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Mostrando postagens de 2018

Samuel Câmara - a igreja equilibrada

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Em abril de 1991, o extinto jornal O ASSEMBLEIANO , editado em Joinville, Santa Catarina, pelo jornalista Judson Canto, publicou uma entrevista com o pastor Samuel Câmara. Câmara, na época, com apenas 33 anos de idade, desde 1988 era líder da tradicional e histórica Assembleia de Deus (AD) em Manaus, no Amazonas. O jovem obreiro, filho e genro de pastores, casado com a talentosa Rebekah, filha dos pioneiros do ensino teológico nas ADs no Brasil, o casal João Kolenda Lemos e Ruth Dorris Lemos; Samuel apresentava-se, naquele momento, como uma nova alternativa e modelo de liderança para a denominação no país. Era um menino entre os patriarcas da CGADB. Na matéria d 'OASSEMBLEIANO , enfatizou-se, que apesar de ter sucedido o veterano pastor Alcebiades Pereira Vasconcelos na presidência da AD em Manaus e na convenção estadual, Samuel imprimia "sua marca pessoal na AD amazonense". Segundo o jornal, o jovem Câmara havia desobrigado a igreja de cumprir as tradições e costu

Os pastores da IEADJO no Jubileu de Ouro

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A foto em destaque nessa postagem é emblemática. Trata-se do registro de quatro ex-pastores da Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Joinville (IEADJO). Eles estavam reunidos nas comemorações do Jubileu de Ouro da denominação na cidade em 1983. O primeiro pastor Manoel Germano de Miranda (1933-1941), nesse tempo já era falecido. Também foi sentida a ausência do pastor Liosés Domiciano, que chegou à cidade em 1972 e, depois de lutar contra um câncer durante muito tempo, partiu para a eternidade em 1978. Na foto histórica, identificam-se da esquerda para à direita, os pastores: Antonieto Grangeiro Sobrinho (1957-1967), Virgil Smith (1941-1953), Satyro Loureiro (1953-1957/1979-1990) e Artur Montanha (1967-1972). Faltou ainda na fotografia, Henrique Altherutemeyer, que respondeu pela igreja durante sete meses em 1957, até a efetivação do pastor Grangeiro no cargo. Grangeiro, Smith, Satyro e Montanha Virgil Smith era norte-americano com passagem missionária por Pernambu

A Assembleia de Deus na Cidade das Bicicletas

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Houve um tempo em Joinville, Santa Catarina, que o progresso do município era observado não pela quantidade de automóveis em circulação, mas pelo número de bicicletas conduzidas pela grande maioria dos operários das principais empresas cidade. Essa era pelo menos a observação dos jornalistas que visitavam a cidade e ficavam admirados com a grande circulação de ciclistas por suas vias. Em junho de 1941, a revista semanal Carioca  destacou em uma matéria especial sobre Joinville a quase onipresença dos "automóveis de pedal" na Cidade das Flores. Segundo a publicação, o município possuía uma frota de 5 mil bicicletas. Em carta à extinta revista O Cruzeiro , Gilberto J. Campos morador de Joinville, em 1950, destacou dados da Prefeitura Municipal e da Delegacia de Polícia para afirmar a circulação de 8 mil "magrelas" na cidade. Os números oficiais de 1950, porém, apontam para uma quantidade maior: 9.795 bicicletas para 46.550 habitantes, fazendo da cidade uma referê

Frida Vingren - e o suposto affair

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Um dos pontos mais discutidos da matéria da BBC Brasil sobre Frida foi o suposto affair da missionária com um obreiro brasileiro. Isael de Araújo, biógrafo da senhora Vingren, afirma no Mensageiro da Paz (edição de outubro de 2018), que o affair tratar-se "apenas de um boato" sem comprovação. O tal "boato" apareceu em cartas da época e não há confirmação alguma do fato em si. Para reforçar seu argumento, Isael diz que na reportagem da BBC, a jornalista Kajsa Norrel "não consegue confirmar com segurança" a história, pois há "inconsistência" em seu conteúdo, ou seja, falta base documental para corroborar o rumor do romance. Mas, na mesma matéria, Norrel afirmou crer na veracidade do affair , pois "entrevistou um dos filhos de Frida e algumas de suas netas enquanto escrevia o livro e que identificou o assunto em cartas enviadas à Suécia por pessoas que não eram hostis a ela'". Gedeon Alencar em seu livro Matriz Pent

