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Mostrando postagens de 2013

A celebração da Ceia: transformações na liturgia

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A celebração da Ceia, principalmente a utilização do cálice individual ou coletivo, foi motivo de muitas polêmicas, e até mesmo tomado como símbolo (no caso da AD em Abreu e Lima) de rompimento com a tradição implantada pelos missionários suecos nas ADs no Brasil. As discussões começaram na CGADB de 1935, e se arrastaram pelo menos por mais 5 décadas. Nos anos 30, as polêmicas envolveram as igrejas do norte do país, mas continuaram por muito tempo. Em um artigo intitulado Cálice "comum" ou "individual" escrito para o Mensageiro da Paz (2ª quinzena de março 1965), o articulista Paulo Santos fornece algumas informações que esclarecem melhor as celeumas dentro da igreja. Ceia na AD em São Cristóvão (RJ): décadas de debates em torno do uso do cálice Reconhece o escritor que, dentro das ADs o "pão é ministrado de modo idêntico em todas as igrejas, em todos os lugares", mas percebia que no partilhar o vinho "não há uniformidade", s

A Ceia nas ADs: polêmicas e "quebra de tradições"

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A celebração da Ceia, juntamente com o Batismo em Águas é um dos rituais que dão legitimidades as igrejas consideradas herdeiras da Reforma Protestante. As denominações pentecostais desde sua gênese praticam essas duas ordenanças e pelo que se observa na história assembleiana, é justamente na forma de ministração da Ceia que as polêmicas foram maiores e mais demoradas. Ao que tudo indica, os missionários suecos ao implantar a denominação no Brasil começaram a celebrar a Ceia com cálices coletivos. Era a interpretação das palavras de Cristo na última ceia: "bebei dele todos", entendida como o dever de ser tomar o fruto da vide na mesma taça. Ainda segundo registros mais antigos, também partiu dos suecos a orientação de restringir aos membros batizados em águas a participação na celebração. Ceia em Madureira com cálices coletivos: tradição sueca preservada Na CGADB de 1933, o missionário Nils Kastberg orientou para que a Ceia, só fosse ministrada "aos que, hav

J. P. Kolenda e a profissionalização do ministério

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Um homem que marcou e "incomodou" sua época. Assim pode ser descrito o trabalho do missionário John Peter Kolenda, ou simplesmente J. P. Kolenda. Nascido na Alemanha em 1898, filho de um pastor luterano que trabalhou em comunidades de colonização alemã no Rio Grande do Sul, Kolenda residia nos Estados Unidos quando, após a conversão, teve contato com o movimento pentecostal. Ordenado pastor ainda jovem sentiu uma forte chamada ministerial. Quando foi convidado para ajudar no trabalho missionário no Brasil, JP já era um obreiro experiente e destacado nos EUA. Kolenda veio trabalhar (tanto ele como outros missionários da AD estadunidense) em regime de cooperação com a Missão Sueca, inclusive se sujeitando as normas e aos métodos de trabalho dos suecos. Essa sujeição era uma exigência dos escandinavos, pois estes se viam como pioneiros do trabalho pentecostal em terras brasileiras, e não queriam a princípio ceder lugar aos estadunidenses. Kolenda com pastores catarinen

Josias Pereira Santiago: revisitando a vida de um pioneiro

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A vida e a obra de Josias Pereira Santiago representa fielmente um período da história das Assembleias de Deus no Brasil. Evangelista da igreja nos anos 60 e 80 do século XX, sua biografia é um retrato exemplar do grande trabalho de pregação do evangelho executado por obreiros que, infelizmente, raras vezes aparecem nas histórias oficiais da denominação. Josias nasceu em 1926 na localidade de Rio Branco, então município de Iapu (MG), e ainda jovem teve muitas responsabilidades. Ajudava na criação dos irmãos menores, e como muitos jovens da sua época gostava de aproveitar a noite em bailes, onde revelava seus talentos musicais, principalmente na sanfona.  Logo ao casar-se em 1956, adoeceu gravemente. Em meio a recuperação da enfermidade, um dos seus irmãos pregou-lhe o evangelho e Josias aceitou a fé pentecostal. Pouco depois o casal Josias e Ana se converteu a Cristo em um culto dirigido pelo então evangelista Marcolino Gonçalves Lopes, na residência do seu irmão na localidade Á

