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Uma benção polêmica

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Em junho de 1971, os leitores do jornal a Folha de São Paulo se depararam com um acontecimento no mínimo curioso. O paraense e funcionário civil aposentado do Ministério da Marinha, João Vieira de Melo, 64 anos, 40 de casado, 10 filhos e 32 netos, se tornou um dos mais novos milionários do Brasil ao acertar os 13 pontos da Loteria Esportiva. Como toda pessoa contemplada com um prêmio dessa magnitude (CR$ 1.031.439), João fez seus planos. Primeiro pagaria um empréstimo de 7 mil cruzeiros feito na Caixa Econômica Federal para reforma de sua casa. Depois compraria um carro, e ainda faria um mimo para os filhos: uma casa de presente para cada um deles. Loteria esportiva: era pecado Mas, uma das metas do novo milionário é que gerou polêmica. Queria ele construir um novo templo para a Assembleia de Deus na cidade "para manifestar seu reconhecimento à generosidade de Deus", o qual segundo ele em entrevista à  Folha "me inspirou na hora de preencher o volante da Lo...

Simon Lundgren - trabalho e simplicidade até o fim da vida

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Celebrados pela historiografia oficial, os míticos missionários suecos são constantemente citados como os grandes heróis das Assembleias de Deus no Brasil. Mas conhecer seus últimos anos de vida ainda serve como lição para as atuais tendências de alguns líderes das ADs no Brasil. Nesse blog já tratamos do caso de Daniel Berg, o qual no fim do seu ministério ficou praticamente abandonado e, segundo consta, passando privações materiais. Outro exemplo de esquecimento foi do missionário Charles Leonard Simon Lundgren. Sua biografia, seus feitos e pioneirismo são facilmente encontrados nos livros históricos da CPAD. Lundgren chegou ao Brasil no ano de 1924 para atuar ao lado de Otto Nelson na cidade de Maceió (AL). Em 1925 foi auxiliar Joel Carlson em Pernambuco, e no ano seguinte, juntamente com um grupo de 12 membros organizou a AD em Santos (SP). A folha de serviços prestados pela família Ludgren é extensa, e incluí uma importante passagem pela a AD em São Cristóvão (RJ), onde s...

Agnello, o simples

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Simplicidade. Eis uma virtude muito louvada, mas pouco desejada ou praticada. Segundo os melhores dicionários, simplicidade é ser (ou algo) desprovido de complicação, ou sofisticação. Ao falecer no dia 23 de setembro de 1990, o pastor Agnello José da Costa foi descrito pelo jornal O Assembleiano como um homem simples. Para quem não sabe, Agnello foi um pastor da Assembleia de Deus em Santa Catarina. Liderou poucas e pequenas igrejas nas cidades do Estado, entre elas Mafra, São Bento do Sul e Canoinhas. Porém, como informou a extinto jornal "pastorear não era o seu forte". Percebendo essa característica, a Convenção Estadual "resolveu separá-lo exclusivamente para realizar trabalhos de ensino nas igrejas". Agnello em pé ao centro com obreiros da AD catarinense Sapateiro de profissão, Agnello tinha uma oficina na antiga rua do Norte, atual e movimentada João Colin em Joinville. Encontrou o Carpinteiro de Nazaré ainda nos anos 50 no antigo templo sede da...

Emidio Grangeiro, o esquecido

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Na construção da historiografia, são vários os personagens que, por um motivo ou outro, ficam esquecidos. Uns de forma intencional. Outros talvez por descuido das novas gerações, as quais possuem a sensação de viver "numa espécie de presente contínuo, sem qualquer relação orgânica com o passado público da época em que vivem", como bem observou o historiador Eric Hobsbawm. Um desses personagens é a pessoa do saudoso pastor Emidio Saraiva Grangeiro. Nascido no Ceará no dia 6 de maio de 1906, na localidade de Junco de São Pedro do Cariri, município de Várzea Alegre, Grangeiro início seu ministério no seu Estado natal, primeiro como presbítero. Em 11 de setembro de 1937 foi autorizado a trabalhar como evangelista, na cidade de Fortaleza. Em 21 de julho de 1943, na mesma igreja, foi ordenado pastor. Emidio Grangeiro: morreu pobre e esquecido Ainda no Ceará, pastoreou as igrejas de Riacho Verde, Afonso Pena, Serra de Donana, no município de Iguaçu, e Itapajé, onde constr...

Com muito amor - Marguerite Kolenda

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John Peter Kolenda e sua esposa Marguerite trabalharam por muitos anos na obra pentecostal nos Estados Unidos, Brasil e na Alemanha pós-guerra. A família Kolenda chegou ao Brasil em 1939, e após passar pelo Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, estabeleceram-se no Estado de Santa Catarina. Ao chegar em Santa Catarina, a Assembleia de Deus ainda era um trabalho incipiente. Kolenda, juntamente com outros missionários norte-americanos como Virgil Smith e Orlando Boyer, organizou a denominação no Estado, impulsionando a construção de templos e a evangelização. Para conseguir apoio financeiro dos EUA, JP enviava constantes relatórios com muitas fotografias e filmagens dos trabalhos realizados em terras catarinenses. Porém, com o passar do tempo sua liderança foi sendo contestada pelos obreiros nacionais. Quando se observa a história das ADs, percebe-se que JP não sofreu somente oposição dos obreiros em nível nacional. No âmbito estadual, o veterano missionário também encontrou barrei...

Assembleias de Deus - Patrimônio Cultural

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Por ser uma igreja centenária, as Assembleias de Deus no Brasil também já possuem algumas gerações de crentes dentro de si. São aquelas famílias tradicionais, que junto com outros pioneiros fizeram a história da denominação. E não só isso. As ADs também têm seu patrimônio cultural. Segundo a Constituição de 1988, em seu artigo 216, patrimônio cultural no Brasil é definido como " ...os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira..." São exemplos de patrimônio cultural secular as manifestações artísticas ou folclóricas, construções, culinária, diversões, religião e indumentária de um povo. Tudo aquilo que dá sentido ou referência a uma comunidade pode ser considerado patrimônio cultural.    AD Madureira: construído para ser um patrimônio Seguindo esse raciocínio, um exemplo de patrimônio cultural das ADs é a Harpa Crist...

Daniel Berg - um "santo assembleiano"

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Sua imagem - ao lado do antigo companheiro Gunnar Vingren - é praticamente onipresente em todas as comemorações e festejos das Assembleias de Deus no Brasil. Em 2011, no centenário da denominação que ajudou a fundar, seu rosto de traços nórdicos, estampou camisetas, banners, livros, xícaras, agendas, CDs e mais uma série de materiais. Sua biografia, reeditada várias vezes, recentemente ganhou até uma versão juvenil. Sim, Daniel Berg é um mito nas ADs. É quase impossível é contar a história da denominação sem tocar no seu nome, e descrever (ainda que por vários ângulos) sua aventura de fé. Porém, muito ao contrário do que se imagina Berg o mítico missionário sueco, só começou a ser realmente de fato celebrado muito próximo à sua morte. Berg: um "santo assembleiano" muito comercializado A saga de Daniel Gustav Högberg, ou simplesmente Daniel Berg é conhecidíssima dos pesquisadores da história da AD. Nascido no sudoeste da Suécia, Berg emigrou para os EUA com 18 anos. ...