O caso Frida Vingren - CPAD desmente versão da BBC Brasil

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A reportagem produzida pela BBC Brasil e replicada por vários sites de informação no país, inclusive o G1 do Grupo Globo, fez o livro Halleljua Brasilien!, da jornalista sueca Kajsa Norrel, publicado em 2011, sobre a vida e morte da missionária Frida Vingren ficar conhecido do grande público evangélico e secular. As controversas informações da matéria, geraram uma nova onda de debates sobre o ministério feminino e o triste destino de Frida Vingren, esposa do mítico fundador das Assembleias de Deus no Brasil, Gunnar Vingren; esquecida e morta na Suécia em setembro de 1940. Por se tratar de uma figura emblemática da história assembleiana e em parte pelo "vazamento" de notas polêmicas, o Mensageiro da Paz (edição de outubro de 2018) trouxe em suas páginas, um texto-resposta escrito pelo jornalista e historiador Isael de Araújo, autor de uma biografia sobre a pioneira publicada pela CPAD em 2014. Chamada do MP: tentativa de controle da História O posicionamento ofic

Gunnar, Frida e Nyström - tempos conturbados

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O missionário Gunnar Vingren, juntamente com seu companheiro Daniel Berg chegaram ao Brasil, especificamente em Belém do Pará, no dia 19 de novembro de 1910. Sete meses depois, no dia 18 de junho de 1911, os suecos iniciaram o trabalho da Missão da Fé Apostólica, depois modificado para Assembleia de Deus (AD). A história é conhecida: a igreja formada apenas por alguns membros excluídos da Igreja Batista em Belém, sob a liderança de Vingren e Berg cresce e se expande por todo o país. Paralelamente, o apoio da Igreja Filadélfia, em Estocolmo foi fundamental. Lewi Pethrus, amigo de infância de Daniel Berg e grande líder do movimento pentecostal na Suécia, enviou missionários ao Brasil para consolidar a grande obra de evangelização. Entre eles, o casal Samuel e Lina Nyström. Família Vingren: o amargo regresso em 1932 Os Nyström chegaram ao Brasil em agosto de 1916. Samuel era um obreiro de extrema competência e foi pioneiro na abertura de vários trabalhos na região norte. No ano

CGADB 1964 - entre o glamour e tensões

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Entre os dias 16 a 21 de novembro de 1964, a Assembleia de Deus na cidade de Curitiba recebeu a Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB). O país vivia os primeiros meses do Regime Militar (1964-1985) e o pastor José Pimentel de Carvalho (1916-2011) estava somente há dois anos na liderança da igreja curitibana. Silas Daniel, no livro da História da CGADB , destacou que a organização do evento naquele ano havia superado todas as demais até então realizadas. Isso só foi possível com a mobilização de toda a igreja e a formação de comissões e departamentos para receber os obreiros vindos de todo o país. Além das comissões de relações públicas, hospedagem e tesouraria, a AD curitibana ofereceu aos convencionais lavanderia, departamento de correios e passagens, barbearia, engraxates e local para atendimento médico. O departamento de Assistência Social prestava informações através de alto-falantes instalados para essa finalidade. Panorama de um dos cultos da CGADB

