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Frida Vingren: seu esquecimento e morte

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O lançamento da biografia da missionária Frida Vingren editado pela CPAD foi aguardado com muita expectativa pelos estudiosos da história das Assembleias de Deus no Brasil, pois muitas informações sobre a pioneira, seu ministério e as polêmicas envolvendo seu nome já eram conhecidas através dos escritos do sociólogo Gedeon Alencar, o qual desde fins dos anos 90 tem resgatado a memória da senhora Vingren. Alencar fez uma extensa pesquisa sobre Frida como parte da sua tese de mestrado e doutorado. Em 2009 já havia publicado um artigo na revista Religiões em Diálogo intitulado Frida Vingren (1891-1940): quando uma missão vale mais que a vida -  e nesse texto detalhado a atuação da mulher de Gunnar Vingren nas ADs e a oposição ao seu ministério. Em sua tese de doutorado, o sociólogo teve a ajuda da jornalista Kajsa Norell, que lhe deu vários livros, jornais e cartas dos suecos digitalizados lhe auxiliando grandemente na pesquisa. Dessa forma, novos detalhes foram incorporados e, o...

Frida Vingren: do esquecimento a mitificação

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O sociólogo Paul Freston ao refletir sobre a história do pentecostalismo brasileiro, comenta que, quanto mais "erudita" uma igreja se torna, maior é a preocupação com o controle de sua própria história.  Com o aumento das pesquisas acadêmicas sobre as Assembleias de Deus (e também sobre outras denominações pentecostais) essa preocupação se tornou ainda mais forte, pois alguns mitos e biografias, inevitavelmente acabam sendo revistos e questionados.  Então como lidar com essas novas versões? Ignorá-las e fazer de conta que a história denominacional é intocável? Ou seria melhor retocá-la, ou seja, responder com uma nova versão dentro dos padrões já pré-estabelecidos pela instituição? O livro Frida Vingren , do jornalista Isael de Araújo é uma tentativa de controle da história. Os estudiosos já discutiam antecipadamente que, a obra seria uma resposta da CPAD aos escritos do sociólogo Gedeon Alencar, que desde o fim da década de 1990, têm resgatado a memória da pioneira do...

Dedos de Davi - Missões na Argentina

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Foi uma semana inesquecível. Assim pode ser descrita, as festividades que marcaram um ano de trabalho evangelístico do missionário Claribalte (Duca) Nunes e de sua família em Barranqueras, cidade portuária da província do Chaco na Argentina. A celebração da nova igreja em formação, foi destaque no Mensageiro da Paz , edição de fevereiro de 1977, em matéria assinada pelo pastor Oceano Ramos Correia. Enviados pela Assembleia de Deus em Joinville, os Nunes iniciaram sua trajetória missionária em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, em 1974. No início de 1975, à família transferiu-se para a Argentina, mais especificamente para a província de Corrientes. Um mês depois rumaram para o Chaco, se estabelecendo na pequena cidade de Barranqueras.  No começo das atividades em Barranqueras, as reuniões eram realizados na própria residência dos missionários. Mas sentindo as possibilidades de crescimento da obra pentecostal, Duca, contra todas as expectativas possíveis, e sem recursos fi...

Biografia de Frida Vingren: versão CPAD

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Previsto para o início de 2014, o lançamento da biografia da pioneira Frida Vingren, esposa do missionário Gunnar Vingren, um dos fundadores das Assembleias de Deus no Brasil está gerando uma grande expectativa entre estudiosos, pesquisadores e interessados na história da AD. Escrita pelo jornalista Isael de Araújo, o livro promete mais informações sobre a missionária, uma personagem que se tornou emblemática dentro das ADs nesses últimos anos. Casal Vingren: pioneiros da AD Frida, sua vida e ministério tem sido alvo de muitas discussões, principalmente através dos estudos do sociólogo Gedeon Alencar, o qual destaca não só a atuação da esposa de Gunnar, mas o quanto ela foi vítima do machismo sueco-nordestino, o qual calou a pioneira, e fez que Gunnar Vingren, o mítico pioneiro das ADs, fosse voto vencido na disposição de apoiar o ministério feminino dentro da denominação. Para o sociólogo, a derrota do casal Vingren na CGADB de 1930, foi também a derrota de um modelo de igreja...

Rituais da Ceia nas Assembleias de Deus

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Na postagem passada, observou-se que em 1965, através do Mensageiro da Paz, o escritor Paulo Santos clamou para que as ADs tivessem seus costumes "definidos e padronizados". Dentro desse pedido estava a questão da liturgia na celebração da Ceia do Senhor, mais especificamente sobre o uso do cálice comum ou individual. Com o tempo essa polêmica foi superada, pois as ADs em todo o Brasil (salvo se houver alguma exceção) utilizam o cálice individual na celebração. Porém as práticas litúrgicas ainda variam muito conforme as regiões e ministérios. E é nesse ponto tão simples para alguns, que se percebe a multiplicidade de costumes dentro da denominação que, implantada em todo território nacional, revela tantas diferenças em seus ministérios. Ceia nas ADs: diversidade litúrgica e de costumes  O grande problema da adoção de alguns costumes, é que se aceito por uma minoria, vira lei, e aí passa a ser uma imposição aos membros. A igreja evangélica deveria ser mais democ...

A celebração da Ceia: transformações na liturgia

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A celebração da Ceia, principalmente a utilização do cálice individual ou coletivo, foi motivo de muitas polêmicas, e até mesmo tomado como símbolo (no caso da AD em Abreu e Lima) de rompimento com a tradição implantada pelos missionários suecos nas ADs no Brasil. As discussões começaram na CGADB de 1935, e se arrastaram pelo menos por mais 5 décadas. Nos anos 30, as polêmicas envolveram as igrejas do norte do país, mas continuaram por muito tempo. Em um artigo intitulado Cálice "comum" ou "individual" escrito para o Mensageiro da Paz (2ª quinzena de março 1965), o articulista Paulo Santos fornece algumas informações que esclarecem melhor as celeumas dentro da igreja. Ceia na AD em São Cristóvão (RJ): décadas de debates em torno do uso do cálice Reconhece o escritor que, dentro das ADs o "pão é ministrado de modo idêntico em todas as igrejas, em todos os lugares", mas percebia que no partilhar o vinho "não há uniformidade", s...

A Ceia nas ADs: polêmicas e "quebra de tradições"

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A celebração da Ceia, juntamente com o Batismo em Águas é um dos rituais que dão legitimidades as igrejas consideradas herdeiras da Reforma Protestante. As denominações pentecostais desde sua gênese praticam essas duas ordenanças e pelo que se observa na história assembleiana, é justamente na forma de ministração da Ceia que as polêmicas foram maiores e mais demoradas. Ao que tudo indica, os missionários suecos ao implantar a denominação no Brasil começaram a celebrar a Ceia com cálices coletivos. Era a interpretação das palavras de Cristo na última ceia: "bebei dele todos", entendida como o dever de ser tomar o fruto da vide na mesma taça. Ainda segundo registros mais antigos, também partiu dos suecos a orientação de restringir aos membros batizados em águas a participação na celebração. Ceia em Madureira com cálices coletivos: tradição sueca preservada Na CGADB de 1933, o missionário Nils Kastberg orientou para que a Ceia, só fosse ministrada "aos que, hav...