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Tim Tones - paródia com ares proféticos

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V ocê lembra de Tim Tones? Os mais jovens provavelmente nunca ouviram falar dele, mas Tim Tones era um personagem do programa humorístico " Chico Anysio Show" do  famoso humorista Chico Anysio de Paula. Talvez seja um dos precursores da teologia da prosperidade no Brasil. O nome do cômico personagem lembrava o pregador norte americano Jim Jones, que alguns anos antes ficou havia liderado um suicídio coletivo na Guiana.   O quadro também era uma clara alusão ao programa do famoso televangelista norte-americano Rex Humbard, apresentado em vários países, inclusive no Brasil. Exibido na década de 1980, Tim Tones causou forte reação no meio cristão (principalmente entre às lideranças), devido à forma estereotipada como os evangélicos foram retratados no horário nobre da Rede Globo de televisão. Tal foi a indignação, que a revista Veja numa matéria intitulada "De mal humor: personagem de Chico Anysio descontenta igrejas" assim descreveu a polêmica: O pastor Tim Tones, um ...

Refúgio para um pardal - a autobiografia do Pr. Nirton Santos

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Deixando agora a política um pouco de lado, gostaria de informar que li recentemente o livro autobiográfico do Pr. Nirton dos Santos, intitulado  Refúgio para um pardal  (Editora Letra Moderna). O título é uma alusão ao pássaro que a Bíblia apresenta como o de menor valor. Pr. Nirton em sua trajetória de vida se compara a essa ave, a qual mesmo sendo de valor insignificante, contudo é alvo do cuidado divino. Pr. Nirton: refúgio para um pardal Nas páginas desse livro, encontramos a história de um menino, cuja vida é desde cedo marcada por tragédias familiares, abandono, trabalho árduo e solidão. É realmente comovente, e impressionante o relato do suicídio da sua mãe, bem como o destino trágico das suas irmãs. Entre tantas perdas, miséria e desconforto, o jovem Nirton se converte ao evangelho de Cristo, e consegue formar um lar, desenvolver seu ministério de pastor pentecostal. Os pontos altos de sua narrativa são: o indiscutível pioneirismo, abne...

Ainda sobre as eleições: o perfil dos candidatos pentecostais

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Ainda continuando sobre a eleição para a Assembleia Nacional Constituinte, é importante destacar o perfil dos candidatos apoiados pelas igrejas, ou seja, quem a liderança buscou para fazer a representação da denominação como um todo. Paul Freston descreve em seu livro Evangélicos na Política Brasileira , as qualidades ou as qualificações dos primeiros candidatos pentecostais. Em suma eles eram pregadores ou cantores conhecidos dos fiéis. Portanto tinham projeção eclesiástica, pois numa eleição majoritária, ter um nome já conhecido ajudava no projeto de eleição do candidato oficial. Lançar um desconhecido talvez não seria um bom negócio. Outra qualificação era a de empresário de origem humilde, mas bem sucedido na carreira profissional. Outro fator para indicação foi a ligação do pretendido candidato com a mídia evangélica. Geralmente um candidato reunia em si duas , ou senão três dessas qualificações citadas acima. Um exemplo é o caso de Matheus Iensen. Eleito dep...

Constituição: liberdade religiosa ameaçada?

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Um dos capítulos mais interessantes da história dos pentecostais é justamente a adesão desse grupo religioso a política partidária. O sociólogo Paul Freston em seu clássico livro Evangélicos na Política Brasileira: história ambígua e desafio ético trata com muita propriedade essa questão. Para o referido autor questões como a consciência de crescimento numérico, e as disputas no campo religioso por acessos e meios de fortalecimento das instituições evangélicas (esses meios seriam segundo o autor: concessões de rádio e televisão, bem como doações e verbas para as entidades filantrópicas dirigidas pelas igrejas), são um exemplo dos motivos da adesão pentecostal a política partidária. Soma-se a isso o status que a política pode dar a uma família pastoral, e o desejo dos partidos políticos de diversificarem sua clientela. Porém, para romper com as resistências históricas de um povo, que não via a política dentro das igrejas com bons olhos, qual fator ou discurso se destacou ...

A Assembleia de Deus e eleições: 1986 um ano decisivo

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Uma das notícias mais comentadas nos meios de comunicação a cada eleição legislativa, é o aumento, ou a diminuição da chamada "bancada evangélica" no Congresso Nacional. Nesse ano de 2010, verificamos que o número de parlamentares evangélicos aumentou, saltando de 43 para 71 congressistas. A Assembleia de Deus maior igreja protestante e pentecostal do Brasil, fez jus ao seu gigantismo, e agora na proximidade do seu centenário, conseguiu eleger (ou em alguns casos reeleger) 23 deputados federais, superando assim as dificuldades da eleição legislativa de 2006, quando vários de seus representantes não conseguiram a reeleição. Mas como será que a maior denominação evangélica do país se comportava em matéria de política partidária  há alguns anos atrás? Segundo alguns estudiosos, a origem estrangeira dos missionários suecos que fundaram a Assembleia de Deus no Brasil, a baixa condição social dos seus membros nas primeiras décadas de sua expansão e as perseguiçõ...

Visita histórica na CGADB de 1959

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A CGADB, realizada na Assembleia de Deus em São Cristóvão, RJ, entre os dias 16 e 21 de novembro de 1959, foi marcada por uma presença ilustre. Os convencionais receberam, no plenário, o então Ministro da Guerra, Marechal Henrique Batista Dufles Teixeira Lott. Segundo o escritor Silas Daniel, no livro História da Convenção Geral das Assembleias de Deus, a “visita foi considerada histórica porque foi a primeira vez que uma autoridade pública do alto escalão do Estado visitava a Convenção Geral”. Conforme Daniel, a presença de Lott “teve um significado enorme para os convencionais”, pois a igreja estava sofrendo perseguições por parte de líderes católicos que mantinham um vínculo muito estreito com as autoridades brasileiras. No registro de seu discurso na CGADB, o marechal citou suas origens evangélicas, mencionando a ancestralidade de sua família. Lott herdara o catolicismo da mãe: rezava sempre após as refeições e levava a família à missa todos os domingos. Todavia, pelo lado paterno...

A Assembleia de Deus e a Revolução Cultural

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Um dos momentos mais interessantes da História das Assembleias de Deus no Brasil foi o encontro da CGADB ocorrido em 1968 na cidade de Fortaleza, Ceará. Segundo o escritor Silas Daniel no livro História da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil “os reflexos da Revolução Sexual já atingiam as igrejas, preocupando os convencionais”. As discussões começaram por um pastor catarinense; Satyro Loureiro, que perguntou: “Qual a atitude das Assembleias de Deus no Brasil em relação às minissaias e aos cabeludos que estão tentando invadir as igrejas?” Não é preciso dizer que nas páginas seguintes os debates foram intensos, sobrando até para o respeitável Mensageiro da Paz , órgão oficial da igreja, pois segundo um pastor, estaria o MP publicando em suas matérias “fotografias de moças e senhoras com vestidos curtos e cabelos com penteados fora do comum”. Como não poderia deixar de ser, as deliberações dos convencionais foram de condenação aos “costumes mundanos”, e de maior rigor...