Assembleia de Deus no Ceará: um caso militar

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Um dos maiores desafios para os historiadores da AD é pesquisar sobre os fatos polêmicos da trajetória da denominação e dos seus líderes. O silêncio sobre certos acontecimentos, a omissão de informações, e a falta de registros escritos ou orais, fazem que a simples história oficial prevaleça. Sendo assim todo um contexto social e político se perde. O caso da cisão da AD no Ceará é um exemplo. A grande turbulência ocorrida na denominação nos anos 60, ao que tudo indica, só foi resolvida com a influência política e militar. Luiz Bezerra da Costa tentou substituir o sogro na liderança, mas não conseguindo tal intento e, vendo certa rejeição do ministério ao seu nome, resolveu dar autonomia a congregação o bairro Bela Vista em Fortaleza. AD Bela Vista: cisão com apoio militar? Nesse processo de independência, a AD em Fortaleza viveu dias traumáticos. Gedeon Alencar, que na época dos acontecimentos era criança e filho de um pastor local, relembra em sua tese ter visto e ouvido

Assembleia de Deus no Ceará: cisão e turbulência

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Em 2014 a Assembleia de Deus no Estado do Ceará comemorará seu centenário. O movimento pentecostal em terras cearenses começou com o trabalho de evangelização de uma mulher. Maria de Jesus Nazareth, no ano de 1914 pregou aos seus familiares e conhecidos na Serra de Uruburetama.  Posteriormente o trabalho, entre altos e baixos se expandiu, chegando à capital Fortaleza em 1923. Entre os primeiros líderes da igreja estão nomes de renome da AD: Antônio do Rego Barros, Bruno Skolimowski e Julião Pereira da Silva. Mas o grande nome de destaque desse período foi o do pastor José Teixeira Rego. Quando assumiu a igreja definitivamente no dia 1º de maio de 1932, o trabalho contava apenas com 42 membros em comunhão e 11 congregados. Na sua administração, a obra se desenvolveu adquirindo um espaço próprio para realização dos cultos e, 10 anos depois de sua posse, a igreja contava com 1.450 membros na capital e mais 4.000 espalhados pelo interior cearense. Luiz Bezerra da Costa: um perfil i

José Wellington - Biografia

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De São Luís do Curu, Ceará, para o mundo. Assim pode ser resumida a biografia do pastor José Wellington Bezerra da Costa, presidente simultâneo da Assembleia de Deus - Ministério do Belém (SP), da CONFRADESP e da CGADB. Escrita por Isael de Araújo, jornalista e historiador-mor da denominação nos últimos anos, o livro segue o padrão de obras do gênero editadas pela CPAD, ou seja, o biografado possui uma vida e família exemplar, quase perfeita, e um ministério extraordinariamente abençoado. Sua ascensão ministerial e embates na denominação ocorrem dentro da mais pura Providência Divina.  Mesmo que Araújo ressalte na introdução da obra, que ela "não se enquadra na categoria de hagiografias porque José Wellington tem feito coisas grandiosas para Deus mesmo com falhas e defeitos de homem", o que se depreende ao término da leitura, é que as falhas e defeitos de José Wellington são praticamente inexistentes. Ele e seus familiares estariam longe da mesquinhez e ambições tão n

Cícero Canuto de Lima - oposição ao ensino teológico

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"Sentado em uma velha poltrona, entregue a seus pensamentos". Assim descreveu a  Folha de São Paulo, o velho pioneiro e antigo pastor das Assembleias de Deus no Brasil, Cícero Canuto de Lima. Aos 89 anos de vida e 60 de ministério, Cícero ainda conservava "o sotaque de sua terra e a marca de caráter de um homem que foi formado na luta diária contra a terra árida e na formação mais rígida que as Igreja Pentecostais já tiveram no Brasil". Reclamava ele, dos rumos da igreja, do sucessor e do seu esquecimento. Cícero pregando: somente por inspiração do Espírito Santo Esse relato sobre o patriarca, é uma imagem que a história oficial das Assembleias de Deus nunca divulgará. Assim como o mítico missionário sueco Daniel Berg, Cícero foi relegado ao ostracismo, após não fazer seu sucessor no ministério e perder poder e influência na denominação que ajudou a construir. Mas quais seriam as outras características da vida e ministério de Cícero Canuto de Lima

Cícero Canuto de Lima: herdeiro da doutrina sueca

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Cícero Canuto de Lima, mais que um líder, é hoje uma legenda dentro das Assembleias de Deus no Brasil. Ao lado de Paulo Leivas Macalão, é um dos nomes mais emblemáticos da denominação. Tal como Macalão, é impossível contar a história das ADs sem referenciar o saudoso obreiro. Como muitos pioneiros das ADs, muito se fala em Cícero Canuto de Lima, porém, pouco se conhece sobre ele de fato. Mas que foi esse senhor e líder?  Segundo fontes oficiais, Cícero nasceu em Mossoró/RN no dia 19 de janeiro de 1893. Converteu-se ao pentecostalismo em 1918 na cidade de Timboteua, Pará. Em 1923 foi separado ao ministério pastoral por Gunnar Vingren. Cooperou nas igrejas do Pará, mas logo seguiu para João Pessoa, capital da Paraíba (na época se chamava Cidade da Paraíba). Por 15 anos liderou essa igreja. Partiu para o sul em 1939, onde cooperou na AD em São Cristóvão, até que em 1946, depois de pastorear a AD em Santos, assumiu a AD da Missão em São Paulo. Na pauliceia foram 34 anos de pastorado

Sucessão na AD do Belenzinho: golpe ou adaptação aos novos tempos?

