"Há 80 anos, no dia 18 de junho de 1911, nascia o maior e mais tradicional movimento pentecostal do Brasil: a Assembléia de Deus." Com essas palavras, o jornal O Assembleiano iniciava sua reportagem especial sobre os 80 das Assembleias de Deus no Brasil.
Escrita por Judson Canto e Ildo Campêlo (in memoriam), a matéria aprofundava questões históricas e sociológicas da denominação, e trazia um panorama geral das festividades ocorridas em junho de 1991, na cidade de Belém do Pará. Além disso, o texto descrevia à evolução administrativa e, principalmente, a contextualização da igreja; contextualização essa descrita como "gradativa e irreversível".
Há também na reportagem, várias observações de líderes e pioneiros sobre o delicado momento que às ADs atravessavam depois de oito décadas de fundação. Alguns com maior pessimismo, como o pastor Satyro Loureiro de Joinville, que observou: "ao lado do crescimento do trabalho no campo espiritual, houve também grande desenvolvimento cultural e financeiro, que possivelmente tenha determinado certos limites no aperfeiçoamento da igreja".
O pastor José Pimentel de Carvalho de Curitiba, por sua vez, declarou que na igreja estava "... havendo algumas modificações, alguns avanços em direção ao modernismo e ao mundanismo...", contudo, se declarava otimista com a denominação, ainda que "... pequenos grupos estão declinando, voltando a prática de coisas inconvenientes como vaidades e mundanismo, mas a genuína Assembleia de Deus está viva, poderosa e continua sua marcha".
Porém, a grande maioria dos entrevistados, explicitava otimismo em relação ao trabalho pentecostal. Revelavam em suas palavras, características positivas das Assembleias de Deus. Deixo aqui para o leitor do blog, algumas frases, opiniões e análises, garimpadas pela equipe do jornal O Assembleiano durante a celebração de 80 anos das Assembleias de Deus no Brasil.
"Deus tem promovido este movimento, que já alcançou todo o Brasil e já ultrapassa fronteiras, porque, regra geral, os movimentos evangélicos começam a decrescer quando alcançam 50 anos, ao passo que o nosso continua avançando". (Pastor Túlio Barros Ferreira - Assembleia de Deus de São Cristóvão - RJ)
"Oitenta anos de Assembleia de Deus impressiona qualquer historiador". (Pastor Delfim Brunelli - Assembleia de Deus Casa Verde - SP)
"Hoje louvamos ao Senhor porque encontramos entre nós gente de todas as atividades profissionais, como na minha igreja, que tem médicos, advogados, engenheiros e militares graduados. Já não somos mais aquele pessoal que só trabalhava com favelados e gente da construção civil". (Pastor José Ezequiel - Assembleia de Deus de Taubaté - SP)
"Nossos pioneiros foram guiados por Deus e andavam dentro dos parâmetros da Palavra de Deus na evangelização, no ensino e na construção de igrejas. A igreja é uma dinâmica, e nessa dinâmica, os pioneiros souberam aproveitar as oportunidades do ponto de vista cultural e sociológico. Os pioneiros investiram grandemente na construção de congregações, isto é, não esperavam que o povo fosse a igreja, mas levavam a igreja ao povo, fazendo um verdadeiro trabalho de penetração nos recantos brasileiros. Este foi um dos fatores mais importantes para o crescimento da Assembleias de Deus nessas oito décadas debaixo da unção de Espírito Santo". (Pastor João Kolenda Lemos ex-diretor do Instituto Bíblico de Pindamonhangaba - SP)
"Se eles (os pioneiros Daniel Berg e Gunnar Vingren) observassem esta festa ficariam admirados... e felizes". (Pastor Armando Chaves Cohen)
"Esses 80 anos têm um grande significado. Entendemos que é o resultado de um trabalho fecundo realizado em todo território nacional, e a nossa vinda aqui em Belém foi simplesmente para rememorar e fazer o nosso coração vibrar mais uma vez com a obra maravilhosa que Deus iniciou através daqueles dois servos Seus e que espalhada está em todo Brasil". (Pastor José Wellington Bezerra da Costa - presidente do Ministério do Belenzinho em SP e da CGADB)
"Se meu pai estivesse aqui hoje, pensaria que era um sonho este tamanho desenvolvimento da trabalho iniciado por ele e Daniel Berg. Ele não sabia qual seria o fruto desta obra, depois dos tempos que iriam passar, pois não podia imaginar a grandeza do trabalho, porque ele foi enviado por deus, pelo Deis Vivo, que sabia das necessidades do Brasil". (Bertil Vingren - filho do pioneiro Gunnar Vingren)
Fonte: O Assembleiano- Joinville edição junho/julho de 1991 -p.5-6