110 anos das Assembleias de Deus - A CPAD no Rio de Janeiro

A Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD) nasceu no dia 13 de março de 1940, ao ser organizada juridicamente no Rio de Janeiro. O Mensageiro da Paz (MP), as revistas “Lições Bíblicas” e alguns livros e folhetos, já circulavam pelas igrejas e eram confeccionados em gráficas particulares. 

Antes disso, consta nos registros da CGADB realizada na AD de Belém do Pará, em 1936, a proposta do Missionário Nils Kastberg de fundar uma editora. O jornalista Emílio Conde, no Mensageiro da Paz, em 1938, também manifestou o desejo da criação de uma editora própria para as ADs. 

Porém, foi por força de um decreto do presidente Getúlio Vargas, em 1940, exigindo o registro de todos os jornais no Departamento de Imprensa e Propaganda (D.I.P.), órgão que regulava a imprensa, que o sonho da editora virou realidade. Estabelecia o decreto, que somente entidades com personalidade jurídica poderiam possuir jornais. 

Líderes das ADs homenageados em 1990, na CPAD

Para não interromper a veiculação do jornal Mensageiro da Paz foi providenciado um estatuto de uma Casa Publicadora e o registro em cartório. Assim, foi da imposição do Estado Novo, uma ditadura de inspiração fascista, que nasceu a CPAD, na antiga capital da República do Brasil.

Na CGADB de 1947, muito se discutiu o local de instalação e tamanho da empresa a ser criada. O Rio de Janeiro, São Paulo e Recife foram as cidades citadas como alternativas. No processo de escolha, a Cidade Maravilhosa levou a melhor até porque o Mensageiro da Paz era produzido no Rio.

É provável, que o fato do Rio ser na época a capital do país pesou para a continuidade dos trabalhos de impressão e edição dos periódicos das ADs na cidade. Vale lembrar da importância das igrejas do antigo Distrito Federal: São Cristóvão, Madureira entre outros ministérios despontavam com suas ações evangelísticas e doutrinárias. As ADs tinham no Rio seu centro de convergência. 

Quando da transição da capital federal para a recém construída Brasília em 1960, muitos políticos e ministros de Estado continuaram despachando no Rio. Autarquias e estatais ainda se mantiveram na cidade. Mas pouco a pouco, o Rio de Janeiro foi sendo esvaziado da sua relevância política. São Paulo por razões econômicas e Brasília por ser a sede do poder político ganharam maior destaque.

A Casa Publicadora no Rio de Janeiro é o vestígio do antigo poder político da cidade e da proeminência das ADs cariocas. Atualmente, o processo de fragmentação das ADs no antigo Distrito Federal, fazem da CPAD (editora forte e lucrativa) uma flor exótica no campo assembleiano na cidade do Pão de Açúcar. É um símbolo de uma hegemonia que não existe mais.

Fontes:

ARAÚJO, Isael de. Dicionário do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.

CORREA, Marina. Assembleia de Deus: Ministérios, Carisma e Exercício de Poder. 2 ed. São Paulo: Recriar, 2019.

DANIEL, Silas. História da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.

FAJARDO, Maxwell. Onde a luta se travar: uma história das Assembleias de Deus no Brasil. 2 ed. São Paulo: Recriar, 2019.

Comentários

  1. Por mais que ignorem a igreja mãe (me refiro a assembleia de Deus em Belém do Pará), fica evidente a exclusão da mesma em festas, e eventos, mas nos 110 anos de pentecostalismo no Brasil, ficou evidente a verdade da divisão que os líderes ignoram.

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  2. A fase dourada se acabou para as Ad Carioca, o seu brilho e sua magnífica obras ficaram no passado, o que temos hoje são igrejas fragilizadas e alicerçadas politicamente...
    Sem qualquer resquícios da glória que já teve.

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