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Constituição: liberdade religiosa ameaçada?

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Um dos capítulos mais interessantes da história dos pentecostais é justamente a adesão desse grupo religioso a política partidária. O sociólogo Paul Freston em seu clássico livro Evangélicos na Política Brasileira: história ambígua e desafio ético trata com muita propriedade essa questão. Para o referido autor questões como a consciência de crescimento numérico, e as disputas no campo religioso por acessos e meios de fortalecimento das instituições evangélicas (esses meios seriam segundo o autor: concessões de rádio e televisão, bem como doações e verbas para as entidades filantrópicas dirigidas pelas igrejas), são um exemplo dos motivos da adesão pentecostal a política partidária. Soma-se a isso o status que a política pode dar a uma família pastoral, e o desejo dos partidos políticos de diversificarem sua clientela. Porém, para romper com as resistências históricas de um povo, que não via a política dentro das igrejas com bons olhos, qual fator ou discurso se destacou ...

A Assembleia de Deus e eleições: 1986 um ano decisivo

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Uma das notícias mais comentadas nos meios de comunicação a cada eleição legislativa, é o aumento, ou a diminuição da chamada "bancada evangélica" no Congresso Nacional. Nesse ano de 2010, verificamos que o número de parlamentares evangélicos aumentou, saltando de 43 para 71 congressistas. A Assembleia de Deus maior igreja protestante e pentecostal do Brasil, fez jus ao seu gigantismo, e agora na proximidade do seu centenário, conseguiu eleger (ou em alguns casos reeleger) 23 deputados federais, superando assim as dificuldades da eleição legislativa de 2006, quando vários de seus representantes não conseguiram a reeleição. Mas como será que a maior denominação evangélica do país se comportava em matéria de política partidária  há alguns anos atrás? Segundo alguns estudiosos, a origem estrangeira dos missionários suecos que fundaram a Assembleia de Deus no Brasil, a baixa condição social dos seus membros nas primeiras décadas de sua expansão e as perseguiçõ...

Visita histórica na CGADB de 1959

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A CGADB, realizada na Assembleia de Deus em São Cristóvão, RJ, entre os dias 16 e 21 de novembro de 1959, foi marcada por uma presença ilustre. Os convencionais receberam, no plenário, o então Ministro da Guerra, Marechal Henrique Batista Dufles Teixeira Lott. Segundo o escritor Silas Daniel, no livro História da Convenção Geral das Assembleias de Deus, a “visita foi considerada histórica porque foi a primeira vez que uma autoridade pública do alto escalão do Estado visitava a Convenção Geral”. Conforme Daniel, a presença de Lott “teve um significado enorme para os convencionais”, pois a igreja estava sofrendo perseguições por parte de líderes católicos que mantinham um vínculo muito estreito com as autoridades brasileiras. No registro de seu discurso na CGADB, o marechal citou suas origens evangélicas, mencionando a ancestralidade de sua família. Lott herdara o catolicismo da mãe: rezava sempre após as refeições e levava a família à missa todos os domingos. Todavia, pelo lado paterno...

A Assembleia de Deus e a Revolução Cultural

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Um dos momentos mais interessantes da História das Assembleias de Deus no Brasil foi o encontro da CGADB ocorrido em 1968 na cidade de Fortaleza, Ceará. Segundo o escritor Silas Daniel no livro História da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil “os reflexos da Revolução Sexual já atingiam as igrejas, preocupando os convencionais”. As discussões começaram por um pastor catarinense; Satyro Loureiro, que perguntou: “Qual a atitude das Assembleias de Deus no Brasil em relação às minissaias e aos cabeludos que estão tentando invadir as igrejas?” Não é preciso dizer que nas páginas seguintes os debates foram intensos, sobrando até para o respeitável Mensageiro da Paz , órgão oficial da igreja, pois segundo um pastor, estaria o MP publicando em suas matérias “fotografias de moças e senhoras com vestidos curtos e cabelos com penteados fora do comum”. Como não poderia deixar de ser, as deliberações dos convencionais foram de condenação aos “costumes mundanos”, e de maior rigor...

Algumas curiosidades da história assembleiana

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Meu propósito é pontuar algumas curiosidades históricas da Assembléia de Deus no Brasil. As informações aqui contidas nesse post estão disponíveis no livro História da Convenção Geral das Assembléias de Deus no Brasil (CPAD 2004). Apenas estarão inseridos alguns comentários procurando contextualizar alguns fatos para que o leitor possa entender as razões de certas decisões ou debates. Na Convenção Geral de 1937 os convencionais desaprovaram uma proposta do missionário sueco Algot Svenson, líder da Assembléia de Deus em Belo Horizonte, de criar hospitais evangélicos em parceria com outras igrejas. A proposta foi rejeitada, pois entendiam os pastores que a função da igreja de Cristo deveria ser exclusivamente espiritual. Acreditavam ainda que a construção de hospitais fosse uma contradição à fé pentecostal, pois os enfermos deveriam antes de tudo receber orações e serem curados. Ainda na mesma convenção foi discutida pela primeira vez a utilização do rádio como forma de evangel...

Um editorial histórico e polêmico

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No ano passado o Centro Evangélico de Educação e Cultura (CEEDUC) recebeu uma preciosa doação. A irmã Ady Lopes, conhecida historiadora e memorialista da Assembléia de Deus em Joinville, doou exemplares da revista evangélica “A Seara”. Entre os exemplares doados encontramos as primeiras edições da revista (fundada em 1957), e edições das décadas de 60, 70, 80 e 90. Capa da revista: em seus primeiros anos causou polêmicas dentro das Assembleias de Deus Para quem gosta de navegar nas páginas do tempo, as revistas oferecem um excelente panorama das Assembléias de Deus no Brasil. As primeiras edições são as mais emblemáticas, pois conforme registros, a “A Seara” foi criada para tentar quebrar certos paradigmas dentro da denominação.  E é através de seus artigos e reportagens que se percebem as tensões internas de uma denominação em franco processo de crescimento e consolidação no território nacional. Esse editorial escrito pelo saudoso pastor João Pereira de Andrade e S...

O Mito Fundador e as Assembleias de Deus no Brasil

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Há três anos atrás, alguns blogs e postagens fizeram propaganda sobre o lançamento do selo comemorativo do centenário das Assembleias de Deus no Brasil. O selo possui a logomarca oficial do centenário, porém em forma de um quebra-cabeça, querendo assim demonstrar o grande mosaico que é a denominação, composta de vários ministérios e convenções. No selo aparecem ainda quatro mãos que ajudam a montar o quebra-cabeça, o qual significa a unidade dos diversos segmentos da denominação em torno do centenário. A iniciativa é louvável, e o selo é realmente um símbolo da realidade de uma denominação que a cada dia que passa mais se fragmenta em ministérios e convenções concorrentes entre si, tendo à única coisa em comum o nome: Assembleia de Deus.  Mas, não é só o selo comemorativo que simboliza a tentativa de unir facções assembleianas em torno de tão aguardada data. Já há algum tempo, a história da denominação tem sido um instrumento para de alguma forma, unir as igrejas em tor...