"Em ritmo de Brasília" - a construção do templo no Brás

Iniciado em 1938 na cidade de São Paulo, a Assembleia de Deus - Ministério de Madureira rapidamente se espalhou pelo interior do estado e, no ano de 1962, o trabalho contava com 12 mil membros em comunhão.

Ao assumir a direção da igreja em agosto de 1954, o pastor Álvaro Motta percebeu que era o momento de empreender a construção de um templo à altura do desenvolvimento do ministério. No dia 29 de junho de 1959, foi lançada a pedra fundamental do novo templo sede da AD no Brás.

Pastor Motta e crentes da AD no Brás: dedicação ao trabalho

Conforme o pastor Motta em seu depoimento ao Mensageiro da Paz, alguns fatores contribuíram para o sucesso da custosa empreitada: franca aceitação de todo o ministério ao desafio lançado, colaboração de um bom grupo de profissionais, fidelidade nas contribuições financeiras dos membros e acima de tudo oração.

Como toda obra de envergadura, não faltou oposições e críticas. Pastor Álvaro destacou que "surgiram os Tobias, os Sambalates afim de retardar a obra, ou mesmo impedi-lá definitivamente". Descritos na Bíblia como inimigos dos judeus, Sambalate e Tobias tentaram sabotar o esforço de reconstrução dos muros de Jerusalém empreendido por Neemias. Fica a dúvida sobre a identidade dos opositores. Seriam eles internos ou externos ao ministério de Madureira?

Construção do templo no Brás: empenho dos irmãos

Dentro do templo durante a fase de acabamento, pastor Motta chegou a colocar uma pequena placa com a contagem regressiva para o término da construção que dizia: "atenção Tomés - faltam - dias", e abaixo ficava exposto o número indicando os dias de prazo para a inauguração. 

A primeira etapa da obra ficou pronta em 10 de julho de 1960; apenas 12 meses depois da iniciado os trabalhos. Pastor Motta planejou uma grandiosa festa de inauguração do primeiro pavimento. Durante 15 dias, a igreja do Brás e suas congregações participaram de uma extensa programação.

Prestigiando o evento, se fez presente o líder de Madureira Paulo Macalão, que presidiu a convenção estadual realizada por aqueles dias. As bandas musicais do Rio de Janeiro e de São Paulo abrilhantaram as festividades, e um grande batismo em águas se realizou com 552 candidatos. 

Pastor Motta: desafiando os "Tomés"

Empolgado, pastor Álvaro previa a inauguração do templo para o ano de 1961. "Estamos construindo no ritmo de Brasília" - declarou ele ao Mensageiro da Paz. Parece que o clima de otimismo e ousadia do governo JK estava inspirando à superação aos desafios da construção. Afinal, se Brasília era a síntese da modernidade buscada pelo governo federal, o templo no Brás seria a materialização e a evidência do sucesso do ministério de Madureira em São Paulo.

É bom lembrar, que naqueles dias na capital paulista, outras ramificações pentecostais disputavam espaço pela preferência popular. Manoel de Mello, e a Cruzada Nacional de Evangelização (futura IEQ) estavam causando sensação e arrastando multidões para suas reuniões. 

Pastor Motta não estava alheio a tudo isso. Então, para fazer frente à concorrência, empregava seus esforços na divulgação da AD no Brás. Porém, talvez sem perceber, tenha despertado ciúmes entre seus pares.

Fontes:

ARAÚJO, Isael de. Dicionário do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2007. 

DANIEL, Silas. História da Convenção Geral das Assembléias de Deus no Brasil. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.

FAJARDO, Maxwell Pinheiro. Onde a luta se travar: a expansão das Assembleias de Deus no Brasil urbano (1946-1980). 2015. Faculdade de Ciências e Letras, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Assis, 2015.


MENSAGEIRO DA PAZ. Rio de Janeiro: CPAD. Ano 30, n. 19, 1ª quinzena de outubro de 1960, p.7.


Fotos: acervo da família do pastor Álvaro Motta

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