Os 25 anos de Ronaldo Rodrigues de Souza na CPAD

Comemorou-se nesse mês de março de 2018, nas dependências da Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD), no Rio de Janeiro, os 78 anos de criação da Editora, e os 25 anos de liderança do seu Diretor Executivo, Ronaldo Rodrigues de Souza.

Ronaldo, dentro da história da CPAD, é o seu 11º Diretor Executivo e com 25 anos de Casa, o publisher é também o mais longevo no cargo. Uma função, que por lidar diretamente relacionada com à liderança nacional das ADs, sempre foi mais do que complexa.



Não é de hoje, que o jogo de interesses e à política convencional, mais que interferem na administração da CPAD. O saudoso pastor Armando Chaves Cohen, 6º administrador da Editora comentou em suas memórias: "nada fiz, não só por de minha própria deficiência, como pelas circunstâncias". Cohen, ainda ao referir-se às "circunstâncias" que a CPAD atravessava, declarou: "a eternidade revelará melhor".

Por isso, a CPAD, verdadeira "caixa preta" das ADs no Brasil, tem em seu atual gestor um símbolo das necessárias transformações que a Editora precisava para não falir completamente. Ao assumir em março de 1993, aos 33 anos de idade e recém casado com Carla Ribas, Rodrigues tinha um desafio tão grande quanto à história da empresa: torna-lá eficiente e lucrativa.

A escolha do publisher foi uma surpresa para muitos, uma verdadeira "carta na manga" sacada pelo pastor José Wellington Bezerra da Costa. Mas, o atual gestor da CPAD não era um desconhecido do pastor Costa, pois Ronaldo era membro da AD no Belenzinho e participava das atividades da igreja. Outro fator importante para sua escolha, foi a sólida formação administrativa e a experiência adquirida na Editora Vida onde trabalhou de 1989 à 1993.

Gradualmente, o paulista de Marília mostrou a que veio. Desenvolveu planos de reestruturação interna, modernização tecnológica e estratégias comerciais. Centralizou para si o poder ao substituir as antigas diretorias por gerências. Muito mais que somente troca de nomenclaturas, a ação possibilitou o controle de fato da Editora.

Nesses 25 anos, investiu-se pesadamente na área comercial, com maior enfoque em produtos teológicos. As revistas Lições Bíblicas receberam especial atenção para alavancar produtividade e lucros. Em compensação, o Mensageiro da Paz e todo jornalismo da Editora tornou-se "chapa branca".

Outras mudanças e substituições provocaram descontentamentos em muitos antigos aliados do pastor Wellington. Atrás do sorriso e simpatia do editor, está um administrador profissional, frio e consciente do seu papel político e dos interesses que representa no jogo político convencional.

Assim, o trabalho em prol da hegemonia da liderança do Belenzinho e seus apoiadores ficou e permanece evidente. Hoje, a CPAD é forte braço político do establishment da CGADB. Não é por acaso, que a longa permanência da cúpula da Convenção Geral coincide com a longevidade de Ronaldo no cargo de Diretor Executivo.

Em suma: a ausência de pluralidade de ideias e certas exclusões, foi o preço para a CPAD se tornar uma megaempresa. Sabe-se, que por trás de muitas desavenças convencionais, está o desejo de controlar a lucrativa empresa. Em compensação, a Editora livrou-se da falência e do destino de algumas outras editoras confessionais. 

Ronaldo Rodrigues entrou na CPAD para mudar e fazer história. Admirado, temido, respeitado, o menino de Marília hoje é o "homem do Belenzinho" na maior editora evangélica da América latina. Que poder!

Fontes:

ALENCAR, Matriz Pentecostal Brasileira: Assembleias de Deus 1911-2011, Rio de Janeiro: Ed. Novos Diálogos, 2013.

ARAÚJO, Isael. Dicionário do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.

COHEN, Armando Chaves. Minha vida: autobiografia de Armando Chaves Cohen. S/l, S/e: 1985.

DANIEL, Silas, História da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil. Os principais líderes, debates e resoluções do órgão que moldou a face do movimento pentecostal brasileiro, Rio de janeiro: CPAD, 2004.

Comentários

  1. Eu gostaria MUITO que fosse feito todo um mapeamento via SENAMI dos lugares mais carentes de Evangelho no Brasil e parte do lucro líquido da nossa CPAD fosse para o devido preparo, envio e sustento digno de Missionários nestes lugares! Sonho? Utopia? Eu não creio. Tenho pedido isso pra DEUS intervir e agir. É pra Ele não existe impossíveis. Voltemos à simplicidade do Evangelho.

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    1. A verdade é que a Assembleia de Deus perdeu a simplicidade do Evangelho. Dizem que não, mas basta olhar que isso é notório. Pastores com altos salários que se assemelham à Ministros do supremo. Uma verdadeira Dinastia. Hoje passo quilômetros de distância uma "Assembreia".

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