Irmã Wanda - o adeus da matriarca do Belenzinho

Partiu para a eternidade, a irmã Wanda Freire da Costa, esposa do pastor José Wellington Bezerra da Costa. Nascida em Fortaleza/CE, no dia 22 de setembro de 1934, ela era filha de comerciantes e a mais velha das mulheres num total de nove irmãos. Começou a frequentar a Assembleia de Deus ainda criança e participava ativamente dos departamentos da igreja.

Nesse contexto, Wanda conheceu José Wellington. Os dois começaram a se aproximar na adolescência e para ser notado pela moça, ele ficava na porta saudá-la com a "Paz do Senhor". Numa viagem de evangelização promovida pela juventude da igreja os dois iniciaram a aproximação. Estavam com 15 anos de idade e Wellington brincava de desamarrar as tranças do cabelo dela cuidadosamente presas com fitinhas. 

No dia 14 de janeiro de 1950, o convite para o namoro foi feito na Praça da Lagoinha depois da saída dela do colégio. Sentado no banco da praça ao lado do jardim, o jovem Costa arriscou o pedido. Wanda queria ainda pensar um pouco, José Wellington mais impaciente queria namorar logo. 

No começo as famílias viram com receio e desconfiança o precoce relacionamento de dois adolescentes de 15 anos. Por conta do trabalho e dos estudos, o enamorado José só ia encontrar-se com sua amada aos sábados e vez por outra em algum dia da semana. Como era normal para aquela época, o tempo de namoro era rigidamente controlado.

Wanda e José Wellington: mais de seis décadas de união

Depois de muito trabalho e espera, Wanda Freire e José Wellington casaram-se no dia 14 de janeiro de 1953, numa simples cerimônia civil e religiosa, exatamente três anos depois do pedido de namoro na Praça da Lagoinha. O primeiro filho (José Wellington Costa Junior) nasceu nove meses depois da união em 15 de outubro de 1953.

A mudança da família Costa para São Paulo se deu em 1954. Na metrópole paulista o casal teve seus outros rebentos e prosperou na área do comércio. Paralelamente, Wellington começava sua carreira ministerial e se destacava na liderança do Belenzinho. Assim com as intensas ocupações e viagens do esposo como líder do Ministério do Belenzinho, Wanda cuidava da casa, dos filhos e dos negócios da família.

Para os assembleianos em geral, Wanda Freire Costa começou a ser apresentada a partir de 1988, com a ascensão do esposo a presidência da CGADB. Enquanto o pastor Costa conseguia suas sucessivas reeleições, Wanda organizava a União Nacional de Esposas de Ministros das Assembleias de Deus (UNEMAD).

Wanda teve a evidência que muitas esposas de ex-presidentes da CGADB não tiveram. Sua liderança à frente da UNEMAD e o enorme destaque que a CPAD deu a ela nesses últimos 30 anos, inclusive com o lançamento de um livro, ajudou muito a torna-lá conhecida. Nas fotos dos periódicos da Casa Publicadora, ela praticamente é onipresente ao lado do seu "Dedé" - apelido carinhoso dado ao esposo.

Sobre a polêmica e proverbial personalidade de Wanda Freire, o próprio marido deu uma pista sobre o assunto em sua biografia: segundo ele, a esposa não aceitava nada "enrolado", ou seja, não havia para ela meio termo, "verdade é verdade, e o que não é verdade, é mentira" - concluiu ele.

Conta-se nos bastidores sobre a influência da senhora Costa no Ministério. Enquanto seu esposo parecia agir com mais diplomacia, Wanda, muitas vezes passava a imagem de prepotência por seu jeito direto de ser. Muitos pastores tinham receio das impressões que a primeira-dama do Belenzinho pudesse ter sobre eles e alguns até a evitavam.

Da mesma forma, as visitas dela na CPAD provocavam movimentações inusitadas na editora. Sabendo do perfil conservador da esposa de José Wellington, as funcionárias cuidavam na discrição das vestes e na estética. Ninguém queria desagradar ou chamar a atenção negativamente da filha da "Irmã Francisquinha".

Sua morte abre uma lacuna na família e no Belenzinho. Foram 66 anos de casamento e outros tantos de dedicação ao ministério. Ficará seu legado e sua memória entre os assembleianos de todo o Brasil.

Fontes:

ARAÚJO, Isael. Dicionário do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.

ARAÚJO, Isael de. José Wellington - Biografia. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.

DANIEL, Silas, História da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil. Os principais líderes, debates e resoluções do órgão que moldou a face do movimento pentecostal brasileiro, Rio de janeiro: CPAD, 2004.

Comentários

  1. Linda história parabéns...a família e força para seguir a caminhada

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  2. Mulher ungida, simples porém firme na defesa da doutrina bíblica e bons costumes advindos dela. Um amigo meu saiu da BA e foi pra trabalhar em Sampa trabalhar. Contou-me que Irmã Wanda Freire, à frente do Círculo de oração e da assistencia social da AD/Belém (São Paulo-SP) ajudou a eles com cestas básicas nos dias difíceis. Não somente a ele mas a diversas famílias que os procuravam. Deixou um legado inesquecível.

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  3. Pastor José Wellington é o pastor das Assembleias de Deus.

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