveu Marguerite em seu diário.

Contudo, Kolenda começou a pensar diferente, quando, na igreja conheceu Dorothy. O encanto da pequena fez JP refletir sobre uma possível adoção. Mas o pioneiro enfrentou a contrariedade da esposa. Para vencer a resistência da mulher, JP argumentou: "Talvez, a criança seja um presente de Deus.

Marguerite muito séria perguntou: "o que você quer dizer?". Acostumado a usar as palavras gregas em suas mensagens, Kolenda explicou: "O nome dela é Dorothy, derivado do grego. Significa, literalmente, 'presente de Deus'. Eu acredito que estamos destinados a adotar a criança".

Marguerite percebeu que não tinha escolha. Mesmo não concordando com o esposo e com sérias reservas ao fato de estarem adotando uma criança filha de "mãe solteira", aceitou submissa à vontade de Kolenda. Afinal era sua missão servir a Deus servindo ao seu marido.

Depois de 12 anos de casados e 6 da adoção de Dorothy, nasceu Grace. Após saber das circunstâncias da adoção, Grace conta em suas memórias, que notava na mãe um certo desconforto em relação à irmã. Reconhece, contudo, que naqueles idos de 1920 e 30, não ser filho biológico gerava um estigma sobre qualquer criança. Fosse nos dias de hoje, tudo seria mais aceitável. 

Grace, também recorda, que pela primeira vez na vida, aos 11 anos de idade, sentiu-se decepcionada em relação ao pai e triste por saber do porquê da difícil relação de Dorothy com a família Kolenda. Para além da mitificação recorrente da história oficial, nossos pioneiros eram gente com a gente. Fica a lição.

* Livro publicado nos EUA em 2009, e ainda não traduzido no Brasil.

Comentários

  1. Irmão Mário Sérgio, por favor fale sobre José Paulino Estumano de Moraes e José de Menezes.
    Preciso muito de dados sobre ambos...

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  2. ISSO É UMA LIÇÃO DE VIDA, ADOTAR UMA CRIANÇA NA ÓTICA DE DEUS É RECEBE LA NO SEIO MATERNO E PATERNO COMO FILHOS MESMO, PORQUE PARA DEUS NADA É IMPOSSIVEL, É O SER HUMANO QUE COMPLICAS AS COISAS, E UMA COISA TÃO SIMPLES DE SE FAZER, AMÉM.

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  3. A PAZ DO SENHOR JESUS CRISTO , EU SOU O IRMÃO DIONEI MONÇÃO BONFIM, SOU CASADO COM A IRMÃ VERA LUCIA VIDAL BONFIM A 20 ANOS, TEMOS TRES FILHOS, O DIONEI JÚNIOR, O EDSON EMANUEL, E A PEQUENA ANNY ESTER, SOMOS MORADORES DA CIDADE DE HORTOLANDIA INTERIOR DE SÃO PAULO, CONGREGAMOS NA ASSEMBLÉIA DE DEUS MINISTÉRIO DO BELÉM, E EU GOSTARIA DE VER COM OS SRS. SOBRE A POSSIBILIDADE DE ESTAREM FAZENDO A AUTO BIOGRAFIA DO PASTOR ANTONIO FERREIRA LOPEZ, PASTOR PRESIDENTE DO CAMPO DA CIDADE DE SUMARÉ INTERIOR DE SÃO PAULO, HOJE JUBILADO, MAS CONGREGANDO NA SEDE A MAIS DE 30 ANOS, HOJE O ATUAL PRESIDENTE É O PASTOR JOSE FELIPE. O PASTOR ANTONIO FERREIRA LOPEZ É UM HOMEM SIMPLES, UM HOMEM DE DEUS, UM HOMEM SANTO, ELE NEM PENSA NISSO, EM FAZER UMA AUTO BIOGRAFIA, SOU EU QUE ESTOU TENDO ESSA IDÉIA, ELE NEM SABE DISSO, MAS EU GOSTARIA DA AJUDA DOS SRS. SOBRE ESSA POSSIBILIDADE, TALVEZ ISSO SEJA COM A CPAD E NÃO COM OS SRS. MAS SE PUDEREM ME AJUDAR, EU FICAREI MUITO FELIZ, E SÓ DEUS PARA LHES ABENÇOAR AMÉM. FIQUEM NA PAZ DO SENHOR JESUS CRISTO.

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  4. Entre em contato através do e-mail mariosergiodesantana@gmail.com

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