O general Macalão, positivismo e o Ministério de Madureira

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No livro Traços da vida de Paulo Leivas Macalão , Zélia Brito relata sobre a chamada ministerial do Pastor Paulo e da constante resistência do pai do futuro líder de Madureira, o General João Maria Macalão, em aceitar a mudança de planos do filho. O caçula da família gaúcha, deveria conforme a vontade do seu genitor, seguir a carreira militar. Segundo Zélia, enquanto o jovem Paulo ainda estava no processo de conhecimento do evangelho, o General João Maria o confrontava com os livros de Darwin. Esse tipo de enfrentamento era típica para um militar de origem positivista, formado na Escola Militar do Rio Grande do Sul nos últimos anos do Império Brasileiro e no período da implantação da República. O positivismo, corrente filosófica francesa que teve início no começo do século XIX, defendia o conhecimento científico como único saber verdadeiro. Todas as outras formas do conhecimento humano não comprovadas cientificamente eram consideradas crendices e vãs superstições. No Rio G

João Maria Macalão - o general revolucionário

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Um traço da vida e obra do fundador do Ministério de Madureira, Paulo Leivas Macalão (1903-1982) é sua origem social abastada, numa época em que o pentecostalismo estava identificado com as classes sociais mais humildes e desprezadas pelo poder público. Macalão nasceu em Santana do Livramento, município do Rio Grande do Sul fronteiriço com o Uruguai, quando seu pai João Maria Macalão, capitão do Exército Brasileiro, servia no 7º Regimento de Cavalaria (RC) da região. A mãe, Georgina Leivas Macalão era uma jovem conhecida dos círculos sociais mais abastados de Pelotas, "onde a todos encantava com a virtuosidade do piano". João e Georgina casaram-se em Pelotas e tiveram três filhos: Fernando, Maria Isidora e Paulo. Os nomes dos rebentos foram escolhidos para homenagear santos católicos. No caso de Paulo, a história mostrou que o nome foi apropriado e profético, pois assim como Paulo, o Apóstolo dos gentios, o caçula da família se destacou na evangelização de muitos pov

Versões da história das ADs - contradições

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O objetivo dessa postagem é comparar algumas narrativas assembleianas com documentos, pesquisas e informações disponíveis, os quais, servem de contraponto à dita "História Oficial" das Assembleias de Deus. Existe, na história e em sua narrativa, na grande maioria das vezes, uma enorme distância entre o fato e a versão dele. As versões da história eclesiástica, em geral, têm o objetivo de edificar os crentes e apontar exemplos a serem seguidos. Como escreveu o pastor e poeta Joanyr de Oliveira, a "historiografia oficial, seja religiosa, seja política, é sempre míope em avançado grau - quando não ostensivamente estrábica, em boa parte não é senão uma grande farsa. Quantos pseudos santos e heróis nos forja, sem o mínimo pudor... Sim, a história dos vencedores - a que prevalece - é sempre tendenciosa, desonesta". Então vamos a algumas versões e contradições da história. CGADB de 1930: clima de tensão nas ADs "Não havia nenhuma intenção dos obreiros na

Ministério de Madureira - O Império contra-ataca

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*Por André Silva No dia 2 de junho de 1993, numa sexta-feira, a Assembleia de Deus em Bangu (RJ), transformou o culto em Assembleia Geral Extraordinária (AGE). Membros e ministros do campo foram surpreendidos, quando o pastor Ades Antonio dos Santos, presidente da igreja, anunciou que a partir daquela data a igreja estaria se desligando da Convenção Nacional das Assembleias de Deus no Brasil - Ministério de Madureira (CONAMAD) e se vinculando a Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB).  Na mesma noite, o pastor Ades informou sobre “uma suposta perseguição” do pastor Manoel Ferreira, que tentava persuadi-lo a jubilar-se fora da data estabelecida pela igreja e, juntamente com a liderança de Madureira, tentava intimidá-lo para deixar a presidência de Bangu.  O pastor Ades dos Santos chegou a procurar a 34ª Delegacia Policial, em Bangu, para prestar queixa contra o “Pr. Dr. Manoel Ferreira” (hoje Bispo Primaz) sobre o crime de perseguição, atentado contra sua