AD em Santos - explicações de Corrêa e as criticas de Reikdal

A edição de abril de 1997 da revista A Seara com a entrevista do pastor da AD em Santos Paulo Alves Corrêa causaria grandes polêmicas. Diante da repercussão, a CGADB promoveu durante os dias 16 e 17 de julho do mesmo ano, o 1º Simpósio Nacional de Doutrinas.

Com a presença de mais de 200 líderes de todo o país, os debates pró e contra as declarações do pastor santista se acirraram no evento. Tanto, que a defesa do líder foi considerada pelo Mensageiro da Paz (MP), o "momento de maior interesse" do encontro, pois em Santos (segundo alguns pastores) "estaria ocorrendo casos de heresias, com pretensa direção do Espírito Santo".

Corrêa, em sua defesa, contou que ao assumir a AD em Santos rogou a Deus "algo novo para renovação dos cultos, porque eram frios". Percebeu algo diferente acontecendo quando, ao orar, as pessoas caíam sem que ele notasse. Seria, segundo ele, a resposta à oração, à "nova unção".

Mensageiro da Paz: artigo de Alfredo Reikdal

Contou ainda, que obreiros do próprio ministério criticaram as manifestações atribuindo-as ao demônio. O próprio pai, o veterano João Corrêa ficou contrariado com o que viu, mas também teria sido alcançado pela "nova unção", caindo e orando por três pessoas "com os mesmos resultados". 

Paulo afirmou, não tocar nas pessoas para que caíssem, não soprar sobre elas e muito menos ser seguidor de Benny Hinn. Refutou ser adepto de modismos provenientes da América do Norte. Em suma: havia muitas distorções nas informações sobre o que estava acontecendo em Santos. Porém ficou claro na matéria do Mensageiro, que ele não convenceu a todos no simpósio.

O debate não ficaria na matéria sobre o evento da Convenção Geral. Na mesma edição do MP, Corrêa seria veementemente refutado por um dos mais proeminentes líderes das ADs no Brasil: Alfredo Reikdal (1910-2010), antigo pastor do Ministério do Ipiranga em São Paulo.

Reikdal, não poupou críticas à "nova unção" e muito menos as declarações do pastor santista sobre o "ranço das tradições". Confessou ter ficado "chocado e angustiado por muitas noites" com a entrevista publicada na A Seara. Censurou àquilo que ele chamou de "movimentos estranhos, inovações e artificialismos" introduzidas dentro das ADs por "alguns obreiros". 

O veterano ainda considerou ofensivo a expressão "ranço da tradição" usada pelo seu colega de Santos. Para ele, o termo afrontava os pioneiros que através de muitos sacríficos e lutas ergueram as ADs no Brasil. Ranço, segundo o octogenário obreiro, apoiando-se no sentido etimológico da palavra, seria o mesmo que dizer que os desbravadores pentecostais eram "velharia... bafo malcheiroso". 

Não por acaso, Alfredo Reikdal em 1999, desligou-se da convenção regional presidida por Paulo Corrêa para fundar a Convenção dos Ministros Ortodoxos das Assembleias de Deus do Estado de São Paulo (Comoespo). 

Mas as controvérsias se estenderiam ainda mais alguns anos e chegariam a um ponto máximo de questionamentos do ministério do pastor Paulo Alves Corrêa, o sucessor do respeitado João Alves Corrêa.

Fontes: 

ARAÚJO, Isael. Dicionário do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.

Mensageiro da Paz, ano LXVII - nº 1326/setembro de 1997, p. 3 e 7.

Comentários

  1. Olha, o caminho da heresia é perigoso e pode ser um caminho sem volta. Muitas igrejas entram por esse caminho, tentando na realidade uma inovação para melhor dinamização de seus trabalhos. O resultado é desastroso: divisão, membros que vão para outros arraiais e acabam-se perdendo, o ministério se enfraquece e mais dia, menos dia, o líder causador dessa "confusão" acaba pagando preço muito alto. Como disse uma vez nosso líder maior Pastor José Wellington Bezerra da Costa, "o que precisamos não é de inovação mas renovação".

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  2. Na edição de julho de 1997 da Revista Seara o pastor Carlos Padilha de Siqueira manifesta em nome da AD em Presidente Prudente uma manifestação de repúdio a entrevista do pastor Paulo Alves Corrêa a responde biblicamente sobre cair no espirito e novas unção. Nesta mesma revista na seção "Cartas" foram publicadas duas opiniões sobre o movimento.

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  3. Não tenho a Revista mas tenho uma copia da pagina, se precisar te envio.

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  4. Com isso ministério de santos perdeu e continua perdendo muitos membros.

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