Como se deve apascentar o rebanho de Cristo?
Não é de hoje que as discussões sobre o conceito de ministério é um assunto preocupante para as Assembleias de Deus no Brasil (ADs). As controvérsias sobre o tema sempre existiram: deveria o pastor concentrar tantas congregações sob sua autoridade? Seria a titulação "pastor-presidente" ou "pastor-geral" algo correto diante do modelo bíblico de administração de igreja? E o papel dos presbíteros e das mulheres na denominação? Poderiam exercer funções pastorais?
As indagações, além de envolver a busca sincera pela vontade divina, também serviam para apontar criticamente para alguns excessos, desvios ou má interpretação do texto sagrado. Coisa muito comum em movimentos religiosos de expansão rápida e de ministério com formação leiga.
Na 2ª Convenção Regional da AD no estado de São Paulo, realizada em dezembro de 1935, quando a igreja paulista era liderada pelo missionário sueco Simon Lundgren, algumas questões surgiram e foram respondidas e registradas no Mensageiro da Paz (1ª quinzena de fevereiro de 1936). É importante lembrar: nas convenções antigas, havia participação para todos os membros da denominação com períodos de oração e estudos bíblicos.
Sendo assim, uma das perguntas levantadas foi: "Como se deve apascentar o rebanho de Cristo?" Obviamente, num assunto como esse, de matéria tão subjetiva, o Mensageiro da Paz registrou a diversidade de opiniões e propostas, mas "todas foram concordes" num ponto: "... os que estão à frente dos rebanhos de Cristo, devem apascentá-lo como manda a Palavra de Deus".
![]() |
AD em São Paulo na década de 1930 |
O versículo escolhido para a reforçar o argumento foi o da 1ª Epístola de Pedro 5. v2,3 que diz: "Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; Nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho".
A ênfase na prática pastoral deveria ter sempre como "único objetivo o amor". Nas experiências relatadas, muitos obreiros contaram que muitas congregações estavam dispersas "por querer o pastor, ser 'chefe e Papa' em todas as coisas...".
Na sequência, em meio às reflexões, um irmão fez a leitura do livro do profeta Ezequiel, no capítulo 34, onde em alguns versos se fala de "pastores de Israel que se apascentam a si mesmos", que comem da lã e da gordura, "mas não querem buscar, como Cristo, a ovelha perdida!" e oferecem ao rebanho "pasto velho", um capim seco "pisado pelos seus pés", deixando, obviamente, as ovelhas desnutridas, famintas e fracas.
Os questionamentos do passado são os mesmos do presente, todavia, num momento mais crítico para as ADs que sofrem com o nepotismo desenfreado, metas de arrecadação financeira em alguns casos e a transformação da visão de ministério (antes visto como sacrifício e hoje encarado como meio de vida). As atuais circunstâncias agravam o autoritarismo e a exploração da "lã e gordura" das ovelhas. Somado a isso, o "pasto seco" da teologia da prosperidade e dos pregadores coach deixam o rebanho raquítico e debilitado espiritualmente.
Nada há de novo debaixo do sol...
Fontes:
ALENCAR, Gedeon. Matriz Pentecostal Brasileira: Assembleias de Deus, 1911-2011. Rio de Janeiro: Editora Novos Diálogos, 2013.
Passamos no início muitas separações, divisões, turbulências mas agora é hora da Igreja Assembleia de Deus no estado do Ceará se unir juntos : Templo Central, Bela Vista e Montese ,se possivel aos lideres atuais de cada um desta formar uma convenção entre as 3 denominação o que seria notório para a CGAB.
ResponderExcluirA visão errada do conceito de salvação, nos levou a esse buraco, pastores autoritários, cruéis e parecem estar com as chaves do céus…um dia daria errado como está dando…
ResponderExcluir