O Centenário da AD no RS - origens afrodescendentes
Para revisitar a história da AD no Rio Grande do Sul em seu centenário, o blog selecionou informações básicas sobre a igreja gaúcha em seu contexto histórico e geográfico. Nesta postagem, com inspiração nos livros do pastor João de Souza Filho e do historiador Tiago Cordova, veremos a inusitada gênese da Assembleia de Deus gaúcha.
Edvig, Herbert e Gustav: pioneiros da AD no RS |
Gustav e Edvig Nordlund, mais seu filho Herbert, foram enviados ao Brasil pela Missão Sueca, em 1923. Inicialmente estabeleceram-se em Belém do Pará para aprender o idioma da terra. Foi um ano de convivência e adaptação antes de serem enviados ao Sul do país.
Para o jornal Sanningens Vittne (Testemunha da Verdade) de setembro de 1923, portanto, meses depois da chegada dos missionários ao país, Nordlund escreveu sobre suas expectativas na missão: "Ao sairmos daqui [Pará], esperamos estar preparados e ir para o lugar para onde o Senhor nos chamou no sul e isso pesa muito em nossos corações, mas acreditamos que Jesus é poderoso para nos dar o que precisamos para a jornada até lá."
A família sabia dos desafios que enfrentaria no campo missionário: "As necessidades são grandes em todos os lugares aqui. Naquele estado (Rio Grande do Sul) ainda não há testemunho com o evangelho completo. Desejamos ser incluídos na intercessão de todos, para que o Senhor prepare o caminho e nos dê uma porta aberta para o evangelho no Sul." ― rogou Nordlund no periódico
Cinco meses depois da publicação no Sanningens Vittne, no dia 02 de fevereiro de 1924, os Nordlund chegaram a Porto Alegre a bordo do navio costeiro Itapura. Depois de acomodados na Rua Maryland, no Bairro Mont’Serrat, região próxima ao Centro Histórico da cidade, os missionários realizaram o primeiro culto pentecostal no mês de abril de 1924.
Nessa época, a capital gaúcha contava com pouco mais de 180 mil habitantes. O Mont’Serrat, longe de ser o bairro elitizado dos dia de hoje, era um reduto que abrigava famílias de afrodescendentes que depois do fim da escravidão no país buscaram naquele território, considerado insalubre e pouco valorizado, espaço para moradia e a prática das suas religiões de matriz africana.
Ali na região da antiga Colônia Africana de Porto Alegre, iniciou-se a Assembleia de Deus no Rio Grande do Sul. Não por acaso, nos relatos dos primeiros cultos realizados na capital, destacou-se que a primeira pessoa a aceitar Jesus foi “um velho, preto, vestido de uma capa militar verde” de nome José Correa da Rosa.
Assim começou a igreja pentecostal sueca: foi implantada em território majoritariamente negro.
Fontes:
CORDOVA, Tiago de. Os pioneiros: da Suécia ao Rio Grande do Sul: história do centenário das Assembleias de Deus no Rio Grande do Sul (1924-2024) / Tiago de Cordova. ― Ijuí, RS: Ed. do autor, 2024.
SOUZA FILHO, João de. O Minuano do Espírito: História do Movimento Pentecostal no Rio Grande do Sul, 1ª edição ― Sarzedo, MG: JRC Empresa Jornalística e Editora, 2024.
VINGREN, Ivar (Org.). Despertamento apostólico no Brasil. Rio de Janeiro: CPAD, 1987.
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