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Mostrando postagens de 2015

AD em Teresina - "Fim da História?"

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Confirmado! A AD em Teresina iniciará 2016, ano da comemoração dos seus 80 anos, com sua unidade administrativa fragmentada. Conforme adiantado por este blog, a decisão foi aprovada em Assembleia Geral da igreja no dia 25 de novembro, e validada na Convenção de Ministros da AD no Estado do Piaui entre os dias 09 a 12 de dezembro. Segundo a página oficial da AD teresinense no Facebook , na Convenção entre " as várias propostas aprovadas destacamos a criação de 30 novos campos eclesiásticos no Município de Teresina. "  Diante de tantos impasses ocorridos nos últimos anos, a decisão do ministério talvez tenha sido o melhor caminho para evitar futuros desgastes. Desde a jubilação do antigo patriarca pastor Paulo Belisário de Carvalho, a igreja da "Cidade Verde" passou por conturbados momentos. Dentro desse contexto de turbulências, pastor Mesquita negociou a autonomia dos setores. Antiga fachada da AD em Teresina: autonomias confirmadas em 2016 Ao abrir mão

Manoel de Mello - entre a AD e O Brasil para Cristo

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"Um homem aparentemente comum, baixo, quase gordo e de voz potente" com a capacidade de reunir cerca de 30 mil pessoas na cidade de São Paulo, sendo "a maioria delas doente, à procura de lenitivo para seus males físicos". Assim a Folha da Manhã  descreveu o missionário Manoel de Mello da Silva (1929 - 1990) fundador e líder da Igreja O Brasil para Cristo (BPC) em seus dias de glória nos 50. Natural de Água Preta, cidade da Zona da Mata pernambucana, região conhecida pelas revoltas e guerras do período imperial e, como aponta o hino municipal, "Altiva por ter ilustres filhos", entre eles o mítico missionário pentecostal líder da BPC, considerado pelo estudioso Paul Freston "a sensação religiosa dos anos 50 e 60." Criado na conservadora AD e membro de uma família de nove irmãos, Manoel se tornou menino-pregador em sua terra natal. Com sete anos de idade ao ouvir uma desconhecida profetizar que "ele edificaria o maior templo evangélico d

A AD em Teresina - a fragmentação da história

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É notório que os principais ministérios das ADs no Norte e Nordeste do Brasil possuem uma história de cisões e turbulências. No Ceará na década de 1960, Luiz Bezerra da Costa "arrancou" para a congregação de Bela Vista (e para si) a autonomia depois de um período de desavenças ferrenhas.  Em Pernambuco, nos anos 80, a AD em Abreu e Lima conseguiu sua independência tornando-se ministério autônomo. Na Paraíba, a região de Campina Grande também se distingue da AD estadual, e na Bahia já se formaram duas convenções. Idêntico caso há no Amazonas e no Pará berço da denominação do país. As rupturas ocorridas resultaram das tensões e lutas pelo poder eclesiástico, pois debaixo da "unção divina" os abnegados obreiros refletiram o estilo coronelista da sociedade patriarcal. Com o tempo e o crescimento das igrejas, as cisões institucionais passaram a alavancar projetos próprios ou familiares de poder. AD em Teresina: uma igreja fragmentada Com tantas div

Os mitos e suas idiossincrasias

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Alguns pastores assembleianos entraram para a história da denominação pela capacidade de administração e expansionismo dos seus ministérios. Tornaram-se mitos e referenciais de gerações de crentes pelo Brasil. Conforme o sociólogo Gedeon Alencar, esses pioneiros, os quais ainda na juventude foram separados ao pastorado se eternizaram nos cargos e na liderança das igrejas. Permaneceram "entronizados em suas 'cadeiras papais' nos púlpitos, inquestionáveis em suas idiossincrasias*, reverenciados por seus seguidores." E de tal forma mitificados que, suas biografias tornaram-se verdadeiros panegíricos. Mas, como destacou Marina Correia, o que importa nas narrativas oficiais é a "santidade ministerial". Segundo a autora da obra Assembleia de Deus: Ministérios, carisma e exercício de poder , "os pastores são escolhidos por Deus, suas palavras são ungidas pelo Espírito Santo, começaram na obra de Deus com muito sacrifício", e nessa espinhosa camin

