Paulo Kolenda Lemos - o pastor esquecido de Itajaí

Com a proximidade das celebrações do centenário da AD em Santa Catarina é necessário revisitar a história dos pioneiros e das primeiras igrejas implantadas em solo catarinense. É importante também destacar que, com o passar dos anos e a seletividade da memória institucional, alguns personagens, fatos e circunstâncias também foram "esquecidos" pela falta de cuidado em registrar os eventos, ou pelo zelo em preservar a pureza da história eclesiástica.

Entre os líderes pioneiros da AD em Santa Catarina, o pastor Paulo Kolenda Lemos merece uma reparação histórica. Pois mesmo sendo um dos principais membros do ministério catarinense entre as décadas de 1940 e 50, pouco destaque recebeu pela historiografia oficial até aqui.

Paulo Lemos era filho de Rodrigo Ribeiro Lemos e Martha Kolenda, irmã do missionário John Peter (JP) Kolenda e o terceiro entre os nove irmãos nascidos em solo gaúcho (Alberto, Silvestre, Isaque, Maria Etelvina, João, Albertina, Rodolfo e Édison). Seu nascimento se deu no dia 23 de dezembro de 1915, em Pelotas, no RS. 


Paulo, Luís Alberto, Rosa e Gecy - Itajaí, 1945

Quando o irmão de Martha, JP Kolenda voltou ao Brasil em 1939 para trabalhar na implantação de igrejas pentecostais no sul do Brasil, sentiu a falta de obreiros para lhe ajudar num campo tão vasto e carente como o de Santa Catarina. Nesse contexto, JP chamou os sobrinhos para trabalhar com ele. Alberto, Isaque, João, Paulo e, futuramente, o caçula Édison aceitaram a missão. Sempre, é claro, orientados pelo tio. 

Assim, aos 29 anos de idade, casado com Gecy Nascimento Lemos e com o filho Luís Alberto ainda muito pequeno, Paulo saiu de Porto Alegre para se estabelecer na cidade portuária de Itajaí, onde André Bernardino da Silva iniciou os trabalhos da AD no estado catarinense em 1931. Porém, Bernardino foi destituído da liderança em meados da década de 1930, assumindo a supervisão da obra o missionário Albert Widmer e, posteriormente, JP Kolenda. 

Enquanto isso, a congregação de Itajaí deve ter ficado aos cuidados do auxiliar João Santana ou de algum obreiro local até a posse de Paulo Lemos em 1944. No período em que morou na cidade foram acrescentados à família mais duas filhas: Rosa e Claudeth. Uma marca importante do seu pastorado foi a construção do segundo templo da igreja.

O relato está no Mensageiro da Paz (1ª quinzena de dezembro de 1945) exposto na postagem abaixo



Depois de 06 anos em Itajaí, os Lemos foram transferidos para Joinville. Depois de algum tempo, rumaram para Jaraguá do Sul e, finalmente, Blumenau, onde o sobrinho 03 (para usar o termo da moda) de JP Kolenda, romperia com o ministério. Mas disso trataremos em outra postagem. 

Na imagem abaixo, a galeria dos pastores de Itajaí, nota-se a ausência do pastor Paulo Kolenda Lemos. Deveria estar entre André Bernardino e Manoel Germano de Miranda. Há tempo para reparação!



Fontes:

ADAMI, Saulo; SILVA, Osmar José da. André Bernardino da Silva: pioneiro da Assembleia de Deus em Santa Catarina. Blumenau: Nova Letra, 2011.

ARAÚJO, Isael. Dicionário do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.

DANIEL, Silas, História da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil. Os principais líderes, debates e resoluções do órgão que moldou a face do movimento pentecostal brasileiro, Rio de janeiro: CPAD, 2004.

LOUREIRO, Satyro (et al.). 1931-1981 50 anos: o jubileu de ouro das Assembleias de Deus em Santa Catarina e sudoeste do Paraná. Itajaí: Maracolor, 1981.

Comentários

  1. Recebi com muita alegria esse pedacinho da jornada do meu querido paizinho.Houve um pequeno erro no comentário após a saída dele de Itajaí. Ele foi para Joinville onde teve duas filhas a Lourdes e eu a Martha.
    Depois quando foi para Blumenau ainda teve o sexto filho o Paulo Afonso.

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    1. Na próxima postagem ao abordar as passagens por Joinville e Blumenau irei destacar o nascimento das filhas e filho. Obrigado!

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  2. Cada um tera seu galardão entregue pelo nosso Senhor Jesus Cristo. Glória á Deus

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  3. Infelizmente uma falha das AD's. mas os homens esquecem e não honram: DEUS NÃO ESQUECE E NEM DEIXA DE HONRAR!

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