Silas - a trajetória de um Malafaia

Nascido em berço evangélico, Silas Lima Malafaia veio ao mundo no dia 14 de setembro de 1958, quatro meses depois de seu pai, Gilberto Malafaia ser separado ao presbitério na AD em Madureira (RJ) por Paulo Leivas Macalão.

A mãe, Albertina, ao recordar o difícil parto do filho, revelou que ele nasceu com cinco quilos e "de nádegas". Segundo a genitora, o famoso e polêmico Silas "já chegou sendo do contra". Seria uma sina? O que conhecem a família Malafaia sabem do forte temperamento dos seus membros, onde polemizar é uma constante.

Criado numa rotina de constante frequência à igreja e na escola bíblica dominical, Silas frequentou a classe "Ovelhinhas de Jesus". Chega a ser irônico para quem hoje o considera um manipulador das massas essa informação. Um dia ele foi ovelhinha...

Em casa, os pais realizavam cultos domésticos. Ali, cada um dos rebentos da família recebia treinamento nas funções litúrgicas. Revezavam-se na leitura da Bíblia, nos cânticos dos Hinos da Harpa, na explanação do texto bíblico e na oração. Outra atividade da infância da garotada era brincar de "cultinho".

Aluno mediano, com a supervisão dos pais (que eram professores), manteve boa regularidade nos estudos e no comportamento. Mais tarde, ao observar o exemplo do pai e dos irmãos mais velhos desejou seguir carreira militar. 

Nesse tempo, a família já estava congregando na AD na Penha (RJ), onde Gilberto se tornou vice-presidente do pastor José Santos. A proximidade entre os familiares dos dois líderes rendeu frutos. Ainda adolescente, Silas começou a namorar umas das filhas do pastor Santos, Elizete.

Pastor Gilberto, tempos depois, iniciou o trabalho da AD em Jacarepaguá. Sendo o mais novo dos filhos homens, Silas foi quem mais acompanhou o pai na atuação eclesiástica. Aprendeu muito observando-o nas convenções. Mas Gilberto, apesar do forte temperamento era polido em suas palavras. Malafaia, saiu mais ao estilo do tio Carlos, o qual (segundo Manuel Ferreira) "falava o que vinha na cabeça dele".

Silas Malafaia: estilo incisivo

O casamento com a filha do pastor Santos possibilitou o ingresso no ministério. Aos 23 anos já era pastor ganhando cinco salários mínimos por mês. Olhando em retrospecto, Silas provavelmente entraria no ministério de qualquer forma; se não fosse pelo sogro, seria pelas mãos do pai. E caso não herdasse a AD na Penha, herdaria a AD em Jacarepaguá.

Isael da Araújo, ao comentar sobre a ascensão de Malafaia observou que ele "despontou no Rio de Janeiro como pregador, com um estilo franco, aberto, direto, questionador e não-legalista". Porém, isso só foi possível com apoio da AD na Penha. Elitizada e mais aberta em questões de usos e costumes, denominada anteriormente de "igreja do pecado", a congregação liderada pelo sogro foi fundamental para o sucesso da caminhada ministerial.

Assim, com apoio familiar, de um amigo bem colocado na igreja e do empresário Sotero Cunha, Malafaia se aventurou na televisão. Levou para a TV o estilo incisivo de pregar nas igrejas. Atacava umbandistas e o clero esquerdista da Igreja Católica. Com essa tática agressiva conseguiu bons índices de audiência entre os programas evangélicos no Rio.

Paralelamente tentou outros negócios: loja de decoração, fábrica de guaraná gospel, emissora de rádio e produtora de comerciais voltada para o mercado evangélico. Segundo a Revista Piauí "Em seus negócios privados, sua grande alavancada, como ele diz, deu-se quando conseguiu vender Bíblias em parcelas a perder de vista na televisão". 

Dessa forma, sua editora Central Gospel cresceu consideravelmente. O programa Vitória em Cristo ganhou projeção nacional. Como na televisão a imagem é tudo, tirou o bigode e fez implante capilar para ganhar ar jovial. No universo midiático certas adaptações são necessárias. 

Teologicamente também houve transformações. De opositor à teologia da prosperidade, Malafaia, por senso de oportunidade ou necessidade de recursos financeiros, aderiu aos seus encantos. Politicamente, é voz ativa na defesa dos princípios cristãos. Procura sempre capitalizar os anseios dos crentes. Amado ou odiado, é impossível ignorá-lo. Malafaia continua cada vez mais Malafaia.

Fontes:

ARAÚJO, Isael. Dicionário do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.

COSTA, Jefferson Magno. Biografia do Pr. José Santos - Os passos de um homem bom. Rio de Janeiro: Editora Central Gospel, 2011.

COSTA, Jefferson Magno. Pastor Gilberto Malafaia - Homem de fé, visão e coragem. Rio de Janeiro: Editora Central Gospel, 2014.

FERREIRA, Samuel (org.) Ministério de Madureira em São Paulo fundação e expansão 1938-2011. Centenários de Glórias. cem anos fazendo história 1911-2011 s.n.t.

http://piaui.folha.uol.com.br/materia/vitoria-em-cristo/

Acervo digital revista Veja, 16 de maio de 1990, p.48.

Comentários

  1. Sempre que posso gosto de ouvi-lo,e penso que deveria haver mais assembleianos incisivos como ele.

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  2. Pastor Silas Homem de Deus. muito amado por nossa família

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  3. Compartilho parte de minha pesquisa na Universidade Metodista de São Paulo a respeito da relevância de Silas Malafaia para a sociedade contemporânea.
    Segue o link: http://www2.metodista.br/unesco/anaisdaeclesiocom2013/Trabalhos/Wesley%20Silva%20Bandeira_O%20discurso%20de%20Silas%20Malafaia%20na%20forma%C3%A7%C3%A3o%20do%20empreendedor%20crist%C3%A3o_modelo.pdf

    Parabéns pelo blog, cada vez com conteúdo de alta qualidade!

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  4. Gosto do Pr silas pois não faz rodeio é muito direto com suas palavras!

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  5. Eis aí Mais um adepto do faraoneismo.
    Já vem de pai pra filho.
    E casar com a filha do dono das ovelhas é ser muito esperto.

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  6. Admiro o Pr. Silas Malafaia pela coragem em defender os valores da família, independentemente de religião.

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