A construção do templo da AD em Tubarão - um marco de fé

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"Assim edificamos o muro; porque o coração do povo se inclinava a trabalhar". Ne 4.6 Com esse versículo bíblico, o saudoso pastor Antonieto Grangeiro Sobrinho, um dos pioneiros do movimento pentecostal no Brasil, iniciou seu informe ao Mensageiro da Paz sobre a construção do templo da Assembleia de Deus em Tubarão (SC). Obra que exigiu um grande esforço de todos os fieis da igreja, no já distante ano de 1950. A AD em Tubarão estava em atividade desde 1938, e se constituía em ponto estratégico de evangelização na região sul de Santa Catarina.  Segundo o depoimento do pioneiro ao periódico assembleiano, os fiéis sentiam a falta de um espaço adequado para celebrações dos seus cultos, mas "a princípio parecia impossível conseguirmos construí-lo, faltava-nos coragem para iniciar a obra" . O motivo para tal descrença era a falta de recursos financeiros.  Mesmo com pouco dinheiro em caixa, os alicerces do templo foram lançados e a expectativa de construção seri

Onde a luta se travar

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Defendida em julho de 2015, a tese de doutorado Onde a luta se travar : a expansão das Assembleias de Deus no Brasil urbano (1946-1980), do historiador e professor Maxwell Pinheiro Fajardo é uma pesquisa intensa e criteriosa sobre a maior denominação pentecostal no Brasil. Igreja onde o autor é membro e obreiro na região de Perus em São Paulo. Partindo de algumas reflexões do período do mestrado, que versava sobre as relações entre pentecostalismo e periferia urbana, Maxweel, sob a orientação do Prof. Dr. Milton Carlos Costa da Universidade Estadual Paulista (UNESP), iniciou o desafio de pesquisar (mesmo com bibliografia escassa) e entender as razões do crescimento das ADs. Maxwell aponta que nos círculos acadêmicos, os pentecostais começaram a ser alvo de estudos a partir da década de 60, e as teorias apontavam para o fato das igrejas pentecostais crescerem "à medida que ofereciam respostas adequadas" as necessidades de ajustamento social do migrantes, os quais, vind

Geremias do Couto - testemunha ocular da História

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Parafraseando o  slogan  de um extinto noticiário televisivo, Geremias do Couto é "testemunha ocular da história". Seus artigos no conhecidíssimo blog Uma Voz Que Não Se Cala  é de uma repercussão enorme nas redes sociais. Afinal, pastor Couto analisa e critica um mundo que conhece como poucos: o establishment assembleiano. Nascido em berço evangélico, seu pai Joaquim do Couto foi pastor da Assembleia de Deus em Teresópolis por mais de 40 anos. Ainda moço ingressou no Instituto Bíblico de Pindamonhangaba e começou a atuar na igreja dirigida por seu genitor. Colaborou na Cruzada Bernhard Johnson e em 1977 começou a trabalhar na CPAD, de onde saiu para o campo missionário nos EUA. De retorno ao Brasil em 1982, volta a trabalhar na CPAD, onde atuou como chefe do Departamento de Jornalismo e gerente de Publicações. Participou intensamente de projetos internos da publicadora e da cobertura jornalística de algumas Convenções Gerais. Essa condição de jornalista da CPAD, o

A memorável apresentação do Coral e Orquestra Avivamento

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A II Convenção Regional das Assembleias de Deus do Distrito Federal ocorrida entre os dias 17 a 21 de julho de 1966, foi sem dúvida memorável. Fruto de um acordo entre os líderes dos Ministérios representados na "Capital da Esperança", o conclave procurava de alguma forma unir os trabalhos das ADs no centro político do país. Para presidir a Mesa Diretora foi eleito Paulo Leivas Macalão tendo o pastor Armando Chaves Cohen como vice. Segundo matéria do Mensageiro da Paz , assuntos "do maior interesse" das ADs em Brasília "estiveram em pauta". Entre eles a Conferência Mundial Pentecostal, a qual seria realizada na cidade do Rio de Janeiro em 1967. Para abrilhantar o evento, Paulo Macalão trouxe do Rio de Janeiro, o Coral e Orquestra Avivamento. Antes de se apresentar na igreja, o coral e a orquestra juntamente com alguns obreiros compareceu na extinta TV Nacional no domingo dia 17, onde "apresentou vários hinos de louvor a Deus" regido semp