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No ano de 1980, um dos mais importantes ministérios da AD vivenciou uma importante transferência de poder e gestão envolvendo dois reconhecidos pastores: Cícero Canuto de Lima e José Wellington Bezerra da Costa. Esses dois senhores de origem nordestina, porém de perfis e idade diferenciadas, protagonizaram uma polêmica sucessão na AD do Belenzinho, a qual pode ser considerada simbólica para todas as ADs no Brasil. Pastor Cícero: atropelado pelos novos tempos? No dia 6 de janeiro de 1980, José Wellington assumiu a presidência da AD do Belenzinho em substituição ao veterano pastor Cícero de Lima. Pastor Cícero foi jubilado (aposentado) de suas funções pastorais. Desde então José Wellington preside a igreja. Mas em que contexto se deu essa alternância de poder na igreja e a tornaram tão polêmica? Isso é o que veremos agora. No dia 18 de janeiro de 1982, o jornal Folha de São Paulo , trouxe uma interessante e histórica reportagem sobre o crescimento dos pentecostais no Brasil.

AD em São Cristóvão - RJ: mudança e crise

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Já foi tratado aqui nesse blog, sobre a descaracterização de uma das mais tradicionais e históricas igrejas das Assembleias de Deus no Brasil: a AD em São Cristóvão - RJ. Pioneira no movimento pentecostal no estado do RJ, dela procederam muitas outras ADs no estado fluminense e fora dele. Até mesmo, líderes de outras denominação pentecostais passaram esse ministério. Presidida durante por muitos anos pelos míticos missionários suecos, a AD em São Cristóvão formou várias lideranças, e depois da era sueca foi dirigida por pastores como Alcebíades Pereira Vasconcelos, Francisco Pereira do Nascimento e Túlio Barros Ferreira. Pastor Túlio, grande liderança de sua época, no fim de sua vida e ministério, passa a direção ao seu filho caçula e sucessor Jessé Ferreira. Antiga sede da AD em São Cristóvão: tempos áureos Ainda em vida, pastor Túlio desliga-se da CGADB, adere a uma "nova dimensão" espiritual. Separado ao Apostolado (e seu filho a Bispo), adota o método do G12

Bibi: memória viva da AD em Joinville

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Memórias das Assembleias de Deus homenageia o irmão Marcílio de Miranda, carinhosamente conhecido como "Bibi". Aos 86 anos de vida (completados no último dia 27/07), Bibi é um dos filhos do pioneiro das ADs em Santa Catarina, Manoel Germano de Miranda. Segundo filho de uma prole de oito (dos seus irmãos mais quatro estão vivas), a vida desse ancião se confunde com a própria história da igreja. Quando seu pai fundou a AD em Joinville, Bibi contava com 5 anos de idade, e é hoje um últimos remanescentes do pequeno grupo de fieis que iniciaram a obra pentecostal na cidade. Na mudança, lá estava ele na carroça com mais três irmãos, a qual seu pai emprestou do cunhado Pedro Vargas para ir de Itajaí até Joinville. Carroça essa que sacolejava numa longa e cansativa viagem na estrada empoeirada. A família Miranda, levava somente roupas pessoais e de cama na mudança, mas carregava a fé e a esperança de realizar uma grande obra. Bibi e os filhos: oito décadas de memórias assembl

AD em São Paulo: Revolução e crescimento nos anos 30

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Memórias das Assembleias de Deus compartilha uma foto rara do arquivo pessoal do irmão Sigisberto Machado. Reunidos em frente ao antigo templo, vários irmãos e obreiros da Assembleia de Deus da cidade de São Paulo possam para o registro fotográfico. Sentados a frente, o então pastor da igreja, o missionário sueco Samuel Hedlund e esposa Tora Hedlund, e o também missionário, músico, maestro e compositor Jahn Sörheim. O local? Provavelmente na rua Villela ou na Cruz Branca, antigos endereços da igreja. O registro deve ter sido feito entre os anos de 1932 a 1935, período que Hedlund dirigiu o trabalho na capital paulista. Sörheim também cooperou nessa igreja, e hoje a banda de música da AD no Belenzinho leva seu nome em homenagem ao missionário. Não deve ter sido fácil para o casal Hedlund ter dirigido a AD em São Paulo nesse período, pois na condição de estrangeiro presenciou um momento político conturbado na história do país. No dia 9 de julho de 1932, teve início a Revolução