O Destino Manifesto de Madureira
"O Espírito Santo manifestou a sua aprovações aquele acontecimento, falando, por profecia, encorajando, incentivando ao trabalho pela causa de Cristo; uma mensagem por profecia, ordenou a igreja nessa tarde, que alargasse a sua tenda, pois prosperaria..." (Emílio Conde)
No dia 13 de fevereiro de 1938, num domingo à tarde, 67 crentes em Cristo desceram às águas batismais na Assembleia de Deus em Madureira, no Rio de Janeiro. Na condução dos trabalhos estava o Pastor Paulo Leivas Macalão. Nesse tempo, a congregação do bairro da Zona Norte do antigo Distrito Federal já era a maior das igrejas abertas por Macalão nos subúrbios do Rio.
Convidado para as celebrações vespertinas e atento a tudo o que acontecia estava o jornalista Emílio Conde. Posteriormente, as considerações do escritor seriam publicadas na seção "Na Seara do Senhor" espaço privilegiado do Mensageiro da Paz para informar o progresso das ADs em todo o Brasil.
Naquela tarde Conde encantou-se com o entusiasmo da "multidão de salvos" louvando a Deus e observou que, apesar da elevada temperatura daquele verão carioca, a intensidade do calor espiritual a tudo se sobrepunha. O povo, segundo o apóstolo da imprensa pentecostal, não se cansava de louvar e de se alimentar da Palavra de Deus.
Em meio a tantas manifestações fervorosas de louvor, uma profecia se ouviu no recinto: Deus através do Seu Espírito aprovava aquela obra e ordenava "que alargasse a sua tenda, pois prosperaria". Talvez sem saber, Conde testemunhava a mensagem profética que confirmava o "Destino Manifesto" da AD em Madureira.
O conceito de "Destino Manifesto" surgiu nos Estados Unidos da América, no século XIX. Era a crença entre os norte-americanos que sua expansão pela América do Norte e colonização teria a aprovação e a bênção divina. Obviamente, o "Destino Manifesto" foi contestado por muitos e justificou, infelizmente, a discriminação e massacre dos nativos no continente. Na política internacional essa crença de superioridade ainda é sentida no olhar que a diplomacia norte-americana tem sobre os outros povos.
Porém, a profecia, não somente prediz o futuro: ela capta o espírito de uma época. Quando a mensagem profética em Madureira foi ouvida, o ministério, além de estar presente nos subúrbios do antigo Distrito Federal, já havia se ramificado pelo território fluminense, mineiro, goiano e, ainda naquele ano, chegaria à cidade de São Paulo.
Contudo, o "Destino Manifesto" de Madureira seria interpretado por outros Ministérios como "invasão de campo". Criou-se com o tempo, o conceito de "jurisdição eclesiástica" para delimitar a área de atuação e concorrência das ramificações assembleianas.
Na autobiografia de Manoel Ferreira, o Bispo Primaz de Madureira destacou a essência evangelística do Ministério de Madureira e que a CGADB "com seu pesado jogo burocrático" impunha regras às ações evangelísticas. Para Ferreira, o conceito de "jurisdição eclesiástica" era algo sem sentido numa nação carente de evangelização e igrejas nos seus mais distantes rincões.
Assim, ao final da década de 1980, quando autorizou a abertura de novos trabalhos do Ministério em todo Brasil, Ferreira estava de certa maneira cumprindo a profecia de 1938. "Alargar as tendas" era, e sempre foi, uma ordenança divina para Madureira e seus líderes.
Fontes:
ARAÚJO, Isael de. Dicionário do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
CORREA, Marina. Assembleia de Deus: Ministérios, Carisma e Exercício de Poder. 2 ed. São Paulo: Recriar, 2019.
DANIEL, Silas. História da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
FAJARDO, Maxwell. Onde a luta se travar: uma história das Assembleias de Deus no Brasil. 2 ed. São Paulo: Recriar, 2019.
FERREIRA, Manoel. Bispo Manoel Ferreira: Vida, Ministério, Legado. Rio de Janeiro: Editora Betel, 2020.
Mensageiro da Paz, 1ª quinzena de março de 1938, ano VIII, nº 05, Rio de Janeiro.
Não e mais a mesma coisa deixarrao o Celeste para viver o terrestre
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