O novo templo da IEADJO - as controvérsias

Passados 30 anos da inauguração do atual templo sede da Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Joinville (IEADJO), a obra já se tornou parte da paisagem de uma das mais movimentadas vias da cidade: a Avenida Getúlio Vargas, 463. Nesse período, o tempo amenizou ou fez esquecer algumas controvérsias e críticas do período da construção da obra. 

Iniciada a edificação do futuro templo em 1985, a IEADJO ficou em suspense em alguns momentos com as limitações físicas do seu pastor-presidente. Satyro Loureiro, durante esse tempo, teve sérios problemas de saúde. No período da construção, o veterano obreiro foi internado e nas conversas reservadas dos obreiros, havia dúvidas se ele conseguiria terminar a construção que iniciou.

O Assembleiano: editado por Judson Canto

O ambiente de incertezas, de campanhas de oração pela restauração da saúde do pastor Loureiro e de sucessão indefinida, deu margens às "profecias" fatalistas, as quais afirmavam que ele não viveria para ver a inauguração do templo. No dia 15 de maio, as previsões pessimistas caíram por terra.

Entretanto, a maior polêmica, foi em relação a utilização do mármore e granito para revestimento externo e do carpete no interior do templo. Para muitos críticos foi um luxo desnecessário, visto que a maioria dos membros da IEADJO era (e ainda é) de origem social humilde e trabalhadora.

Para rebater as incessantes críticas, o próprio Satyro escreveu o editorial do jornal O Assembleiano, na época sob a direção de Judson Canto (atualmente editor do blog O Balido). No texto, o veterano obreiro refutou as murmurações de "pecado" e ostentação à construção de um templo revestido de mármore com tantos pobres existentes na cidade.

Argumentou que, se todo dinheiro da obra fosse distribuído aos pobres, não seria suficiente para resolver os problemas da pobreza. Caso a igreja tivesse feito uma "meia-água", as críticas seriam de incompetência administrativa. Para reforçar as considerações, Satyro bem ao seu estilo, recorreu a uma ilustração: a do burrinho puxado por um velhinho e um garoto. Todos em determinado momento montavam o animal, sem, contudo, agradar ninguém.

Outro ponto abordado pelo pastor: ninguém extorquia ou obrigava os membros a contribuírem com suas ofertas e dízimos. E quanto aos pobres, a igreja, com suas ações sociais, tentava amenizar as necessidades dos mais carentes na medida do possível.

Na verdade, o mármore trazia economia em material e mão-de-obra em pintura. O carpete facilitava a limpeza do templo em seu interior. Era um gasto elevado num primeiro momento, mas a longo prazo seria benéfico para os cofres da igreja.

Assim, entre "profecias", críticas e murmurações, o esperado dia 15 de maio de 1988, entrou para a história da IEADJO. Ficou também para a memória dos presentes o discurso do então governador de Santa Catarina, Pedro Ivo Campos. Em sua prédica, Campos, de improviso afirmou: "o homem não se realiza apenas materialmente. Ele precisa preparar-se para a conquista dos céus".

Conselho bom para muitos líderes políticos e eclesiásticos de ontem e de hoje...

Fontes:

POMMERENING, Claiton Ivan (Org.). O Reino entre príncipes e princesas: 75 anos de história da Assembléia de Deus em Joinville. Joinville: REFIDIM, 2008.

O Assembleiano - Edição Especial, 15 de maio de 1988.

Comentários

  1. Defendo um templo funcional e sem muita opulência, até pequeno, quem sabe 1.000 pessoas no máximo. Por outro lado, a igreja precisa contar com uma arena para reuniões maiores. Se fizermos templos grandes de olho nos eventos estamos perdendo tempo. Congreguemos nos dias de oração e vamos ver o que acontece.

    ResponderExcluir
  2. Eu acho, que o templo deve ser conforme o poder aquisitivo de seus membros e também em conformidade com o meio ambiente em que ele foi construído. Se há condições para um templo belo e confortável, porque não? Eu sempre digo que, Deus merece o melhor (apesar de que Ele não mora em casa feita pelos homens) mas o lugar onde Seu nome é adorado e cultuado deve ser confortável e aconchegante, pois os membros que contribuem com os dízimos e ofertas também merecem um local tal qual. Agora concordo com o pastor Daladier que as igrejas-sedes precisam de um local maior para seus eventos especiais.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

O caso Jimmy Swaggart - 30 anos depois

Iconografia: quadro os dois caminhos

Assembleia de Deus e a divisão em Pernambuco (continuação)