Eliete Velloso - das igrejas para os palcos

Ela viveu e conviveu com os principais nomes do movimento musical iniciado na década de 1960, chamado de "Jovem Guarda". Roberto e Erasmo Carlos, Wanderléia, Jerry Adriani e Wanderley Cardoso foram seus companheiros de apresentações. 

Nascida no dia 2 de junho de 1940, em Deodoro, bairro da Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, Eliete Velloso era de berço evangélico. O pai era da Igreja Congregacional e a mãe, da Assembleia de Deus em Madureira, do pastor Paulo Leivas Macalão. 

O talento foi descoberto precocemente dentro das igrejas. Com oito anos de idade, a menina Eliete já cantava nos cultos e corais. Mesmo no auge da fama, ela sempre que podia, cantava na igreja; sentia-se "mais perto de Deus".

Eliete posando para a Revista do Rádio em 1964

O sonho da moça evangélica era ser professora, mas o Rádio a seduziu. Ao se inscrever nos disputadíssimos programas de calouros que, na época, abriam o caminho para o sucesso e estrelato, ela foi descoberta e encaminhada para uma gravadora CBS, onde foi contratada. Um dos principais sucessos da efêmera carreira da garota de Deodoro foi "Igual a ti não há ninguém", composição também conhecida na voz de Rosemary, outra cantora popular da "Jovem Guarda". 

Entrevistada pela Revista do Rádio, a jovem revelou um pouco da sua moral puritana: não gostava de posar de maiô para as fotos embora tivesse um "corpo perfeito". Entusiasmada com a carreira, que parecia ascendente, Eliete declarou que não casaria tão cedo. Mas no meio artístico nem sempre é fácil permanecer nas paradas de sucesso. 

O momento da Jovem Guarda passou e Eliete não conseguiu mais apoio das gravadoras para seguir sua carreira. Aos repórteres da Revista do Rádio, a jovem cantora declarou não querer casar tão cedo, pois a carreira era seu objetivo máximo. Entretanto, tão logo a carreira de cantora começou a definhar, Eliete se casou e, desiludida, abandonou o meio artístico no fim da década de 1960.

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LP da década de 1990 da cantora Eliete

No começo da década de 1990, houve tentativas de voltar a brilhar. Lançou pela gravadora CID o LP "Voltei para ficar" e apresentou-se em shows com antigos companheiros da Jovem Guarda. Porém, um Acidente Vascular Cerebral (AVC), em 1995, acabou de vez com os sonhos da cantora. Somente 

Eliete, assim como Ângela Maria e Aracy Cardoso, foi uma cantora que transitou entre o sacro e o profano. Elvis Presley foi também um caso conhecido de artista que agradou crentes e descrentes. Todos deixaram suas marcas e fãs.

Fontes:

Acervo digitalizado da Biblioteca Nacional (Revista do Rádio, edição de 1964) e do Jornal  O Globo.

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