Paulina Veloso - diaconisa na IEADJO

O ministério feminino sempre foi um tema controverso nas ADs brasileiras. A primeira Convenção Geral das ADs, em Natal (RN), no ano de 1930, determinou que as mulheres poderiam testemunhar. Somente em casos de exceção, seria conveniente as irmãs atuarem como ensinadoras e pregadoras da palavra. A decisão foi contrária a atuação de Frida Vingren, esposa do pioneiro Gunnar Vingren, na liderança da AD carioca. 

Porém as mulheres continuaram destacando-se na história pentecostal, mesmo que, na maioria das vezes, seu trabalho fosse omitido da história oficial. Uma das pioneiras cuja atuação ficou esquecida por muitos, foi a da jovem Élida Andrioli, uma das pioneiras da AD no estado de Santa Catarina. Pelo seu trabalho e desenvoltura, Élida foi separada a diaconisa por Gunnar Vingren, na AD em Itajaí, em 1931 (ler aqui).

Na Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Joinville - IEADJO, no ano de 1937, durante a terceira convenção regional na cidade, a irmã Paulina Veloso também foi separada a diaconisa. As reuniões ainda aconteciam na casa alugada pelo irmão Manoel Germano de Miranda, na Avenida Getúlio Vargas (ao lado do atual templo sede), quando a congregação recebeu a visita dos pregadores Howard Carter da Inglaterra e Lester Sumrall dos EUA.


Luci Pontes e a diaconisa Paulina Veloso nos anos 60

Paulina era esposa de Virgílio Alves Veloso e pelo testemunho publicado no Mensageiro da Paz (2ª quinzena de junho de 1939) ela era uma mulher enferma que buscou até mesmo no curandeirismo alívio para os seus males. Aceitou Jesus através da evangelização de "um irmão" (Mirandinha?) e colocou-se a serviço do Mestre. Foi então reconhecida com a separação a diaconisa. Aos crentes de todo Brasil pediu orações "para o Senhor me abençoar e me firmar neste ministério".

Provavelmente muitos pentecostais oraram pela joinvilense. Porém é desconhecida a reação da liderança nacional ao ler o testemunho no Mensageiro da Paz, pois o devido lugar das mulheres na denominação já havia sido sacramentado na CGADB. O fato é que Paulina continuou servindo a Deus com sua família e sua consagração ao diaconato ficou esquecida. 

A família Veloso na década de 1950, foi morar no porão da igreja e Paulina ficou responsável pela zeladoria do templo-sede ganhando uma oferta de 200 cruzeiros, um pouco mais de 15% do valor de um salário mínimo, fixado na época em torno de 1.200 cruzeiros. Tempos depois, os pioneiros continuaram morando próximo da igreja na Avenida Getúlio Vargas. 

Independente do reconhecimento ministerial, Paulina continuou servindo a Deus. Nas memórias da sua neta, a avó sempre foi uma mulher fervorosa.  Luci Pontes amava ouvir sua avó falar línguas estranhas no fervorosos cultos da igreja. A primeira diaconisa na IEADJO morreu no início da década de 1970. Élida Andrioli e Paulina Veloso: diaconisas pela graça de Deus!

Fontes:

ARAÚJO, Isael de. Dicionário do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.

MARQUES, Paulo Vieira. Joinville: 06 de dez. 2012. Entrevista concedida a Mario Sérgio de Santana.

Mensageiro da Paz. Rio de Janeiro. 2ª quinzena de junho de 1932.

Mensageiro da Paz. Rio de Janeiro. 2ª quinzena de fevereiro de 1933.

Mensageiro da Paz. Rio de Janeiro. Ano IX, nº 12. 2ª quinzena de junho de 1939.

Comentários

  1. Só Jesus pode fazer estas maravilhas.basta cred e confiar e será transformado o glória Jesus só quem viveu esta época e que sabe o quanto foi maravilhoso aleluia.

    ResponderExcluir
  2. Muito bom conhecer estes fotos

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

O caso Jimmy Swaggart - 30 anos depois

AD em São Cristóvão (RJ): a descaracterizarão de uma igreja histórica

Iconografia: quadro os dois caminhos