Os crentes de Goiânia - duplo pioneirismo

Em outubro de 1933 começava à construção de Goiânia, futura capital de Goiás. Era o início da Marcha para o Oeste, plano do governo Vargas (1930-1945) para a colonização e povoamento da região Centro-Oeste do país. Segundo o jornalista Hélio Rocha, no jornal O Popular, esses acontecimentos fizeram parte de uma verdadeira "saga" iniciada em uma manhã "molhada de chuva e lavada de sol".

De todas as partes do Brasil vieram trabalhadores para erguer a cidade; edificando novas avenidas e palácios governamentais. Entre eles, estava um operário carioca, negro, de família numerosa e crente em Cristo, de nome Antônio Moreira.

Moreira, convertido na Assembleia de Deus em Madureira (RJ), era diácono da igreja e nas atividades laborais iniciou o trabalho de evangelização na futura capital de Goiás. Reunido com outros crentes do Rio, Antônio alugou uma casa na localidade do bairro de Botafogo para realizar os cultos da AD em Goiânia. Com o crescimento da igreja, Macalão designou o próprio Moreira para liderar a nova congregação. 

Crentes da AD em Goiás na década de 1930

Se, espiritualmente a obra desenvolvia-se, no plano material as coisas andavam mal na região. Entre os anos de 1934 a 1936, várias greves e paralisações ocorreram devido a falta de pagamento aos operários. Registros da época, contam que mais de 4 mil trabalhadores sofriam com a falta de recursos.

Da parte do governo de Goiás, os recursos financeiros eram parcos e a arrecadação insuficiente. Sem dinheiro para o salário dos trabalhadores, a administração estadual concedia autorizações para compra no comércio local. Mas, muitos comerciantes cobravam ágio para não perderem seus lucros devido a demora de ressarcimento do estado. 

Dificuldades de transporte dos materiais de construção e de abastecimento agravavam as dificuldades na heroica edificação da nova capital. Aliás, Goiás era nessa época, o antepenúltimo estado no ranking brasileiro de competição. Assim, o governo Vargas teve que intervir financeiramente para que o projeto não se inviabilizasse por falta de recursos.

Não por acaso, Costa ao falar dos pioneiros de Goiânia afirmou que eles "se dedicaram a uma missão de extraordinários sacrifícios". Entre eles, os primeiros pentecostais, em si, já imbuídos do sentido de urgência, sacrífico e amor pela evangelização.

Talvez por isso, com todo esse contexto em mente, Zélia Brito Macalão escreveu ao Mensageiro da Paz, informando que Antônio Moreira no princípio da obra pentecostal "lutou com bastante tribulações", mas em todas as provas ele compreendeu a importância de "obedecer aos Espírito Santo e tomar o rumo ao oeste".

Realmente, o modesto Moreira e os primeiros crentes de Goiânia, lançaram os fundamentos de uma igreja que conta atualmente com mais de 600 mil membros, ou seja, mais de 50% dos pentecostais em Goiás. Foram duplamente pioneiros em uma épica saga de desbravamento.

Fontes:

Hélio Rocha - O penoso desafio de 24 de outubro - O Popular - ano 77, nº 22.574 - Goiânia, sexta-feira, 23 de outubro de 2015, p.7.

Mensageiro da Paz, ano X, nº19, 1ª quinzena de outubro de 1940. Rio de Janeiro: CPAD.

http://www.oestegoiano.com.br/noticias/religiao/historia-quando-a-igreja-assembleia-de-deus-chega-a-goias

Comentários

  1. Gosto muito de história e tenho como uma ótima referencia para minha vida! Excelente matéria irmão!


    Fica na paz de Jesus

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