Assembleias de Deus e a polêmica do divórcio

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Circula pela internet as novas determinações da Convenção Nacional da Assembleia de Deus - Ministério de Madureira (CONAMAD) sobre o divórcio. Considerando o histórico das ADs sobre o assunto, as resoluções tomadas dão uma enorme abertura para que membros e líderes do ministério fundado por Paulo Leivas Macalão possam livremente se divorciar. Se antes o divórcio só era permitido em casos de infidelidade conjugal, no documento a separação é consentida devido a "abuso físico e/ou psicológico" e " abandono emocional e espiritual do relacionamento" tornando assim  "insuportável a conivência matrimonial, se tornando imperiosa a dissolução do matrimônio" . Pastores e membros estão liberados para novos casamentos. Um ponto chama a atenção no texto: "Nenhum membro, ministro ou dirigente da Conamad, poderá ser afastado de sua função em decorrência do divórcio ou nova nupcia".  Instituído no Brasil em 1977, a lei do divórcio causou polêmicas a ac

AD em Madureira e seu conservadorismo

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*Por André Silva Quando o assunto é usos e costumes, uma igreja é lembrada por seu passado de extremo rigor no assunto: a Assembleia de Deus do Ministério de Madureira. Conhecida por ser uma igreja de oração, sinais e prodígios e de crescimento vertiginoso, Madureira também era famosa pela exclusão de membros, e a cobrança exacerbada dos usos e costumes tidos por muito tempo como doutrina primaz. Há diversas informações de fatos que marcaram o período de extremismo, onde o conceito do pastor Paulo Leivas Macalão a respeito de usos e costumes era lei. Conservador, Macalão colocou de forma oficial as regras para manter inalterados os costumes nas Assembleias de Deus. O Ministério de Madureira se manteve conservador na área de usos e costumes, tendo por longo tempo regras rígidas para os membros. As mulheres eram proibidas de usar cabelos soltos e de cortá-los. Saias curtas, decotes, pinturas, roupas justas, maquiagem e jóias também eram condenadas. os membros não podiam usar

Usos e Costumes - um pouco mais da história

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Sobre a origem dos usos e costumes dentro das Assembleias de Deus as opiniões são divergentes. Alguns creditam sua gênese somente aos missionários pioneiros. Outros aos obreiros brasileiros, os quais refletiam nos ensinamentos seus conceitos de santidade apoiados na cultura da época. Silas Daniel no História da CGADB , ao comentar sobre a polêmica resolução do presbitério da AD em São Cristóvão sobre o assunto, aponta Gunnar Vingern e Otto Nelson como  "os missionários suecos mais rígidos em termos de vestimentas". Membros da AD Florianópolis: "vestes santas" Outros autores apontam os próprios pastores nativos, que perpetuaram certos costumes influenciados pela tradição católica. Altair Germano em seu blog cita Robson Calvalcanti, o qual em seu livro A Igreja, o país e o mundo: desafios a uma fé engajada comenta "sobre questões culturais, e de forma mais específica, sobre a maneira das mulheres 'Assembleianas' se vestirem": Por que as

Usos e Costumes nas ADs

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Usos e costumes nas Assembleias de Deus. Eis um assunto controverso e polêmico. Acreditou-se por muito tempo na preservação dos costumes por longo período.  Segundo Isael de Araújo no Dicionário do Movimento Pentecostal os "usos e costumes estiveram profundamente arraigados à própria imagem que os pentecostais faziam de si mesmos". Para o autor "os usos e costumes formam [ou formavam] a identidade estética" dos pentecostais brasileiros. As novas gerações de assembleianos desconhecem praticamente a lista de restrições dadas e cobradas dos crentes antigos. Alguns até fantasiam a igreja antiga como uma comunidade mais "santa", onde servir a Deus "era melhor". Mas antigamente as coisas eram melhores? Não há uma resposta exata. Cada geração de crentes experimenta coisas boas e ruins, vantagens e desvantagens em seu tempo. Mas vale lembrar que, a sociedade em si também era mais conservadora e despojada de luxos e consumismo. Ou seja, muitos dos cost