O Centenário da AD em Santos - posse do pastor João Alves Corrêa

O pastor João Alves Corrêa assumiu, segundo dados oficiais, a AD em Santos no dia 11 de fevereiro de 1962. Porém, no relato escrito ao Mensageiro da Paz, Roberto Rinaldi cravou o dia 13, pois entre os dias 09 a 11, a igreja sob a liderança do missionário Eurico Bergstén realizava estudos bíblicos.

Durante os estudos, numa vigília entre os dias 10 e 11, Bergstén “recebeu indicação da parte de Deus em apontar” o pastor Corrêa para ser o novo líder da AD santista. Na manhã do dia 11, o nome de Corrêa foi apresentado e após a aprovação do ministério local, uma comissão de obreiros foi visitá-lo em São Paulo e oficializar o convite.

Todavia, mesmo antes da indicação divina, o nome do pastor João Corrêa já era especulado para a sucessão. Em suas memórias, Corrêa contou que revelações anteriores indicavam sua ida para Santos, e que o pastor Bruno Skolimowski antes de falecer, havia-o convidado por diversas vezes para assumir a igreja.

Narrou ainda, que durante o período de crise, ele e o pastor Cícero Canuto de Lima visitaram a igreja e, sem especificar o assunto tratado, disse que havia se formado uma “confusão e a igreja ficou sem pastor”. Na vacância de líder, iniciou-se uma luta pela cadeira de presidente, com grupo “onde todos queriam ser o pastor da igreja de Santos”.

Pastor João Corrêa e sua esposa Carmita

Por saber das dificuldades do campo (dívidas e cisões) e estar bem acomodado na capital (filhos empregados, estudando e com renda familiar aumentada), o vice-presidente do Belenzinho sempre declinou dos convites de Skolimowski, mesmo que em seu íntimo ardesse a chamada divina para Santos.

Mas na noite da vigília, onde Bergstén recebeu a orientação divina para indicar Corrêa, o próprio indicado orava e num sonho teve a revelação clara que deveria ir para Santos. No dia seguinte, os pastores Francisco de Paiva Figueiredo e Horácio Valentim, mais o presbítero Natanael Rinaldi, chegaram na igreja paulista para formalizar o convite.

Ao representar o ministério santista, os membros da comissão deixaram bem claro as dificuldades a serem enfrentadas. Uma das adversidades é um exemplo de como os tempos mudaram no ministério assembleiano: a família Corrêa era numerosa e seria difícil sustentá-la somente com a prebenda de pastor.

Porém, João Alves Corrêa não era um homem que se dobrava diante das lutas. Determinado e convicto da sua vocação, ele assumiu a igreja em Santos, no dia 13 de fevereiro de 1962. Na sua posse, além do pastor Cícero Canuto de Lima, presidente do Ministério de Belenzinho, estavam presentes vários líderes das ADs no estado de São Paulo.

Com a mudança do pastor Corrêa para Santos, além de ser resolvida a sucessão na AD pioneira no estado de São Paulo, o pastor Cícero livrou-se da sombra do seu vice-presidente. Consta nas reminiscências do saudoso líder santista, que Cícero o transferiu do setor da Lapa em São Paulo para a sede do Belenzinho, por receio que seu vice “viesse a envaidecer e dividisse o trabalho” na capital.

Assim ficou tudo resolvido e começava a dinastia Corrêa na AD em Santos…

Fontes:

ALENCAR, Matriz Pentecostal Brasileira: Assembleias de Deus 1911-2011 (2ª edição ampliada). São Paulo: Recriar; Vitória: Editora Unida, 2019.

ARAÚJO, Isael de. Dicionário do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.

CABRAL, David. Assembleias de Deus: a outra face da história. 3 ed. Rio de Janeiro: Betel, 2002.

CORRÊA, João Alves. Os passos de um homem bom. [s/l]: Alpha, 1996.

CORREA, Marina. Assembleia de Deus: Ministérios, Carisma e Exercício de Poder. 2 ed. São Paulo: Recriar, 2019.

DANIEL, Silas. História da Convenção Geral dos Ministros das Igrejas Evangélicas Assembleias de Deus no Brasil -1930 a 2021 (Edição Revista e Ampliada). Rio de Janeiro: CPAD, 2022.

FAJARDO, Maxwell. Onde a luta se travar: uma história das Assembleias de Deus no Brasil. 2 ed. São Paulo: Recriar, 2019.

Mensageiro da Paz, ano 32, nº 21, 1ª quinzena de novembro de 1962.

OBREIRO - Liderança Pentecostal, ano 19 - nº 01/Rio de Janeiro: CPAD, 1997.

Comentários

  1. Pastor Carlos Padilha de Siqueira estava nesta posse , tem fotografia. Respeito !

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  2. Visitando pela primeira vez o Blog e já tem meu respeito. Não li achismos. Vi história com créditos! Parabéns Professor Mário! Aqui irmã Lucilene Carneiro de Campo Grande.

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