Uma Assembleia de Deus na "sucursal do inferno"

No Rio de Janeiro entre as décadas de 1950/60 uma pequena "Veneza" foi revelada pela imprensa: a comunidade da Praia das Morenas ou Moreninha. Espremida numa faixa de cinco quilômetros, que margeava a Avenida Rio Branco, as palafitas ficavam entre o Quartel do Marinheiros e a Fábrica Kelson’s, no bairro da Penha, na Zona Norte da cidade.

A favela surgiu em 1948, com a chegada de oito famílias de pescadores e poucos anos depois, o local já contava com 500 famílias e mais 300 crianças vivendo em completo abandono. A miséria contrastava com a beleza da Baía da Guanabara, e o luxo dos carros em trânsito para os locais de veraneio. Retrato perfeito de uma cidade, onde riqueza e pobreza sempre andaram próximas. 

Assim, sem esgoto, água tratada, sem atenção das autoridades competentes e muito menos assistência médica a "Veneza Carioca" resistia sem "condições de vida compatíveis com a dignidade humana" — afirmou o extinto jornal Diário da Noite. A escritora Rachel de Queiroz, na revista A Cigarra, descreveu os casebres como "um pequeno e pungente mundo palafítico".


A precariedade da região levava os moradores dos barracos a constatar com certa ponta de ironia: "as crianças [na favela] sobrevivem por teimosia". Para os editores do Diário da Noite, "O mocambo é a sucursal do inferno. Ou o próprio inferno". 

Mas em meio a tanta desgraça revelada pelo Diário da Noite e pela A Cigarra, uma foto chamou a atenção: uma congregação da Assembleia de Deus, que na época era ligada a AD em São Cristóvão. Era um templo erguido na "sucursal do inferno", onde a miséria humana chocava até mesmo os mais experientes moradores do Rio.

Já se dizia, que onde tivesse uma máquina Singer ou uma lata de Coca-Cola estaria uma Assembleia de Deus. Parece que no caso da "Veneza Carioca" não havia nem Singer nem Coca-Cola, porém, a congregação da Assembleia de Deus estava firme e forte! Era o pentecostalismo levando dignidade, paz e amor aos perdidos desse mundo.

Fontes: 

 A revista com as fotos e o jornal usados para essa postagem estão disponíveis no:


A Cigarra ano 47 nº 4 - abril de 1961 - São Paulo

Diário da Noite, terça-feira, 30 de agosto de 1955, ano XXVII - Rio de Janeiro.

Comentários

  1. Agradeço a Deus por ter-me salvo numa bela tarde de domingo numa EBD, da Assembleia de Deus, numa escola de madeira para crianças. Essa é a força do Pentecostes.

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  2. Aonde o Estado não dá o suporte social necessário, DEUS levanta servos seus pra pregarem o Evangelho.

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  3. Muito bom o artigo ,parabéns pela pesquisa!

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  4. Muito bom artigo,Deus abençoe .Parabéns !

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  5. Tempos em que a Assembléia de Deus invadia todos os rincões de todo o Brasil , pregando a Palavra , curando os enfermos , batizando os crentes nas águas e no Avivamennto de Pentecostes !

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  6. Deve ter sido um tempo ruim e bom ao mesmo tempo,pois foram épocas difíceis,mais Deus levantou um remanescente pra proclamar o evangelho e ganhar almas para o seu Reino.A Deus seja a Glória.

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    1. Nasci neste lugar no dia 20 de dezembro de 1960, na Rua Marcílio Dias, 44, sou neto do Seu Acrizio. Nessa época era uma verdadeira "Veneza Carioca". Bela matéria. Parabéns!

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