Mulheres pregadoras - Irmã Estacília

Stanislava Budkowski, ou simplesmente irmã Estacília (1885-1967), foi um dos principais nomes do ministério feminino das Assembleias de Deus no Brasil em seus primórdios. Revisitar a biografia da pioneira, é perceber que, mesmo com as limitações impostas pela Convenção Geral de 1930 à atuação das mulheres no ministério, algumas ainda se sobressaíram na obra pentecostal.

Estacília nasceu em Varsóvia, capital da Polônia em 1885. As guerras na região levaram os Budkowski a sair do país de origem e migrar para o Brasil. Posteriormente, por motivos de enfermidade paterna, à família polonesa voltou à Europa (Portugal).

De volta ao Brasil, ainda muito jovem, Stanislava casou com Manoel Inácio de Araújo, militar que cumpriu serviços em várias cidades do Rio Grande do Sul e do nordeste. Entre idas e vindas, fixaram residência na cidade do Rio de Janeiro. No então Distrito Federal, após experimentar uma cura divina, começou a frequentar a Igreja Batista.

Estacília e seu esposo Manoel: ministério intenso nas ADs

Passados muitos anos, Estacília conheceu o Batismo do Espírito Santo na AD em Marechal Hermes (RJ). Cultos começaram a ser realizados na casa dos Araújo e o casal passou a congregar tempos depois na AD em Madureira liderada pelo pastor Paulo Leivas Macalão.

Um dia, Estacília notou que o pastor Paulo olhava para ela "fixamente" no culto. Temia estar fazendo algo de errado, pois Macalão "era temido por sua severidade". Em determinada manhã, durante a escola dominical em Marechal Hermes, o líder de Madureira a designou para executar uma missão importante: orar e ungir com óleo uma irmã tuberculosa, a qual foi curada.

Sim, Macalão ordenou uma mulher orar e ungir. Uma ação em muitos ministérios somente realizada por presbíteros e pastores. O caso revela à autonomia do líder de Madureira e uma faceta não muito conhecida do seu ministério: o apoio ao ministério feminino.

Ao descrever para o Mensageiro da Paz sobre campanhas evangelísticas de missionários norte-americanos no Rio na década de 1950, Zélia Macalão observou: "há muito tempo vinhamos lutando por essa fé, e através de algumas lutas, o Senhor tem usado as irmãs Estacília e Dorinha e inúmeros doentes têm sido curados e salvos". Pode se perceber no relato, que as irmãs sofriam resistências no desempenho do seus ministérios.

Segundo consta em sua biografia, a missionária ministrava curas "através do envio de lenços ungidos com azeite" e dava "azeite para ser tomado pelos enfermos". Talvez, o fato de ser mulher e de usar meios considerados "exóticos" no meio assembleiano, foram os motivos das resistências e desconfianças contra Stanislava.

Mas vencendo opiniões contrárias, Estacília desenvolveu um profícuo ministério de revelações e cura divina nas ADs que durou 40 anos. Ela também integrava as comitivas de obreiros lideradas por Macalão em visitas as igrejas de Madureira no interior do Brasil. Pregava em cultos e cruzadas evangelísticas.

Nas fotos antigas dos cultos em Madureira, Estacília está sempre no púlpito acompanhada de Florinda Brito (sogra de Macalão e pioneira da AD no Rio) e Zélia Macalão, esposa do líder do ministério. Autoridades e políticos frequentavam sua casa em busca de orações e possíveis revelações, inclusive presidenciáveis da época.

A pioneira tombou em combate enquanto voltava de uma campanha evangelística de Cabo Frio (RJ). Passou mal e faleceu aos 82 anos de vida deixando grandes marcas na AD em Madureira.

Fontes:

ARAÚJO, Isael. 100 mulheres que fizeram a história das Assembléias de Deus no Brasil. Rio de Janeiro: CPAD, 2011. 

SÁ, Natanael Germano de; SÁ, Loides dos Santos. Cura Divina e Milagres, Hoje! Vida e Obras de Stanislava Budkowski (Irmã Estacília). Rio de Janeiro: Lenan Editorial, 2010.

Mensageiro da Paz, 1ª quinzena de setembro de 1951.

Comentários

  1. Muito bom! Gosto de ver histórias assim, de homens e mulheres de Deus que nos serve de exemplo! Linda história

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  2. Obrigado,valeu a pena ouvir um testemunho como este

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  3. Muito gostoso saber das histórias das assembléia de Deus, no que aconteceu no passado, testemunhos como este aumenta nossa fé.

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  4. Testemunho maravilhoso.

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  5. Homens que fizeram a história sem tirat proveito dos ouvintes ( mercenários), louvado seja Deus pela vida desses homens !

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  6. Minha mãe relata, que à irmã Estacilha orava por ela e meu tio quando eram crianças, e Deus à usava poderosamente. Louvo à Deus pela vida desse vaso que estava em suas mãos.

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  7. Eu era adolescente e ia com minha mãe as orações na casa da irmã Stacília...Tempos de pentencostes. Esses tempos não saem da memória!

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  8. Eu tenho interesse de comprar esse Livro que conta a história dessa grande missionária ESTACIILIA ONDE EU POSSO ENCONTRAR PÔR GENTILEZA

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