Qual o papel da mulher na igreja? - a pergunta que não quer calar

O ministério feminino sempre foi um ponto polêmico dentro das Assembleias de Deus. Desde a primeira Convenção Geral realizada em 1930 em Natal (RN), com a presença de Frida Vingen, questiona-se sobre o papel da mulher na igreja. 

A famosa resolução de 1930, não pacificou os conflitos entre os convencionais e a esposa do pioneiro Gunnar Vingren. O casal dois anos depois regressou à Suécia, mas o tema vez por outra emergia na instituição. Sinal de que a imposição às mulheres na primeira conferência sempre foi alvo de contestações internas. 

Em 1966, o antigo pastor da AD em Pindamonhangaba (SP), João de Oliveira escreveu no Mensageiro da Paz, um artigo intitulado Qual o papel da mulher na igreja? Nele, Oliveira desenvolveu argumentações que devem ter repercutido muito entre os assembleianos da sua época. O texto com certeza ainda hoje seria alvo de ardorosos elogios e contestações.

Pastor João argumentou: Deus não faz acepção de pessoas, ou concede dons e ministérios usando como requisitos cor, sexo e posição social, sendo Soberano e Absoluto em Suas escolhas. "Mas se é Deus quem dá ao homem e a mulher o dom e quem os envia com autoridade, quem poderá se levantar contra Deus?"  afirmou o saudoso escritor e comentarista das Lições Bíblicas da CPAD. 

Relembrou, que na história bíblica e secular, há exemplos de mulheres profetas, guerreiras, conselheiras e líderes. E apontou para uma realidade concreta já em seu tempo: "Se uma mulher hoje pode ser advogada, juiz e até governante de uma nação (como na imensa Índia, atualmente), e desempenha com eficiência sua carreira, como não poderá servir ao Senhor segundo o ministério dos dons de Deus?".

Vale lembrar, que durante o pastorado de João de Oliveira em Pindamonhangaba, foi implantado o Instituto Bíblico das Assembleias de Deus (IBAD). Durante anos ele conviveu com o casal fundador da instituição: João Kolenda Lemos e Ruth Doris Lemos 

Ruth era jornalista profissional e pastora assembleiana nos Estados Unidos. Talentosa na área musical e competente pedagoga, por décadas, foi uma "referência de exercício pastoral", mas no Brasil, submeteu-se "a um modelo machista"  conforme o sociólogo Gedeon Alencar, ou seja, abriu mão do título de pastora para ser tratada simplesmente de "irmã" ou no máximo, missionária Doris.

Oliveira acompanhava então, um caso exemplar de ministério feminino não reconhecido por muitos dos seus pares. Mas, na igreja onde liderava, o pastor João dava à missionária plena liberdade para ministrar.

Segue abaixo parte das exposições em defesa do reconhecimento das mulheres na atuação ministerial.


Com a palavra os nossos pastores, líderes e teólogos...

Fontes:

ALENCAR, Matriz Pentecostal Brasileira: Assembleias de Deus 1911-2011, Rio de Janeiro: Ed. Novos Diálogos, 2013.

ARAÚJO, Isael de. Dicionário do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.

Mensageiro da Paz, 1º quinzena de março de 1966.

Comentários

  1. Ninguém despreza o suor feminino, só lhes nega o crachá. Uma dissimulação sem fim. A AD americana consagra mulheres desde 1918. Já a vitaliciedade foi tão bem aceita pelos caciques. Por que será?

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    1. Não podemos justificar um erro( separar mulheres para o ministério ) com outro (pastores como presidentes vitalícios),E os parâmetros mundanos e seculares,não servem para a igreja de Deus.E com certeza a mulher tem desempenhado bem a sua função de "ajudadora", nas nossas ADS! O que passar disto é de procedência feminista!

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    2. E desde quando os exemplos Americanos são bons e tem que serem seguidos à risca? Salvo engano a falsa teologia da prosperidade tb veio de lá, e aí?

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  2. Excelente exposição!
    As Escrituras são claras: o Espírito Santo distribui os dons como quer, sem acepção alguma, e levanta aqueles que estão dispostos a fazer a obra do Senhor!E isso inclui perfeitamente as mulheres sem problema algum, haja vista as muitas mulheres usadas por Deus, na história bíblica, para o cumprimento de Seus santos propósitos!
    Tive a oportunidade de conhecer algumas pastoras da Igreja do Evangelho Quadrangular, que dedicam a sua vida ao cuidado pastoral das ovelhas de uma maneira tão nobre; uma clara vocação para o ministério pastoral, que não tem como negar!

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  3. Fundamentação na Bíblia ninguém dá!?

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    1. Isto mesmo,Ronaldo, a fundamentação deles é tirada do mundo,pq lá as mulheres estão ocupando os espaços,aí eles querem implantar na igreja de Deus! Igreja que é lideradas por mulheres, é pq lá não tem homens!fala isto não pb., que é machismo! Vocês viram como as coisas estão "evoluindo"? No passado não mui remoto a frase usada era: por trás de um grande homem há sempre uma grande mulher,Aí mudaram,pq estavam ferindo a dignidade das mulheres! Agora é: ao lado de uma grande homem,há sempre uma grande mulher! Aí no futuro presente, o diabo já tá colocando as "grandes" mulheres pastoras à
      frente de "pequenos" homens ovelhas(???????!!!!!!)Tem que ri com um troço deste!

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  4. Minha opinião é: a Bíblia foi escrita e seus personagens viveram dentro de um contexto sociocultural patriarcal. Seus personagens, portanto, obedeciam às regras sociais impostas. Caso fossemos seguir os padrões antigos, as mulheres não poderiam trabalhar fora, dirigir ou participar de qualquer atividade antes destinada aos homens. A sociedade é dinâmica e os papeis sociais sempre estão sendo flexibilizados. Quantas coisas aplicadas na sociedade antiga hoje não usamos mais?

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    1. Quer dizer que Jesus não chamou mulheres para o apostolado,com medo das reações da sociedade da época?(Este Jesus seu é muito fraquinho)! Quer dizer que quando Judas morreu, os apóstolos não escolheram a mãe de jesus como apóstola (os católicos iriam adorar isto!),com medo da reação desta mesma sociedade? Conversa pra boi dormi!

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  5. As Santos "machos", é bem estranho que na mesma bíblia também diz que é obrigação dos homens serem mantenedores dos lares, sendo assim as mulheres não deveriam trabalhar fora para ajudar no sustento da casa, hoje vemos muitos destes santos machos sendo mantidos pelas suas esposas e até aí tudo certo, esposas mais dedicadas que o marido na obra de Deus, porém o marido tem que estar a frente do sacerdócio, é muito absurdo dizer que só porque não foram chamadas mulheres para o apostolado de Jesus, isso quer dizer que elas estão esclusas da chamada ministerial, Débora pode ser juíza e profetiza, a samaritana pode ser chamada por Jesus para anunciar o messias para uma cidade inteira, porém hoje tem homens se achando o recheio da bolacha baseando-se em textos isolados sem contextos com enfase nos seus achismos.

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