A inauguração do templo da AD no Brás

No dia 25 de janeiro de 1962, São Paulo estava em festa. Era 408º aniversário de fundação da cidade. Comemorações em diversos pontos da metrópole eram feitas. Mas no famoso bairro operário do Brás, localizado na região central da metrópole paulista, a festa era outra. Ocorria a inauguração do templo da AD Ministério de Madureira.

Ainda de madrugada, ônibus lotados de entusiasmados fiéis chegavam para o grande evento. Bandas musicais começaram a tocar a alvorada pelas ruas do movimentado bairro paulistano, antecipando assim as grandes festividades. Por volta das 14 horas, na Praça da Sé, uma grande multidão seguiu em cortejo ao novo templo.

Pastor Álvaro e filhas: prontos para o desfile da inauguração

À frente, uma vistosa banda musical (com mais de 200 componentes) abria o caminho. Atrás, pastores, evangelistas, presbíteros, diáconos, banda feminina, assistentes sociais, membros do coral e mais de 10 mil crentes seguiam em desfile até à rua Major Marcelino.

Chegando em frente ao novo templo foi executado o Hino Nacional. Pastor Álvaro Motta, responsável pela igreja, num gesto de reconhecimento ministerial entregou a chave da porta principal para Zélia Macalão, esposa do pastor Paulo Macalão que por motivo por questões de enfermidade não esteve presente. Zélia corta a fita simbólica e abre as portas do templo para alegria de todos.

Foram muitos os convidados para a grandiosa inauguração. Praticamente todos os principais pastores de Madureira se fizeram presentes nas celebrações. Da AD Missão, Lídia Nelson representava o seu esposo, o missionário Nels Nelson. Pastor Francisco Pereira do Nascimento da AD em São Cristóvão (RJ) também marcava presença. Ministros evangélicos de outras denominações também prestigiaram o evento como o pastor Natanael Quintanilho da Igreja Metodista e secretário da Sociedade Bíblica do Brasil.

Interior do templo da AD no Brás

Durante os 17 dias de festa, estudos bíblicos foram ministrados com o sugestivo tema "Queremos conservar o modelo da Igreja Primitiva". Cícero Canuto de Lima, Alfredo Reikdal, Eduardo Modesto, Eurico Bergstén, Nicodemos José Loureiro entre outros ministraram na ocasião.

Para à época, a construção da sede no Brás era arrojada e moderna. Com dois amplos pavimentos, o térreo media 10x12 metros e contava com secretaria, sala de assistência social, tesouraria, cozinha, banheiros masculinos e femininos. No segundo piso, havia uma nave medindo 10x35 metros, com duas galerias na área frontal e mais uma nos fundos para o coral. No 1º púlpito havia lugar para 40 obreiros e batistério. No 2º púlpito o espaço era para 60 pastores. A torre de 30 metros e o relógio eletrônico chamava a atenção dos moradores do bairro.

Antigo templo do Brás: imponente obra

Edificado em 2 anos e meio (exatamente 2 anos, 6 meses e 12 dias), o templo da rua Major Marcelino destacava-se por sua imponência em meio ao casario do bairro, simbolizando à ascensão da igreja de Madureira em São Paulo e o dinamismo do seu ministério. A AD no Brás ganhava mais visibilidade. 

Tempos depois, A AD no Belém (SP) reclamou nas páginas do Mensageiro da Paz "ser uma grande desconhecida", pois não objetivava "fazer propaganda" do seu trabalho. Seria um efeito colateral das realizações e divulgação dos trabalhos da AD no Brás? 

Após 44 anos de utilização do templo, em 2006, a sede do ministério foi transferida para a avenida Celso Garcia. Começou um novo tempo para o ministério da Brás com grande crescimento, avivamento e realizações. Pelo menos é isso que dá a entender seu mais recente líder... 

Fontes:

MENSAGEIRO DA PAZ. Rio de Janeiro: CPAD. Ano 32, n. 7. 1ª quinzena de abril de 1962, p. 5-6.

MENSAGEIRO DA PAZ. Rio de Janeiro: CPAD. Ano 32, n. 16. 2ª quinzena de agosto de 1962, p. 5.

Fotos: acervo da família do pastor Álvaro Motta

Comentários

  1. Tempos de santidade, simplicidade e verdadeiro avivamento. Esse templo hoje está vazio, é emblemático, pois realmente outra igreja existe hoje.

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  2. Bela reportagem sobre a inauguração de uma igreja histórica de São Paulo. Vemos que naquela época havia um enorme esforço e dedicação do povo em promover grandes festividades. Os eventos eram marcantes e mostrava o grande potencial da Assembleia de Deus. Hoje, realizar eventos com grande participação dos crentes, já não é tão fácil. Parabéns por mais este rico relato.

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    1. Falou tudo meu irmão...hoje usam um termo muito bizarro, que mais parece algo carnavalesco...concordo não com: MARCHA PARA JESUS. Lembrem-se que organizações mundanas também usaram esse termo...essa historinha de ecumenismo preocupam muitos salvos verdadeiros em Cristo.

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  3. Tempos lindos que, pelo andar da carruagem, infelizmente não voltam mais...

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  4. Vendo um relato deste,e olhando o dias de hoje dá vontade de chorar

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  5. DANIEL FERNANDES DA SILVA11 de março de 2018 às 09:29

    Tive o grande prazer de ser membro desta linda igreja,me batizei em 1975 com 15 anos de idade perticipei de muitos cultos de santa seia e de ensino congressos da umdesp e por ultimo mais recentemente realizamos o culto de velorio do meu amado irmao pr.Claudio fernandes tenho muitas saudades e muitas recordacoes de momentos felizes que ja se foram e nao voltarao mais...saudadea

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    1. É verdade, Daniel. Concordo plenamente com você. Bons tempos não não voltam mais. Os crentes de hoje não sabem e nunca saberão como era a alegria que nos envolvia .Algo sem igual e inexplicável Não sabemos o que será da igreja de Cristo daqui pata frente. Mas, uma coisa é certa, que guardemos em nossos corações tudo de bom e precioso que vivemos e presenciamos nos anos de ouro da nossa fé. E que Deus nos ajude a perseverarmos até o fim.

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  6. DANIEL FERNANDES DA SILVA11 de março de 2018 às 09:40

    Esqueci de diser sou filho do pr.jasmelindo (lino)verissimo da silva e irma liria fernandes da silva que estao hj congregando na ad belenzinho..

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