Os 90 anos da AD em Santa Catarina - Os primeiros líderes/Albert Widmer, o breve

Em boa parte dos estados do Brasil, o começo das Assembleias de Deus foi assim: um missionário sueco evangelizava uma determinada região e implantava uma igreja. Muitas vezes as congregações eram organizadas a partir de núcleos pentecostais pré-existentes. 

Em Santa Catarina deu-se o inverso. Um nativo iniciou o trabalho e, cinco anos depois, cedeu a direção para um estrangeiro. André Bernardino foi o primeiro pastor em terras catarinas, mas a obra só se desenvolveu de fato com os missionários norte-americanos. Entre os períodos de liderança de Bernardino (1931-1936) e Jonh Peter Kolenda (1940 -1952) representante da missão dos EUA), esteve o Missionário Albert Widmer. 

Sabe-se que Widmer era suíço e missionário metodista pentecostal. Recebia o seu sustendo da Inglaterra e chegou ao Brasil na década de 1930. Há informações, que antes de chegar em Santa Catarina, ele teria passado pelos estados do Amazonas, Pernambuco, Bahia e São Paulo. 

Albert Widmer

Como ele chegou à liderança da incipiente AD catarinense? Não há informações precisas. A última manifestação de André Bernardino como dirigente no estado foi no Mensageiro da Paz (2ª quinzena de abril de 1936), quando fez um pedido de ofertas para quitar uma dívida de um imóvel em Itajaí. A partir das edições de julho é Widmer que aparece como o responsável pela obra.

As razões da mudança na condução da obra pentecostal? Familiares de André falam que Widmer aproveitou um determinado tempo de ausência do pioneiro em suas idas ao Rio de Janeiro e lhe tomou a igreja. É provável, que a saída de Bernardino tenha sido contra sua vontade, mas talvez, não de todo injusta. O fundador da AD catarinense não era, ao que tudo indica em sua biografia, um homem previsível em suas ações.

O certo, é que de 1936 em diante, Albert Widmer supervisionava o trabalho e realizava convenções regionais. Antes, e ainda em terras catarinas, o missionário produziu muita literatura para o Mensageiro da Paz: fez traduções de artigos, escreveu textos e enviava notícias das igrejas no estado. Os crentes de todo o Brasil sabiam o que acontecia em Santa Catarina pela lavra do suíço.

Na Convenção Geral em São Paulo, no ano de 1937, foi Widmer que fez a famosa pergunta se era lícito as ADs pregarem o evangelho através do rádio. Com a vinda dos norte-americanos para ajudar no trabalho em Santa Catarina, Albert apresentou na convenção regional de 1940, o Pastor Jonh Peter Kolenda para ser o líder da igreja no estado. O missionário suíço ficaria encarregado de evangelizar e organizar congregações em toda a região catarinense, um trabalho que depois seria dado ao evangelista Inocêncio Marchione. 

Se André Bernardino se despediu de Santa Catarina de forma melancólica, Widmer por sua vez superou o antecessor. Porém, quatro décadas depois da passagem do suíço pelo sul, os responsáveis pela publicação da história da igreja tiveram que criar uma narrativa mais edificante: com a Segunda Guerra em curso na Europa, Albert Widmer teve seus recursos financeiros interrompidos e partiu para o Paraguai. Dele não se teve maiores informações.

PS: É tempo de celebrar os 90 anos da AD catarina. Sobre Widmer e sua saída de Santa Catarina outra postagem será feita no momento oportuno.

Fontes:

ADAMI, Saulo; SILVA, Osmar José da. André Bernardino da Silva: pioneiro da Assembleia de Deus em Santa Catarina. Blumenau: Nova Letra, 2011.

ARAÚJO, Isael. Dicionário do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2007

LOUREIRO, Satyro (et al.). 1931-1981 50 anos: o jubileu de ouro das Assembleias de Deus em Santa Catarina e sudoeste do Paraná. Itajaí: Maracolor, 1981.

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