Maria Madalena - A Matriarca da fé
No dia 02 de novembro de 1913, no município de Santa Maria Madalena, nasceu a filha caçula do casal Francisco Rodrigues Tavares e Quitéria Maria de Araújo. Registrada somente no dia 13 de novembro, a menina ganhou o nome de Maria Madalena em homenagem a padroeira da pequena cidade fluminense.
Interessante, que o lema da cidade é: Salus labor spes (Esperança e firmeza do trabalho). Ao olhar em retrospecto à vida de Madalena, conterrânea da atriz Dercy Gonçalves, verifica-se realmente o seu constante trabalho e firmeza na obra pentecostal.
Com o início do fim do ciclo do café, à família Tavares e Almeida foi para o Rio de Janeiro, na época Capital da República em busca de trabalho e melhores condições de vida. Fixara-se no bairro de São Cristóvão e ali trabalharam nas empresas da região. Mas logo as dificuldades bateram à porta da família. No Rio, Madalena deu à luz a três crianças: Juarez, Elenice e Maria Therezinha. Elenice, como no caso do primogênito faleceu com poucos dias de vida, trazendo nova tristeza ao casal.
Posteriormente, a crise econômica trouxe o desemprego e a necessidade de mudança de residência. Com grandes dificuldades financeiras, o casal foi morar num porão, onde apenas um lampião iluminava o local escuro e abafado. Pretendendo melhorar a situação de pobreza e desemprego, no final da década de 1930, à família mudou-se para São João do Meriti, e instaram-se no humilde bairro de Vila Rosali, uma área de poucas casas e muito matagal. Lá nasceu outra filha em 1941, a qual deram o nome de Maria José.
Foi através de uma enfermidade da recém nascida Maria José, que Madalena, sem recursos para buscar especialistas e medicamentos para a menina, resolveu apelar para à fé. Visitou uma Assembleia de Deus, e de lá saiu com a criança curada e sua vida transformada. Começava também nesse dia, uma linda jornada de trabalho em prol da obra pentecostal.
Junto com Madalena, sua irmã Liberalina também começou a frequentar a igreja. Tempos depois, nova mudança para o Rio: primeiro no bairro de Bonsucesso e depois para São Cristóvão. Na histórica Assembleia de Deus em São Cristóvão, nº 338, Madalena conviveu com o missionário Samuel Nyströn e sua esposa Lina, Otto Nelson, Nels Nelson, Alcebiades Vasconcelos, José Pimentel de Carvalho e Marcelino Margarida entre outros.
Posteriormente, passou a frequentar a Assembleia de Deus na Penha e depois mudou-se para a região de Bangu. Lá frequentou uma pequena congregação ligada ao Ministério de Madureira. Em todas essa mudanças e tempo, ela nunca deixou de evangelizar, contribuir, visitar, pregar e cantar. Participou também da Confederação de Irmãs Beneficentes Evangélicas (CIBE), importante departamento feminino de Madureira.
Depois de tantas colaborações, trabalhos e cooperação em várias congregações na região de Bangu, Madalena faleceu no dia 10 de março de 1984, com 70 anos de idade e 42 de fé. Mas sua história não se perdeu. Seu neto, o pastor André Silva em uma pequena publicação caseira, resgata à biografia da matriarca.
Maria Madalena e sua história de vida, é um exemplo das inúmeras e incansáveis mulheres que deram (ou ainda dão) suporte ao trabalho das Assembleias de Deus no Brasil. Seu nome não é destaque nos livros de história publicados sobre a denominação, porém, consta nas memórias dos filhos, netos e familiares seu lindo e abnegado trabalho de fé.
Parabéns ao pastor André! E que esse exemplo seja seguido por outros familiares de irmãos e irmãs anônimos, os quais, fizeram toda a diferença dos primórdios da obra pentecostal. Porque infelizmente, muita gente está colhendo os frutos sem reconhecer o esforço dos que já foram.
Fonte:
Memórias de Maria Madalena - A Matriarca da Fé - escrito pelo pastor André Silva.
* ANDRÉ SILVA foi ministro do Evangelho pela CONAMAD. Historiador e pesquisador da História do Ministério de Madureira. Autor do livro História da Assembleia de Deus em Bangu. Colaborador com o material histórico da Bíblia do Centenário das Assembleias de Deus e livro histórico do Cinquentenário da CONEMAD-RJ, ambos lançados pela Editora Betel.
Como as Assembleias de Deus mudou, não precisou ser consagrada à "Pastora" para se manter no poder. Deixou sua marca na história da denominação sem precisar apoderar de um poder sucessório. Parabéns Mario pelo seu blog.
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